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LAVA-JATO
Por que a bolsa sobe e o dólar cai com a operação da Lava-Jato sobre Lula?
Flávia Silva
Campinas @FFerreiraFlavia

É preciso entender de fato, os interesses por trás desta “euforia” especulativa dos mercados de ações, o que se esconde é um mecanismo de pressão imperialista sobre o governo Dilma, de grandes bancos e empresários estrangeiros, para maiores ajustes contra os trabalhadores para salvarem seus lucros

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A Bolsa de valores de São Paulo, a Bovespa, subiu 4% (ou seja, teve crescimento nos valores e no volume de ações negociadas), as ações da Petrobrás no Brasil e nos EUA também valorizaram, assim como ações de grandes bancos, como o Bradesco. Uma boa parte dessa alta na Bolsa brasileira foi provocada por uma maior compra, por estrangeiros, de ações no país, segundo os dados oficiais.

Pela manhã, a Polícia Federal deflagrou a pedido de Sergio Moro, a 24ª etapa da Operação Lava Jato, que determinou a condução coercitiva de Lula para depoimento, colocando-o no centro das investigações. Para o mercado financeiro, a investigação de Lula é um fator de enfraquecimento para o governo Dilma, elevando as chances de ativação pela burguesia de um mecanismo reacionário como o impeachment. Ontem, trechos de delação do senador Delcídio Amaral já haviam causado certa “euforia” no mercado, como afirma a agência Estado. É preciso entender de fato, os interesses por trás desta “euforia” especulativa dos mercados de ações, o que se esconde é um mecanismo de pressão imperialista sobre o governo Dilma, de grandes bancos e empresários estrangeiros, para maiores ajustes contra os trabalhadores para salvarem seus lucros.

Especulação financeira a serviço de ajustes mais duros e dos lucros

Não é a primeira vez que as bolsas de valores oscilam tanto ao sabor dos ventos da Lava-Jato e dos rumos da crise política que se arrasta no país, vimos este filme com a saída de Levy do Ministério da Fazenda e com a abertura do processo de impeachment de Dilma por Cunha. Toda esta oscilação que leva a alterações bruscas na cotação do dólar, no caso desta sexta, com a valorização da moeda, na medida em que entraram mais dólares no país, injetados por investidores estrangeiros em sua maioria que compraram ações de empresas na Bolsa brasileira, dentre elas da Petrobras e Bancos.

A economia brasileira na Era Lula-Dilma aprofundou sua dependência com o capital estrangeiro, com as finanças internacionais, o capital especulativo atraído por vantajosas altas taxas de juros. Esse dinheiro irrigou o mercado de consumo nacional com crédito barato e também favoreceu a continuidade do processo de reprimarização da economia iniciada com os ajustes neoliberais nos anos 1990. Ou seja, a economia passa a ficar mais dependente da variação dos preços e da demanda mundial por matérias-primas como soja, milho, minério de ferro, petróleo. A indústria passa a perder importância relativa na composição do conjunto das riquezas produzidas, no PIB.

A quantidade de capital estrangeiro que buscou se valorizar no país nestes últimos 15 anos é muito grande pode estar com seus ganhos ameaçados com instabilidade política e econômica pela qual passa o país, e mais ainda, com a perspectiva cada vez mais prolongada de uma recessão mundial (baixo crescimento das economias europeias, dos EUA) agravada pela queda no ritmo de crescimento da economia chinesa, faz com que os capitais imperialistas aumentem a sua pressão em direção aos elos débeis da economia mundial como o Brasil.

Esta pressão se instala na forma da busca cada vez maior da “garantia” de que o país será capaz de cumprir com a metas de superávit primário (meta fiscal), de remuneração dos capitais estrangeiros investidos aqui, ou seja, com os lucros e os ganhos destes. Para o imperialismo, as políticas de Dilma até o momento, não estaria sendo suficientes para esta “garantia” de “meta fiscal”, seria ir por mais, com um governo mais fortemente ainda contra os trabalhadores (seja com ou sem Dilma) aproveitando a conjuntura política na América Latina de giro à direita.

O sistema do superávit está presente no mecanismo de “meta fiscal”, ou seja, se o país economizar (por meio de cortes cada vez mais profundos nos gastos sociais e nos investimentos públicos) mais e mais para pagar os juros (exorbitantes) da dívida pública para os bancos internacionais, nossa economia estaria livre da crise e da recessão porque assim, os investidores internacionais injetariam mais dólares em nossa economia. Esta seria a fórmula do sucesso recomendada pela imprensa burguesa para o país sair da crise, porém, na verdade, é apenas mais um mecanismo por meio do qual o imperialismo suga, parasita a economia do país. A consequência da aplicação desta fórmula é mais ajustes, cortes, tarifaços, desvalorização dos salários, precarização do trabalho e ataques aos direitos dos trabalhadores.
Por outro lado, Dilma está indo bem em garantir o pacto do lucro máximo com os bancos, pois“nunca antes neste país”, estes lucraram tanto, como o Banco Itaú-Unibanco que apresentou lucro recorde de ganhos em 2015, e o Bradesco (este banco é um grandes detentores dos títulos da dívida pública brasileira e financiadores de campanhas eleitorais do PT).

