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Anasse 2022: apesar dos obstáculos, uma campanha que coloca as bases para uma renovação da extrema-esquerda na França
Equipe de campanha Anasse Kazib 2022

Os esforços militantes feitos durante longos meses não permitiram que Anasse Kazib passasse a barreira antidemocrática de 500 assinaturas de prefeitos e parlamentares, de modo que ele não é oficialmente um candidato presidencial. A campanha, que teve que enfrentar todos os obstáculos possíveis para existir, conseguiu no entanto impor uma terceira voz dentro da extrema esquerda, assim como dialogar com grandes camadas de trabalhadores, jovens e classes populares. Aqui buscamos trazer um olhar retrospectivo para esta experiência cheia de lições e promessas para o futuro.

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Imagem: Karim Aït Adjedjou

Origens da campanha de Anasse Kazib 2022

A ideia da candidatura de Anasse Kazib às eleições presidenciais nasceu como uma proposta aos debates dentro do NPA (Novo Partido Anticapitalista), organização dentro da qual o Révolution Permanente, organização irmã do MRT no Brasil, era uma corrente pública. Depois de duas campanhas de Philippe Poutou em 2012 e 2017, parecia evidente que era necessário "passar o bastão". Por um lado, o partido passou a considerar como um princípio "não ter mais de duas candidaturas" desde que Olivier Besancenot e o próprio Philippe Poutou haviam anunciado publicamente que não voltariam a ser candidatos. Por outro lado, a onda de luta de classes, aberta em 2016, havia visto o surgimento de uma nova geração de militantes, tanto dentro do movimento operário quanto em revoltas populares como os Coletes Amarelos, assim como nos movimentos anti-racistas, feministas, LGBTQIA+ ou ambientalistas.

Anasse tinha a vantagem de encarnar perfeitamente este fenômeno. Um trabalhador ferroviário de 34 anos de uma família de imigrantes marroquinos, ele havia se politizado no movimento contra a Reforma Trabalhista de 2016 e se juntou ao Révolution Permanente e ao NPA em 2017. Durante o governo Macron, esteve envolvido em todas as lutas: da grande greve dos trabalhadores ferroviários contra a reforma ferroviária de 2018, onde ele foi a liderança clara dos "Inter-estações", um agrupamento de ferroviários que tentava ultrapassar o quadro de greve intermitente imposta pelas lideranças sindicais; ao movimento contra a Reforma da Previdência, com a coordenação da RATP-SNCF; através da greve vitoriosa das e dos trabalhadores da limpeza da empresa Onet; o movimento dos Coletes Amarelos através do Pôle Saint-Lazare; sua estreita ligação com o movimento anti-racista e contra a violência policial, etc. Ele também havia deixado sua marca na TV, como comentarista no programa Les Grandes Gueules por dois anos, enfrentando ao vivo políticos burgueses em inúmeras ocasiões no contexto das diversas contrarreformas de Macron.

Enquanto na onda de greves iniciada em 2009 vimos o surgimento de figuras de nossa classe como Xavier Mathieu ou Mickaël Wamen, é evidente que Anasse se encontra, ao lado de Assa Traoré e algumas figuras de Coletes Amarelos, entre as novas figuras emergentes da onda de lutas que começou em 2016. Neste sentido, a proposta de sua candidatura no NPA pelo Révolution Permanente também marcou uma opção de orientação: a de uma ruptura com a orientação de adaptação ao programa nacionalista de esquerda da La France Insoumisse, que havia sido expressa em particular nas eleições regionais, em favor de uma aposta numa candidatura abertamente revolucionária, expressando os ganhos da seqüência particularmente rica de luta de classes que acabava de ocorrer na França.

A escolha da direção do NPA foi, infelizmente, o oposto disto. Em um partido onde todos os debates são públicos, eles trataram a proposta de Anasse para uma candidatura como um "ataque ao partido", o que seria usado como um pretexto para expulsar do partido os 300 militantes e simpatizantes do Révolution Permanente dois meses depois. Eles então fizeram a escolha conservadora de uma terceira candidatura de Poutou que ninguém queria, a começar pelo próprio, e que foi apoiada por apenas 52% dos delegados na Conferência Nacional, mesmo que, com a exclusão não nomeada do Révolution Permanente, não houvesse nenhum candidato alternativo.

