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Luta da educação
Sabe as moças da cantina? Estão parando as escolas de MG junto aos professores contra Zema
Maré
Professora designada na rede estadual de MG

“Greve dos professores” é pouco para descrever uma luta que tem as Auxiliares de Serviços Básicos (ASBs) paralisando algumas escolas por salário.

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Na manifestação, uma professora pega o microfone para parabenizar as ASBs de uma escola de Belo Horizonte, que, por sua própria adesão, impuseram a efetivação da greve na rede estadual. Depois, uma ASB de outra escola falou no microfone, denunciando o que o governo de Romeu Zema faz com essas trabalhadoras e contando que na sua escola elas também foram as responsáveis pela paralisação.

Às vezes não é lembrado, mas sem as moças da cantina uma escola não funciona. Não só na cantina ou só lavando os banheiros estão essas fibras do coração de uma escola: são diversos outros e outras trabalhadoras de nível médio que não recebem sequer um salário mínimo com os descontos. Para não ter ainda mais desconto, o Zema mandou ir trabalhar aos sábados porque considerou como falta os dias de onda roxa no estado, em que as escolas não abriram e eles não puderam ir trabalhar. Aliás, é pandemia, mas o medo de ficar doente é também, porque se precisar usar o plano de saúde, o desconto vai ser ainda maior.

Nem se o sábado fosse hora extra estaria dando pra fazer as compras do mês em paz. Agora a gasolina tá oito reais, daqui a pouco a comida vai ficar mais cara ainda. Já tá dez reais a cenoura do arroz temperado do recreio. Será que tem arroz temperado na janta dessas trabalhadoras? E na dos estudantes? Na dos professores? Carne já faz tempo que não dá pra pagar, agora até o carro do ovo passa direto na rua.

Mas tem de tudo na mesa do Zema e desses juízes que não foram eleitos por ninguém e vem querer dizer se os trabalhadores devem ou não fazer greve. Na geladeira dos donos e acionistas da Vale nunca faltou nada. Até os deputados lá na Assembleia Legislativa que estão pensando se aprovam ou não o Regime de Recuperação Fiscal estão muito bem, obrigada. É para privatizar a COPASA e a CEMIG, como foi com a Vale, que o Zema quer passar esse tal regime. É para acabar com concurso público e botar os trabalhadores para “negociar com o patrão”. É para congelar o salário por 9 anos, logo quando ainda vai chegar a fatura da guerra que acontece do outro lado do mundo e muda tudo pros trabalhadores daqui.

“Por que parou? Parou por que? Porque o salário não tá dando pra comer” cantavam trabalhadores e trabalhadoras da educação unificados, já que o salário das professoras e professores também não chega ao fim do mês. São 5 anos sem reajuste, é quase 80% de defasagem dos professores e professoras de Minas Gerais com relação ao piso salarial nacional. E o piso nacional nem chega perto do salário mínimo real, aquilo que qualquer trabalhador deveria receber para viver, que o instituto DIEESE calcula em quase R$6 mil.

E a moça da cantina ganhando R$900, que piada de mal gosto… A verdade é que o reajuste dos salários deveria ser para todos os trabalhadores da educação, na mesma porcentagem, proporcional ao salário de cada cargo hoje.

Existe uma falácia, de que os trabalhadores recebem o proporcional pela importância do papel que cumprem na sociedade. Mas não é justo que quem cozinha para um batalhão, alimentando estudantes que às vezes só têm aquilo para comer no dia, não consigam alimentar suas próprias famílias. Aqueles que limpam a escola, aqueles que prestam toda a assistência técnica, todos eles são essenciais. Ainda bem que os estudantes apoiam a luta delas, e na manifestação se via cartazes levantando as demandas dos estudantes também.

Outro dia comecei a ler um livro que dizia “a luta de classes se alia à luta das mulheres onde muitas levantam a cabeça, mesmo ante uma opressão milenar, para dizer que não aceitam mais essas condições, não aceitam mais serem escravizadas pelos capitalistas que se aproveitam da nossa opressão para melhor explorar.”, e hoje leio a mesma frase do rosto de cada lutadora, mulher, negra, e também de cada trabalhador insurreto nesta greve.

Não há dúvidas de que é preciso fortalecer essa greve para que a vitória seja possível. Mas os primeiros passos foram dados, e lembro o revolucionário que dizia que “aqueles que mais sofrem com o velho são os que mais lutam pelo novo”. Que essas lutadoras incansáveis possam se munir das armas necessárias e se organizar nos espaços necessários, como os comandos de greve, para vencer. Por elas e por todos nós. A juventude está aqui para apoiar.

Pode te interessar: Precisamos tomar a greve nas nossas mãos para fortalecer a luta contra Zema e pelo pagamento do Piso!

 
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