Queda no PIB: outras razões para a recessão

Nesta semana, também foi divulgado pelo IBGE os números negativos do PIB de 2015, que apresentou uma queda de 3,8%, a maior queda desde o início do Plano Real, em 25 anos. A retração foi puxada pela queda no investimento produtivo em 14% (proveniente produção de máquinas e da construção civil), a queda no consumo, nas importações e na arrecadação de impostos, além da desvalorização de preços de matérias-primas como petróleo e minérios.
Por setores, se destacaram negativamente, o setor automobilístico ( que continua em queda livre, com redução em mais de 30% na produção e no consumo de veículos no primeiro bimestre, pior resultado desde 2003), construção civil e serviços ligados à indústria e comunicações. O único dado positivo foi do setor agropecuário com destaque para a produção de soja e milho para exportação.
Os números negativos na economia não se restringem à indústria de transformação (produção de bens de consumo e máquinas, como celulares, eletrodomésticos e veículos), à construção civil e aos serviços; e aparecem fortes com o aumento do desemprego, da queda da renda das famílias, o aumento do endividamento e da inflação.

O discurso falacioso da CNI e Cia

Porém, é preciso desmistificar o discurso interessado e falacioso de setores reacionários pró-impeachment, empresários, banqueiros e investidores capitalistas internacionais, de que a crise é econômica no país é uma questão apenas de “governo”, sendo meramente um problema de “confiança” e falta de “credibilidade política” do governo Dilma. Pois, oculta para a população a realidade de uma longa e profunda crise internacional que vivemos desde 2008 e cuja dinâmica depende do crescimento e do consumo e produção em países como a China, EUA e, e semi-colônias como o próprio Brasil. A crise econômica que vivemos hoje no país que se reflete em recessão e desemprego, não será resolvida com mais ajustes e ataques aos direitos e aos salários dos trabalhadores e do povo pobre, como quer afirmar os mercados financeiros, a grande imprensa burguesa nacional e internacional e empresários como Paulo Skaf da FIESP.

“A verdade”, disse Skaf, “é que a economia brasileira está indo mal, e a principal razão é a total falta de confiança que hoje a sociedade, os investidores brasileiros, estrangeiros, têm no governo”, para ele, uma carta de renúncia de Dilma “agilizaria o processo de retomada de crescimento e a volta da confiança nos investimentos no país”.

O pacto pelo ajuste

Apesar das fissuras no governo Dilma terem se aprofundado nesta última semana, e agora, ganham ainda mais força a partir da operação sobre Lula. E ainda, com a prisão de Lula, como afirma o editor do Esquerda Diário, Iuri Tonelo: “aumenta muito o tom dos setores da direita e mesmo a possibilidade do impeachment. Vão buscar acelerar os ataques, incluindo a setores estratégicos do país, como o pré-sal e o petróleo brasileiro”. Ou seja, para a burguesia e o imperialismo, o central é como passar ajustes em ritmos mais acelerados, aprofundando as privatizações, a entrega dos recursos naturais estratégicos do país, a terceirização e a precarização do trabalho, mantendo altas de juros e a desvalorização dos salários. Neste sentido, é os ritmos do ajuste são fundamentais, pois ao contrário do discurso falacioso petista, os ataques aos trabalhadores (e o pacto com setores conservadores como Eduardo Cunha e Bolsonaro) já vinham ocorrendo dentro dos próprios governos Lula e Dilma.

Por uma luta anti-imperialista

Diante desta situação é fundamental que a classe trabalhadora e a esquerda construam uma luta pelo não pagamento da dívida pública, contra as privatizações e o desmonte dos serviços públicos e por uma ruptura de fato com o imperialismo, a grande força por trás da Lava-Jato e que é favorecida com a corrupção estrutural que sustenta o regime de democracia degradada do país. Esta luta feita a partir das bases organizando de forma independente os trabalhadores e a juventude deve se conformar em rechaço ao reacionário mecanismo do impeachment, contra os ajustes de Dilma por meio de uma forte mobilização popular para também impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana; e que esta possa se enfrentar com este regime de 1988 que foi pactuado com os militares e torturadores da ditadura.

 
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