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LUTA CONTRA O AUMENTO
Aonde vai a luta contra o aumento da passagem em BH e na região metropolitana?
Francisco Marques
Professor da rede estadual de Minas Gerais

A juventude de Belo Horizonte e da região metropolitana parece ter chegado a um beco sem saída, com atos cada vez menores e sem dialogar com a maioria da população que sofre cotidianamente com os ônibus lotados e cada vez mais caros. Nesse artigo tentamos entender o porquê, em debate com o Movimento Passe Livre - BH, o Tarifa Zero e as organizações da esquerda.

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Esta luta já dura quase dois meses. Um ato no dia 8 de janeiro e os dois atos seguintes foram chamados pelo Movimento Passe Livre - BH (MPL) e reuniram centenas de jovens, com grande presença de secundaristas. Chegaram a ser 800 jovens ocupando as ruas centrais da cidade e denunciando Márcio Lacerda, o governador Pimentel e os empresários do transporte.

Já no último dia 18 (quinta-feira), um ato chamado pela Frente Contra o Aumento da Tarifa reuniu 100 jovens no centro de Belo Horizonte, com uma maioria de secundaristas organizados pela Ubes (dirigida pela UJS/PCdoB) e pela Ames-BH (dirigida pela UJR/PCR), além de uma pequena presença de organizações de esquerda como a CST-PSOL e o PSTU. O MPL não esteve presente. O Tarifa Zero, que desde o início do ano não vai às ruas, também não. Organizações como o Juntos e outras correntes do PSOL também não compareceram.

UJS/PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude: silêncio em Contagem e na RMBH e “luta contra o aumento” em BH.

O ato fechou parte das faixas da Avenida Afonso Pena e terminou em 40 minutos, 300 metros depois, em frente à prefeitura, com gritos de “Lacerda, seu governo é uma merda!” e “Fora Lacerda!”, sem nenhuma menção novamente ao PT do governador Pimentel, que inclusive se aliou, em 2012 , ao PSDB e a Aécio Neves para eleger Márcio Lacerda (PSB). Neste último ato, as organizações que fizeram campanha para Fernando Pimentel (PT), como a UJS, o Levante Popular da Juventude e o próprio PT não tocaram no nome deste governador que é o responsável pelo aumento da passagem na região metropolitana, e que vem também atrasando salários dos servidores e já anunciou que não dará o reajuste prometido aos professores do Estado.

Os governistas da UJS/PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude agora querem transformar a luta contra o aumento em um movimento “Fora Lacerda” que desgaste esse governo e prepare a vitória do PT e seus aliados na disputa da prefeitura que ocorrerá no fim do ano. Assim essas direções dividem a juventude de BH dos jovens de Contagem, Ribeirão das Neves e toda região metropolitana, impedindo que a luta se unifique e dificultando ainda mais a vitória. Essas correntes praticamente não participaram das mobilizações contra o aumento da passagem em Belo Horizonte nos anos anteriores, e nem das que aconteceram em Contagem neste ano, onde o prefeito Carlin Moura, do PCdoB, em um decreto absurdo, perdoou a dívida de milhões de reais das empresas de ônibus, as isentou de impostos e aumentou o preço da passagem.

MPL-BH e Tarifa Zero: é preciso superar os interesses mesquinhos e a passividade

É um completo absurdo a ausência do MPL nesta última manifestação. Foi por não terem sido os convocantes da manifestação que não compareceram? Por que abandonam a luta contra o aumento com essa facilidade? Por puro sectarismo? Interesses mesquinhos de visibilidade na mídia e autoproclamação? Deveriam mudar imediatamente esse caminho e dar uma batalha contra essas direções que querem desviar a luta para um movimento “Fora Lacerda”, e não abandonar os milhares de jovens descontentes com o aumento e as condições do transporte público à própria sorte.

O Tarifa Zero (TZ), por outro lado, não participou nem das manifestações chamadas pelo próprio MPL neste início de ano, e muito menos da última manifestação. Esta organização, que era a principal direção dos atos até meados de 2015, chegou a perguntar se “ir para as ruas ainda é a melhor maneira de pressionar o poder público para rever sua posição?” em sua página no Facebook. Uma verdadeira “estratégia” da impotência e do comodismo, que complementa sua confiança absurda “no poder público”: ou seja, nas ações judiciais e no judiciário, e nos políticos que se intitulam como progressistas, mas que só fazem demagogia com os interesses populares.

A indignação só aumenta, e é necessário um movimento que esteja à sua altura.

A indignação só aumenta porque o transporte e as condições de vida só pioram. Belo Horizonte tem a 3ª passagem de ônibus mais cara do país e um transporte precário com ônibus quase sempre lotados, barulhentos, que estragam no meio do caminho deixando os usuários nas ruas, quentes e com poucos horários e linhas disponíveis. Os empresários continuam lucrando muito por meio de Márcio Lacerda e Fernando Pimentel, além do legislativo e do judiciário municipal e estadual, que quando não estão dentro das negociatas e golpes do executivo, são coniventes e silenciosos. Isso tudo sem falar da inflação que está em quase 10%, o desemprego que já deixou mais 1,5 milhões de pessoas na rua desde 2014 e todos os cortes em direitos sociais que vêm sendo feitos pelo governo federal.

A luta dos estudantes secundaristas em SP no fim do ano passado deu um grande exemplo e mostrou que é possível derrotar os governos e os empresários, mesmo os mais repressivos e intransigentes como Geraldo Alckmin. É necessário um movimento contra o aumento da passagem que unifique a juventude de BH com todos jovens da região metropolitana contra Lacerda, Pimentel e os empresários do transporte. Só podemos confiar nas nossas forças, fortalecendo os atos de rua e o diálogo com a população, apontando uma perspectiva que possa realmente resolver a questão do transporte, acabando com o lucro, a corrupção e todos desmandos destes políticos sobre nossas vidas e direitos. Por isso é preciso lutar também pela estatização do transporte sob controle dos trabalhadores e usuários.

 
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