Uma vez excluídos do NPA, decidimos oficializar a candidatura de Anasse Kazib, convencidos de que ela expressava algo profundo e carregava a semente de uma renovação necessária da extrema esquerda, que em geral tinha deixado passar a onda de lutas que se abrira em 2016. Estávamos conscientes de que o obstáculo das 500 assinaturas poderia ser um pouco alto para uma corrente que acabava de se tornar uma organização independente e que, além disso, estava apresentando um jovem trabalhador de origem imigrante a uma eleição presidencial monopolizada pela xenofobia e pelo racismo. No entanto, consideramos que o jogo valia a pena e que a batalha merecia ser levada à frente.

Uma campanha subversiva, em confronto aberto com a extrema-direita

A campanha começou oficialmente em meados de outubro, com um lançamento que reuniu cerca de 500 pessoas em um ambiente entusiasmado e na presença de muitos apoiadores de peso. No dia seguinte, a extrema-direita lançou uma campanha para denunciar a ausência de bandeiras tricolores no salão, e em seguida, alavancou no Twitter a hashtag #AnasseRemigration [Remigração de Anasse]. Em mais de sessenta anos de presença eleitoral da extrema esquerda na França, nunca houve bandeiras tricolores em comícios, e isso nunca causou nenhum escândalo. É preciso admitir que para um candidato de origem pós-colonial como Anasse, as coisas tinham "dois pesos, duas medidas".

Uma verdadeira onda de ódio foi desencadeada, acusando-o de "cuspir na bandeira francesa", de "odiar a França", e até mesmo ameaçando "enforcá-lo com a bandeira tricolor" ou fazer "sangrar" Anasse e sua família em "estilo Hallal". Esta ofensiva continuou no dia seguinte no Touche Pas à Mon Poste (seu único convite à TV até fevereiro) onde o programa se transformou em um julgamento contra o Anasse, descrito como o "anti-Zemmour", em torno desta mesma história da bandeira.

Alguns meses depois, por ocasião de uma conferência como parte do Ciclo de Debates na Sorbonne, onde diversos candidatos eram convidados, o grupo "Nativos", a nova frente parisiense da dissolvida organização de extrema-direita Génération Identitaire, colou cartazes no Quartier Latin denunciando o convite a Anasse Kazib, descrito como um "candidato 0% francês, 100% islâmico, 100% wokista*". Diante da ameaça de impedirem a realização da conferência, foram feitos apelos de solidariedade nas redes sociais, notadamente em torno da hashtag #AnasseSorbonne, e quase 500 pessoas se reuniram na Praça do Panthéon, em frente ao prédio da Sorbonne que deveria sediar a conferência, que finalmente foi realizada no exterior com o apoio de um comitê de segurança unitário, criado graças à solidariedade de vários coletivos antifascistas unificados em uma frente única.

Durante toda a campanha, a extrema-direita nunca deixou de pressionar Anasse Kazib, espalhando notícias falsas, insultos e ameaças contra ele. Essa ofensiva, raramente vista contra a extrema esquerda na França, expressava em si o caráter muito subversivo desta candidatura, portadora de um projeto que articula a centralidade da classe trabalhadora à aliança com as lutas de todos os oprimidos (anti-racistas, LGBT, feministas, ...) a serviço de uma perspectiva revolucionária. Um projeto que, longe de ser uma espécie de concessão do marxismo às tendências "wokistas" ou "decoloniais", como políticos e jornalistas reacionários queriam fazer crer, constituiu um retorno ao melhor da tradição revolucionária. Em um período marcado por uma radicalização da direita, esta campanha contracorrente foi bem recebida por mais de 250 intelectuais, artistas, políticos, sindicalistas e ativistas anti-racistas, insistindo na "derrota" que a ausência de Anasse Kazib na eleição constituiria.

