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CRISE POLÍTICA
A luta contra a direita também precisa ser contra os ajustes e independente do governo
Marcelo Tupinambá
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As manifestações deste dia 18 foram uma importante demonstração de força do governo e do PT. Independente de que não superaram as do dia 13, numericamente foram muito expressivas, obrigando a própria Globo e a imprensa absurdamente tendenciosa a comparar com os atos de domingo. As manifestações se deram em todos os estados e em diversas capitais foram comparáveis às de domingo, o que a imprensa oculta.

As direções governistas da Frente Brasil Popular, organizadora dos atos de hoje, mostraram capacidade de mobilização a partir das entidades convocantes dos atos. Em São Paulo, Lula e Haddad estiveram presentes e discursaram, assim como Patrus Ananias em MG e outras diversas outras referências petistas e governistas de peso.

Lula fez um discurso chamando a conciliação, ao contrário de inflamar os ânimos, assim como todas as referências petistas. O presidente da CUT fez um discurso de que a direita quer entrar no governo para atacar os direitos dos trabalhadores, mas ocultou todos os ataques que o próprio PT está fazendo e que a CUT está bloqueando as lutas para barrar.

Os atos expressaram muito mais que a militância governista

Os atos tiveram uma parcela importante de trabalhadores, jovens e setores populares que, apesar de não serem meros defensores de Lula e Dilma, saíram às ruas para protestar contra o impeachment e a ofensiva da direita.

Essa parcela das manifestações expressou ativamente nas ruas o setor cada vez mais amplo da população que está percebendo que o impeachment, e toda a ofensiva de Sérgio Moro e seu partido judiciário-midiático contra o governo é para capitalizar pela direita a insatisfação com o governo e o PT e que por isso devem ser combatidos.

Esses dois setores nas manifestações se expressou na diferença da massividade unânime dos cantos “Não vai ter golpe”, contra o impeachment e a Rede Globo, enquanto os cantos que restringiam a exaltar Lula e Dilma como “guerreiros do povo brasileiro” não tinham a mesma adesão.

Um impasse de forças que coloca limites para a ofensiva da direita

Os atos e estes setores cada vez mais amplos da sociedade que estão se colocando criticamente à direita expressam a divisão na sociedade em relação ao impeachment, e contra Dilma e Lula. Estamos frente a elementos de polarização social, em uma sociedade extremamente politizada e com setores que resolvem sair da passividade. Essa demonstração de força do governo vai fazer a direita e o partido judiciário-midiático medir suas ações porque hoje ficou
claro que vai haver resistência.

Isso não quer dizer que necessariamente a superestrutura política e judiciária vai parar sua ofensiva, como se expressou em que imediatamente depois do ato, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a nomeação de Lula como ministro, decisão que só pode ser revertida agora pelo plenário do Supremo.

As direções dos atos deste dia 18 não vão corresponder às expectativas dos que o compuseram

Apesar das intenções de um amplo setor que compôs os atos deste dia 18, estes não foram meros atos “contra o golpe” e a direita e muito menos contra os ajustes. Foram atos de apoio a Lula, Dilma e ao governo, que já vem descarregando a crise nas costas dos trabalhadores. Lula faz demagogia gerando expectativa de mudança na política econômica, mas vai somente aplicar outro tipo de ajuste, no máximo vai fazer uma ou outra tímida concessão de crédito e outras medidas, mas que não deixarão de ser outra resposta burguesa para a crise.

Por que nós do MRT não fomos aos atos e nosso chamado

Apesar de que valorizamos o sentimento dos trabalhadores e jovens que querem combater a direita e o impeachment, não compusemos o ato porque já sabíamos que seu caráter ia ser imposto por essas direções que não querem apresentar nenhuma saída para que a crise seja paga pelos capitalistas e por uma verdadeira superação da crise pela esquerda. Não vamos alimentar ilusões de que essas direções podem corresponder a essa expectativa.

Para nós, não será possível um verdadeiro combate à direita e ao impeachment sem a esquerda se unificar para construir uma força capaz de obrigar que as direções governistas dos sindicatos e entidades estudantis e populares rompam com o governo e convoquem um movimento nacional contra os ajustes, as demissões e a impunidade. Sem levantar essas demandas, que não podem ser arrancadas através de atos como o de hoje, mas em base à luta de classes, a patronal, a direita, Moro e seu partido judiciário-midiático vão seguir sua ofensiva. Somente um movimento desse tipo pode se massificar entre os trabalhadores que estão sentindo a crise e com uma profunda insatisfação com o governo do PT.

Para nós, um movimento como esse deveria impor uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, onde os anseios de democracia dos setores que estão se mobilizando contra a direita e o impeachment poderiam ser correspondidos. Onde poderia se debater os grandes problemas do país, dar uma verdadeira saída para o problema da impunidade dos poderosos, barrar os ajustes, garantir o não pagamento da dívida pública, que todo político e juiz ganhe igual a um professor e sejam revogáveis se não cumprem o mandato popular, entre outras medidas. Isso abriria espaço para uma luta por um governo dos trabalhadores.

 
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