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ESPANHA
Nova manobra em meio à deriva do Podemos
Guillermo Ferrari
Barcelona

O secretário-geral do Podemos anunciou que renuncia à vice-presidência (!) se Sanchéz abandonar o acordo com o Ciudadanos (que ratificou ontem). Foram tantas manobras que já não funcionam mais.

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Já faz tempo que no discurso de Iglesias e dos seus não se fala do PSOE como casta. Já não se trata de superar os partidos que conduziram o capitalismo espanhol à pior crise em décadas. As negociações de eleições são para expulsar Rajoy. Que Sanchéz o diga já é mais que sabido. Seu partido tem alternado o poder com o PP sem problemas. No final das contas estão dedicados ao mesmo propósito. Que Pablo Iglesias o diga é uma mostra de outra guinada.

Foram tantas manobras do Podemos nos últimos meses que parecem já não funcionar. Passou de sua intenção de “interpretar” o 15M em chave reformista à buscar um lugar sob o guarda-chuva do regime de 1978 que somente cobre os cargos políticos e os empresários, deixando à margem a imensa maioria da população.

Errejón falava de maneira ambígua sobre um hipotético acordo entre Ciudadanos, PSOE e Podemos. Hoje Iglesias renuncia à uma vice-presidência, que ainda não teve, e à participação em um governo, que ainda não existe, sempre que Sanchéz rompa com o Ciudadanos. É claro que tudo é possível. Porém, Sanchéz renovou nesta mesma semana o acordo com Rivera. O que descartaria um acordo assim.

É surpreendente que o Podemos tenha rebaixado tão rapidamente sua proposta inicial, faltando ainda mais de um mês para acabarem as negociações. Seguramente, o destino não sorriu para o Secretário-Geral. Buscar um acordo com o PSOE já era um rebaixamento importante. Rebaixamento para o qual foi se preparando, limando as arestas do programa, removendo a cal viva. Contudo, buscar um acordo que implique ao menos a abstenção do Ciudadanos, implica ultrapassar qualquer limite e incinerar a si mesmo.

Não é possível saber com certeza se isto é um início de negociação que facilite a formação de um novo governo, ou se somente são fogos de artifício que preparam novas eleições gerais. Ou ambas as coisas ao mesmo tempo. O que fica claro é que neste resto de mês de negociações nos depararemos com muitas novidades.

Se bem que não é novidade, o PSOE se agarrará em seu par de dança, que não é mais que a marca branca do PP. O que nos mostra que o PSOE não é operário, nem socialista. Isto já era assim faz muito tempo. Mas é que está perdendo toda a fraseologia de esquerda. Agora tão somente tem um sorriso desprezível, cada vez mais distante da classe operária e mais assentada nos escritórios empresariais.

No caso do Podemos, há uma evolução similar à do PSOE ainda que a uma velocidade perto da velocidade da luz. Se bem que o Podemos nunca foi um partido da classe trabalhadora, atraiu amplos setores da juventude que buscavam superar a situação de seus pais. Porém, o rebaixamento programático que tem feito desde as eleições europeias e as negociações com o partido da “casta”, o PSOE, tem demonstrado que rapidamente busca um lugarzinho sob o guarda-chuva do regime de 78. Já estamos vendo os limites de suas coalizões no poder em algumas cidade importantes como Madri, Barcelona ou Zaragoza.

Não basta a mudança, não basta expulsar Rajoy, o PP ou as suas políticas, não basta um governo de progresso, nem nenhuma das “pomposas” palavras que utilizam estes dirigentes “progressistas”.

Para resolver as graves carências sociais de que padecem os trabalhadores e o povo pobre é necessária uma ferramenta política e militante dos trabalhadores. É preciso tirar a política dos escritórios, levar a política aos lugares de trabalho, de estudo, aos bairros populares. É preciso revolucionar a classe trabalhadora e suas organizações para construir uma nova ferramenta política e de base da classe. A iniciativa NHTQP (No Hay Tiempo Que Perder), que terá seu primeiro encontro estatal em Madri no dia 2 de abril, aponta nesse sentido.

Somente com uma Assembleia Constituinte verdadeiramente livre e soberana, que possa discutir e decidir sobre tudo, poderá quebrar os cadeados impostos na transição à saída do franquismo. Mas esta não pode ser convocada pelas instituições do mesmo regime de 78, exceto como uma manobra de reforma cosmética. Somente a mobilização nas ruas pode impor esta perspectiva.

 
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