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Cancelamento e asfixia
Os ataques à Rita Von Hunty e a fragilidade do discurso petista
Guilherme Costa

Rita Von Hunty entrou para os trending topics do Twitter nessa segunda-feira após repercutir texto que escrevi para o Esquerda Diário contra Bolsonaro, mas crítico à chapa Lula-Alckmin, e declarar que não votará no ex-presidente no 1º turno.

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A militância petista saiu em polvorosa contra a drag, tachando-a de linha auxiliar do bolsonarismo, funcionária da Globo e outras barbaridades. O volume e a qualidade dos ataques revelam a fragilidade do discurso petista.

O texto compartilhado por Rita pode ser lido aqui.

Os ataques a Rita Von Hunty se baseiam na ideia rasa de que se você não está acriticamente com Lula, você está com Bolsonaro. Um pensamento binário, simplório demais para refletir a dinâmica, complexa e brutal realidade brasileira. Há anos, na verdade, o petismo se baseia nessa lógica dicotômica onde o famigerado “essa não é a hora de criticar, companheiro” se transforma em cláusula pétrea do manual de discussões política. Nunca é a hora de criticar, não é mesmo? Quem não reza a novena, não alcança o céu e ai de quem criticar D. Sebastião!

Com isso o petismo vai gerando um ambiente avesso ao debate, ao pensamento crítico e à reflexão, bem afeito à asfixia stalinista – o intuito é tentar bloquear o surgimento de uma alternativa à esquerda do PT. E mais do que isso, impede um verdadeiro combate à extrema-direita que só pode se dar com a organização efetiva da classe trabalhadora e todos setores oprimidos

Os ataques variam. Rita foi acusada de ser agente da Globo por um intelectual conhecido do PCdoB, de “infantilidade revolucionária”, de “estúpida” e “quinta coluna” e coisas do tipo.

Blogs petistas como o Brasil 247, Revista Forum e Diário do Centro do Mundo ajudaram a engrossar o viscoso e reacionário caldo da patrulha. Chama atenção a desproporção no ataque à Rita em comparação com o tratamento bizarramente afetuoso com um sujeito grotesco como o Geraldo Alckmin. Com Rita, são tigrões. Já Alckmin virou “companheiro de luta”.

É um velho, e tosco, truque de mágica: enquanto com uma mão você diz que criticar o PT é “fazer o jogo da direita”, com a outra você literalmente se alia à direita, faz o jogo dela e implementa o seu programa. Fosse o mundo um jogo de pebolim, faria sentido. Mas há mais cousas no céu e na terra do que sonha a vossa vã, e binária, filosofia. E para construirmos uma esquerda que trilhe um caminho alternativo ao da conciliação de classes, a crítica é pedra basilar. Assim como a independência de classe. O problema maior de tudo isso, que a ronda petista tenta esconder, é que Bolsonaro e a direita golpista cresceram, entre outras coisas, em função da conciliação de classes que o PT promove há décadas.

Alckmin não é novidade nessa história, apesar de ser um passo além do que o PT vinha fazendo. Já na década de 1990, antes mesmo de FHC chegar ao poder e arregaçar com o movimento operário para tentar privatizar o que via pela frente, o PT fazia as privatizações neoliberais, cantadas pelo FMI, como as do então prefeito Antonio Palocci, em Ribeirão Preto. A cúpula dos evangélicos foram aliados de primeira ordem de Lula e PT durante anos, sem contar os acordos com o Vaticano para selar a promessa de que pautas como direito ao aborto fossem negadas durante os governos petistas. A lista de alianças com a direita é grande: autonomia do Ministério Público (abrindo espaço para os Dallagnols da vida), financiamento bilionário da Rede Globo, concessões de rádio e TV para os neopentecostais, abertura de Angola para Edir Macedo, ocupações do Haiti e Congo, Lei Antiterrorismo, Belo Monte, Marco Feliciano, Malafaia, Maluf e Renan Calheiros como aliados, preservação da impunidade aos torturadores, Temer de vice, os bancos lucrando mais do que nunca antes na história desse país, governar com o PL de Bolsonaro, terceirização rolando solta, festa para o agronegócio… a lista de barbaridades é grande.

A bem da verdade, as alianças com a direita pavimentaram o caminho do golpe, ampliaram a zona de influência e de poder de diversos setores da direita, do neoliberalismo e do próprio bolsonarismo – a conciliação de classes é motor da ascensão bolsonarista e Lula e o PT têm enorme responsabilidade nisso. Mas ai de quem criticar! Agora querem repetir a roda, com um símbolo do capital financeiro para o palácio do Jaburu e remodelar a Carta aos Brasileiros em outro patamar.

A fragilidade do discurso petista é escancarada pela forma com que atacam Rita, e quem mais se negar a ajoelhar-se ao prato de lula com chuchu. Nós do MRT, inclusive, nem concordamos com tudo o que Rita defendeu em seus posts, mas o debate é salutar. Para ver nossas posicões sobre o PCB e da UP, que Rita sugeriu acompanhamento, apresentamos uma série de diferenças que podem ser lidas aqui e também aqui.

A nossa posição é por um Polo de independência de classe, que aglutine os revolucionários e socialistas e construir caminho de, na luta de classes, derrotar a extrema-direita, o bolsonarismo e se enfrentar com todo o regime do golpe para fazer com que os capitalistas paguem pela crise. É com esse intuito que construímos o Polo Socialista e Revolucionário e batalhamos por um programa operário diante da crise. Apresentamos a candidatura de Marcello Pablito a ser vice na chapa de Vera Lucia, como se pode ver com mais calma nessa entrevista.

 
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