Uma campanha dinâmica e militante que lança as bases para um "bloco de resistências"

Este interesse pela campanha foi marcante entre trabalhadores, jovens e habitantes dos bairros populares durante os 6 meses de duração. Os números das reuniões, embora estivéssemos a vários meses da eleição, testemunham isso: 500 pessoas em Paris, 350 em Toulouse, 400 em Sciences Po Bordeaux, 400 na Universidade de Paris 8, 250 em Marselha, para citar apenas os maiores eventos. Levados pela combatividade muito forte do discurso e de nosso candidato, estes números são reveladores de uma campanha muito militante, na qual mais de 500 pessoas participaram em toda a França, organizando reuniões e encontros públicos, distribuindo panfletos e colocando cartazes, e "pegando a estrada" para encontrar prefeitos e recolher suas assinaturas.

A campanha contou com o apoio de equipes inteiras de trabalhadores da indústria e de serviços e centenas de estudantes que se reuniram em cada um desses eventos. Em Paris, a reunião de lançamento da campanha foi aberta listando os setores presentes na sala, com aplausos estrondosos: "os trabalhadores Neuhauser que forçaram seu chefe a redistribuir alimentos durante a pandemia, os grevistas da Transdev, os agentes da Infrapôle que estão em greve há 7 meses, os trabalhadores da SKF em Avallon lutando contra as demissões, os funcionários da Onet, os militantes da CSP Montreuil que foram recentemente reprimidos. Ao lado deles, dezenas de trabalhadores da RATP, da SNCF, petroleiros, professores, estudantes das Universidades de Paris 1, Paris 5, Paris 8, Nanterre, assim como vários coletivos de famílias de vítimas de violência policial.

Todos estes elementos testemunham uma campanha que, longe de ser reduzida ao desejo de "dar testemunho", se mostrou capaz de dialogar e de mobilizar aqueles que lutaram ao longo dos últimos cinco anos. Uma dinâmica que Youcef Brakni, um militante dos bairros populares, descreveu com acuidade quando disse na reunião da universidade Paris 8: "com estas reuniões e esta campanha, estamos construindo um bloco de resistência para o futuro". Para nós, este "bloco" é uma conquista fundamental dos últimos meses e deve ser ampliado para se preparar para a contra-ofensiva contra os ataques do próximo governo e da extrema-direita.

Esta dinâmica também foi vista entre numerosas personalidades que apoiaram a campanha de muitas maneiras. De Adrien Cornet, da CGT Grandpuits, às figuras do Comitê Adama como Assa Traoré ou Almamy Kanouté, sem esquecer a ativista transfeminista Sasha Yaropolskaya e muitos trabalhadores e ativistas locais, alguns se comprometeram com a campanha subindo no palco de nossos lançamentos e se reunindo em um comitê de apoio. Outros apoiaram as ofensivas sofridas por Anasse Kazib, veiculando nossa campanha, denunciando os ataques, assinando tribunas ou escrevendo textos de solidariedade, como foi o caso de Frédéric Lordon, Adèle Haenel ou Sandra Lucbert.

Uma revelação do funcionamento antidemocrático do regime

Apesar desta dinâmica, a campanha enfrentou múltiplos obstáculos. O primeiro foi obviamente a barreira das 500 assinaturas de representantes eleitos, um sistema que mostrou sua completa falência este ano, e cujo caráter antidemocrático foi redobrado em nosso caso.

Apesar do enorme esforço e dos mais de 7000 prefeitos que encontramos, enfrentamos não só a pressão "do alto" e a chantagem por subsídios, mas também dificuldades adicionais. Prefeitos que bateram a porta na nossa cara assim que viram o rosto ou ouviram o nome de nosso candidato. Outros, que, bastante envergonhados, nos explicaram que dificilmente poderiam assumir diante de seus eleitores que estavam ajudando um candidato "como Anasse" quando em sua cidade a extrema-direita estava recebendo muitos votos a cada eleição. Essa pressão foi reforçada pela campanha de assédio liderada pela extrema direita, levando a situações inauditas, como o caso do prefeito que prometeu sua assinatura e nos informou que havia sido atacado por seu primeiro suplente por esse motivo e teve que apresentar uma queixa à polícia.

