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ELEIÇÕES NO PERU
Um segundo turno para escolher entre duas opções de direita
Juan Andrés Gallardo
Buenos Aires | @juanagallardo1

Com 67% dos votos apurados, o resultado do 1º. turno das eleições presidenciais deste domingo mostraram um cômodo primeiro lugar para Keiko Fujimori com 39,46% dos votos, enquanto que o ex-ministro Pedro Pablo Kucyznski ficou em segundo lugar com 23,73%, e a candidata de centro-esquerda Verónika Mendoza obteve 17,12% ficando fora da disputa.

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Com estes resultados, o Peru marcha até um segundo turno no próximo 5 de junho com duas opções de direita: a neoliberal e conservadora Keiko Fujimori enfrentará o candidato dos bancos, das petroleiras e da grande mídia, Pedro Pablo Kucyznski.

Keiko Fujimori (do partido Força Popular – FP), é a filha do ex-presidente Alberto Fujimori que cumpre pena de 25 anos por crimes de ‘lesa humanidade’ e corrupção praticados durante seu governo na década de 90, em um dos períodos mais obscuros da historia recente do país. Apesar que em seu discurso público Keiko Fujimori trata de se separar do ‘legado’ de seu pai e disse que representa um mudança, o certo é que em matéria política e econômica defende os mesmos interesses neoliberais e inclusive alguns dos personagens que foram parte do governo de seu pai ocupariam postos de importância em um hipotético futuro governo de Keiko.

Apoiada em um discurso populista de direita e em redes clientelistas, que foi fortalecendo desde seu movimento político, tratará de tecer alianças para triunfar no segundo turno. Um cenário difícil já que sua política é aprofundar uma linha neoliberal, que o atual governo de Humala nunca desmontou, Keiko Fujimori não é a candidata preferida do ‘establishment’ do país que a vê com receio, tanto pela polarização que sua figura gera na sociedade, como pela possibilidade de que tente saídas bonapartistas como as que levou adiante seu pai com o ‘autogolpe’ que dissolveu o Congresso em 1992.

E ainda que os programas econômicos de Fujimori e Kucyznski não apresentem diferenças substanciais, grande parte do establishment peruano preferiria ver na presidência a este ultimo. No que foi uma corrida eleitoral manchada, um dos favorecidos pela intromissão direta do Juizado Nacional de Eleições, que eliminou listas e manipulou suas decisões a favor das forças do regime, foi o ex-ministro da economia Pedro Kucyznski.

Kucyznski, como dissemos acima, é o candidato favorito dos banqueiros, das petroleiras e dos grandes meios de comunicação. Este ex-funcionário do Banco Mundial prometeu trazer investimentos ao Peru e é visto pelas classes dominantes como a opção mais estável, frente a rispidez que gera a figura de Keiko Fujimori, para navegar pelas aguas de uma entrega maior dos recursos naturais e avançar em um aprofundamento neoliberal do pais, no marco do ‘vento a favor’ que se faz sentir em toda a economia regional, com maior ou menor intensidade. Peru é o terceiro maior produtor mundial de cobre e atravessa uma desaceleração pela queda dos preços dos metais.

Muito além das ‘preferências’ do establishment o certo é que uma definição entre Fujimori e Kuczynski não colocaria em jogo o modelo econômico neoliberal que reina no Peru já há quase três décadas. Ambos estão dispostos a avançar nessa linha e inclusive aprofundar seus compromissos com os Estados Unidos dentro da Aliança do Pacífico. A prova disso é a euforia dos mercados, que receberam o resultado das eleições com uma forte alta da bolsa de valores de Lima.

Agora os dois candidatos saíram em busca de alianças com as outras forças que se apresentaram no primeiro turno, onde, segundo as pesquisas há 51% de eleitores que dizem não votar em Fujimori. Veremos onde vão os votos da candidata da centro-esquerda Verónika Mendoza.

Segundo os resultados da consultoria Ipsos, Fujimori haveria obtido 68 dos 130 legisladores que conformam o Congresso unicameral, o que lhe daria uma vantagem para encontrar uma eventual oposição política no parlamento. Os partidos de Kuczynski e Mendoza teriam 20 parlamentares cada um, segundo o resultado de Ipsos.

Assim, Peru se encaminha até um segundo turno no próximo dia 5 de junho, na que deverá eleger entre duas opções de direita, com os olhos apontados para um aprofundamento da entrega dos recursos do país.
As promessas de Fujimori e Kuczynski para ‘reativar’ a economia por meio do endividamento, privatizações e um maior estreitamento com os EUA, está em sintonia com o giro a direita regional, e que tem o governo de Macri na Argentina como seu principal expoente.

Tradução: Raphael Mouro

 
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