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CORTES NO PIBID
Capes anuncia corte de 45.000 bolsas do PIBID e compromete a existência do programa
Grazi Rodrigues
Professora da rede municipal de São Paulo

O PIBID, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência, da CAPES, anunciou cortes mais profundos em 2016, cancelando as bolsas de 45.000 estudantes.

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O PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, da Capes, desde 2010 possibilita a inserção dos estudantes de cursos de licenciatura de instituições de ensino superior público e privado nas escolas de educação básica da rede pública de ensino, por meio do desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas nas suas respectivas áreas de formação. De acordo com dados da Capes, atualizados em 2014, participam do programa, 313 IES, das cinco regiões do país e 90.254 bolsistas.

Desde 2015 o programa vem sofrendo cortes e desde então atrasando frequentemente o pagamento das bolsas. Agora em 2016 o corte de verbas destinadas à educação está afetando de maneira drástica a vida dos estudantes que participam do PIBID, em ofício a Capes informou que os bolsistas que completam 24 meses serão desligados, a medida tem como consequência o corte de até 80% das bolsas em algumas Instituições de Ensino e nacionalmente acarretará no desligamento de 45.000 bolsistas.

De acordo com regulamento do PIBID as equipes têm que ter necessariamente cinco estudantes de licenciatura, um docente da universidade e um professor da escola onde os bolsistas atuam, com os desligamentos compulsórios e a restrição de que não podem haver novas contratações pela adequação orçamentária, inicialmente muitas áreas do conhecimento serão excluídas e numa esfera mais ampla, a medida pode excluir do programa IES inteiras, assim como muitas escolas da rede pública onde as atividades são realizadas. Essas medidas decretam, muito em breve, o fim do PIBID.

Muitos estudantes esperavam ingressar no programa em 2016. A estudante Maria Donaire, da Faculdade de Artes Visuais da PUC Campinas relata a frustração de não ter mais o PIBID como opção de complemento e enriquecimento da formação na licenciatura:

“Após receber a notícia que não poderia mais ingressar no PIBID, mesmo depois de ter passado no processo de seleção pela faculdade, como aluna do curso de Artes Visuais/licenciatura, senti uma perda muito grande para a minha primeira experiência como futura professora. No programa, eu teria a oportunidade de trabalhar com professores que já atuam na área, trocar vivências com outros bolsistas e por em prática o que aprendo na sala de aula. Seria muito valioso para aumentar meu interesse pela área, além de enriquecer minha formação como educadora e poder permanecer nela mesmo depois de formada.”

Para os bolsistas que já estavam no programa a decepção é ainda maior, pois o desligamento não era esperado. Além da frustração por não poder dar continuidade ao trabalho que vinham desenvolvendo, os estudantes ainda contavam com o auxílio para sua permanência na Universidade, muitos só ingressaram no ensino superior por meio de programas sociais.

Ana Paula Ricci, da Faculdade de letras da PUC Campinas, sofrerá o desligamento por complementar 24 meses e relata o impacto dessa medida não só sua formação, como também nas dificuldades que enfrentará por não poder contar mais com o auxílio da bolsa:

“O corte anunciado pela Capes nessa semana me deixou bem triste, tinha planejado ficar no PIBID mais esse ano porque apesar da grande carga que tenho no projeto, era uma alegria participar das atividades, conhecer o universo das crianças e também as dificuldades que o ensino público enfrenta e que vou ter que enfrentar quando der aula. Além de toda a questão de ganho de experiência também havia a ajuda financeira, que no meu caso, por ser também bolsista do Prouni, fazia uma grande diferença o recebimento desse dinheiro todo mês."

A atual situação do PIBID é consequência direta dos cortes de mais de 13 bilhões reais da educação e responsabilidade do Governo Federal, que contraditoriamente iniciou seu mandato com a propaganda de Pátria Educadora e agora faz com que a juventude trabalhadora pague as contas da crise.

Wilson Wenceslau, também estudante de artes visuais da PUC Campinas disse ao Esquerda Diário:

“Escolhi me inscrever à vaga do PIBID por necessitar de auxílio para ingressar como um educador qualificado. Atualmente trabalho como educador artístico, voluntariamente, numa instituição do terceiro setor, e, apesar de já ter feito muita pesquisa na área, acredito que preciso de auxílio no planejamento de aula, no modo como lido com questões peculiares, etc. Mais do que repassar o conhecimento, o professor precisa ser dinâmico diante de uma turma de alunos e isso aprendemos apenas com prática e instrução.

A oportunidade de poder entrar em contato com salas de aula e propor atividades que venham a mudar o cotidiano maçante de uma instituição pública é rara e infelizmente estão sendo podados todos os meios para que isso aconteça. Em uma escola particular por exemplo, o professor dificilmente tem a flexibilidade de agir e pensar diferente do programa proposto.

Cancelar o programa do PIBID é um retrocesso à educação de qualidade, é se distanciar cada vez mais de uma educação libertária. Sinto que o Governo cada vez menos se importa com o sucateamento da educação. ”

Após audiência pública, abriu-se a possibilidade de manutenção do programa?

Por meio da página Fica PIBID estudantes de todo Brasil vêm expressando a importância do programa e se organizando para dar visibilidade a luta contra os cortes.

Após a pressão dos bolsistas, coordenadores e demais profissionais da educação que atuam no programa, foi convocada uma assembleia no senado onde foi discutida a continuidade do PIBID. Tem sido divulgado nos últimos dias que foi conquistada a manutenção do programa à partir de declaração do representante do ministério da educação Jesualdo Faria, em que assume a importância do PIBID para a formação de professores e que o mesmo não será extinto, apenas reestruturado. Porém, fica clara a manobra, pois se as novas normas continuarem em vigência, o programa se manterá até no máximo dois anos.

A educação e a formação de professores não têm sido tratadas como prioridades pelo Governo, sendo o PIBID o único programa que realmente forma educadores e com foco na educação pública de qualidade, é mais que fundamental que ele são seja somente mantido, mas também que todos os desligamentos sejam revertidos e novos estudantes possam fazer parte do programa.

 
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