Os bancos também não nos facilitaram a vida. Durante toda a campanha, tivemos que lutar para obter a abertura de uma conta bancária de campanha que nos permitisse coletar doações por cartão de crédito. Todos os bancos que contatamos se recusaram a abrir uma conta para nós, e aqueles que aceitavam não estavam preparados para nos deixar utilizar este serviço, essencial para a captação de recursos. De modo mais geral, o dinheiro foi um verdadeiro obstáculo para a campanha, que foi muito cara, especialmente em termos de gasolina e aluguel de salas. Como todos os candidatos que não obtiveram os 500 patrocínios, não seremos reembolsados, o que é um custo significativo para uma organização nova como a nossa.

O boicote explícito à campanha de Anasse Kazib na mídia também foi um grande obstáculo para o avanço de nossa candidatura. Entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro, Anasse só pôde falar por 3 minutos na TV e no rádio, muito atrás de todos os outros candidatos. Desde o início do período em que o Conselho Constitucional converteu as promessas de assinaturas, vários canais de televisão foram além e simplesmente apagaram Anasse da classificação de assinaturas validadas, embora candidatos com menos assinaturas, como Helène Thouy ou Christiane Taubira, eram incluídos nas listas. Este boicote aberto deu origem à hashtag #OùEstAnasse [onde está anasse?], uma forma lúdica de denunciar a operação de invisibilização em curso pela grande mídia, que nem a denúncia para a Arcom-CSA nem para o Conselho de Estado foi capaz de parar.

Por fim, a campanha terminou com o que foi a última ferramenta à disposição do regime francês para pressionar nossa candidatura: a convocação de Anasse Kazib pela polícia, seguida de uma ação do Ministério Público, devido à "manifestação não declarada em via pública" em frente à Sorbonne. Contra todas as probabilidades, o Ministério Público finalmente optou por processar Anasse Kazib, que deverá comparecer no dia 18 de maio. Durante esse tempo, nem um único ativista de extrema-direita que havia ameaçado Anasse teve que se preocupar com qualquer tipo de ação policial ou jurídica.

161 assinaturas obtidas contra todas as probabilidades

A natureza subversiva de nossa candidatura, o apagão da mídia e todos esses elementos obviamente tiveram um impacto direto sobre a dinâmica de obtenção de assinaturas. Para uma primeira candidatura de alguém pouco conhecido pelos prefeitos, em nome de uma organização que também é nova, o obstáculo se tornou intransponível. No início de fevereiro, a metade das 250 promessas de assinaturas que havíamos coletado não pôde ser convertida. Enquanto alguns prefeitos argumentaram que nunca nos haviam visto na mídia ou nas urnas e, portanto, haviam decidido assinar por outro candidato, outros cederam à pressão das instituições ou de seus eleitores e outros escolheram conscientemente ajudar candidatos mais conhecidos, muitos dos quais dizendo temer não conseguir coletar as 500 assinaturas.

Com a dinâmica sendo retardada pela crise sanitária e uma base de promessas de patrocínios insuficiente, tornou-se cada vez mais difícil convencer novos prefeitos de que valia a pena assinar pra nossa campanha, que ainda podíamos conseguir. Na verdade, também não recebemos nenhuma ajuda de ninguém. Obviamente o "banco Bayrou" não nós ajudou, mas também não recebemos ajuda das organizações da "esquerda institucional", que permitiram, por exemplo, que o NPA conseguisse quase 250 novas assinaturas validadas na última semana, em nome do que eles chamam em seu comunicado de "solidariedade política".

Neste contexto, nossas 161 assinaturas são um pequeno feito do qual estamos muito orgulhosos. Sabíamos como seria difícil apresentar um candidato da classe trabalhadora, imigrante e revolucionário nas eleições presidenciais. Mas fizemos uma escolha consciente para dirigir esta campanha e denunciar esta situação para mostrar o caráter antidemocrático deste sistema. Toda esta jornada teve o mérito de demonstrar a realidade do "direito de qualquer um se candidatar às eleições". Através de seus partidos, sua mídia, seu sistema de justiça, é o regime que decide em última instância quem pode e quem não pode ser um candidato.

