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DESEMPREGO
O "moderno" trabalho uberizado causa desemprego de mulheres negras e mais velhos, aponta pesquisa
Redação

A economia de plataforma não está gerando empregos. Ao contrário, tem excluído aqueles que têm baixo acesso a aparelhos tecnológicos. Na realidade tem aumentado drasticamente aquelas pessoas que estão há mais de dois anos buscando emprego, ou até mesmo já desistiram da busca.

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“Quanto mais pobre mais difícil de conseguir emprego”, diz pesquisadora do Instituto Humanitas Unisinos - IHU em entrevista. A uberização do trabalho, modelo que adota a informalidade ao invés do vínculo empregatício tradicional utilizado pelas empresas de aplicativo, tem empurrado os setores da periferia social ainda mais para o desemprego e a margem do mercado de trabalho.

O fato ocorre devido às exigências e requisitos necessários para inclusão neste tipo de mercado de trabalho, pois o trabalhador precisa possuir as ferramentas de trabalhos, como o próprio celular, internet, veículos, etc, além de possuir educação informacional, ou seja, habilidades para interagir com aparelhos de informática.

Com a sistemática redução do emprego chamado “formal”, ou seja, com vínculo empregatício pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e carteira de trabalho assinada, as modalidades informais ganham espaço, mas geram também desemprego, não apenas pela exclusão dos setores já marginalizados pelo sistema de trabalho, mas também devido a alta rotatividade e a facilidade de desligamento, ou seja, demissão, dos associados que não possuem vínculos ou direitos.

Hoje o desemprego é mais elevado entre as mulheres e pessoas mais velhas, que sofrem os impactos das mudanças tecnológicas, pois as plataformas digitais e os aplicativos selecionam o perfil de trabalhadores fundamentalmente jovens e que cresceram interagindo com aparelhos celulares.

Segundo a pesquisa, dos 13 milhões de desempregados, o maior percentual da população que está há mais de dois anos em busca de trabalho é formado por mulheres negras, que representam 30%, e mulheres brancas, que representam 29%. Já o percentual para homens brancos é em torno de 21%. Além disso, a faixa etária que vai até 19 anos, tanto para mulheres quanto para homens, é elevada: em torno de quase 50%, 48% para as mulheres e 35% para os homens. Uma parte dessa população, certamente, está na faixa dos 80% mais pobres.

Entre as mulheres que estão há mais de dois anos sem conseguir emprego, ou já abandonaram a busca, os dados indicam que cerca de 30% delas justificam a dificuldade de devido à ausência de políticas de cuidado, ou seja, de ter alguém que possa fazer as tarefas de trabalho doméstico e cuidar de seus filhos, como por exemplo, creches públicas.

Os dados também mostram que houve uma queda mais acentuada em ocupações tradicionais, como é o caso do trabalho doméstico, por exemplo, em que se registrou uma queda de mais de um milhão entre 2019 e 2021. Em contrapartida, o que cresceu foi o trabalho por conta própria.

Com os dados da pesquisa concluímos que, longe de gerar emprego e oportunidades, discurso muito propagado por políticos e economistas, as novas relações de trabalho informal impostas pelos aplicativos têm gerado desemprego e destruição das condições de trabalho, especialmente das pessoas mais pobres, mais velhas e entre as mulheres negras.

As mulheres, em particular negras, são sempre mais afetadas pelas contradições e desgraças do capitalismo e, neste caso, não é diferente. Além da exclusão do mercado de trabalho imposta pelas empresas de aplicativos, também sofrem com a falta de creches e serviços públicos destinados às tarefas domésticas, agravados durante o governo Bolsonaro com os cortes de direitos e verbas públicas, como a lei do teto de gastos e a lei de responsabilidade fiscal.

A reforma trabalhista sancionada pelo governo Temer, e que Lula já se comprometeu a manter, legaliza essas atuais condições de trabalho que vem gerando esse cenário terrível para a classe trabalhadora. E sempre que se fala de “modernização” das leis trabalhistas e das relações de trabalho, na realidade trata-se do plano de perpetuar essas condições terríveis de exploração, desemprego e miséria. Por isso é tão fundamental a luta pela revogação da reforma trabalhista e por direitos plenos a todos os trabalhadores, reconhecendo o vínculo de trabalho nas empresas de aplicativo, como patamar mínimo para defesa dos nossos direitos.

 
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