Um voto de independência de classe

Apesar de nossas inúmeras discordâncias, que foram ilustradas recentemente mais uma vez, por um lado com as declarações do candidato da Lutte Ouvrière sobre as mulheres que usam lenços, e por outro lado com as observações de Philippe Poutou a favor de sanções contra a Rússia, estes são dois candidatos de nossa classe, levando um projeto de transformação revolucionária da sociedade.

Nisso, eles diferem da candidatura de Jean-Luc Mélenchon que, longe de trabalhar para construir e aprofundar a dinâmica da luta de classes que Macron teve que enfrentar durante seu mandato de cinco anos (Coletes Amarelos, greve geral contra reforma da previdência, mobilização anti-racista), pretende canalizá-los para um terreno institucional. Se entendermos aqueles que, diante dos projetos neoliberais e xenófobos da direita e da extrema direita, votarão no candidato da La France Insoumise como um "mal menor", pensamos que é necessário, ao contrário, em um período de exacerbação da crise, preparar nosso campo social para lutar.

Do nosso ponto de vista, esta luta só pode ocorrer em total independência dos grandes empresários e patronais, com os quais Jean-Luc Mélenchon chama, ao contrário, para trabalhar conjuntamente. Não pode haver ilusão em tal política de conciliação. A aposta na transformação da sociedade por meios institucionais leva a um beco sem saída, como nos lembra o fracasso do Syriza e do Podemos na Grécia e na Espanha, respectivamente.

Uma nova organização revolucionária

Assim que nossa campanha chegou ao fim, a guerra retornou à Europa, e ficou claro que as contradições do sistema estão nos levando a uma brutalidade cada vez maior, autoritarismo e miséria para os trabalhadores e as classes populares. Os próximos cinco anos, muito provavelmente sob a presidência de Macron, serão muito difíceis. O presidente cessante já prometeu aumentar a idade da aposentadoria, condicionar ainda mais o benefício de auxílio financeiro, endurecer ainda mais a ofensiva contra a imigração e os bairros populares, e aprofundar a precarização da educação nacional. No contexto internacional do reforço das tendências para crises e guerras, enquanto as eleições presidenciais estão sendo realizadas num contexto de revoltas na Córsega e de fortes tensões sobre a questão dos salários e aumentos de preços, a luta de classes se avizinhará mais cedo ou mais tarde.

Neste contexto, a crítica ao voto útil é o oposto de um apelo à passividade. Porque, ao mesmo tempo em que exigimos um voto crítico para os candidatos do NPA e da Lutte Ouvrière, estamos convencidos da necessidade de uma refundação revolucionária da extrema esquerda após anos de rotinas, de falta de iniciativa na luta de classes, de adaptação à burocracia sindical, de conservadorismo diante da nova geração de trabalhadores e ativistas. Neste sentido, lançaremos o processo de fundação de uma nova organização revolucionária no próximo outono, logo após às eleições legislativas, na qual Anasse Kazib concorrerá em Saint-Denis.

Através deste processo queremos começar, com uma grande parte daqueles que compartilharam conosco esta campanha, a construção de uma ferramenta organizacional para levar, entre trabalhadores, jovens e moradores de bairros populares, o projeto da revolução social que ponha fim ao capitalismo, ao patriarcado, ao racismo e à destruição do planeta. Uma ferramenta capaz de intervir nas próximas explosões da luta de classes, que podem não demorar muito, especialmente se o cenário de mais cinco anos de um segundo governo Macron for confirmado. Muito além das eleições presidenciais, que são apenas uma plataforma para nós, é esta perspectiva de longo prazo que procuraremos discutir com todos os apoiadores da campanha nas próximas semanas.

*wokista: do verbo wake, em inglês, expressão surgida a partir dos levantamentos em particular anti-racistas nos EUA, que passou a designar os movimentos progressistas de juventude, como LGBTs, feministas e ambientalistas.

Tradução: Lina Hamdan

 
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