Desde o início da pandemia, as universidades federais mantêm as aulas sob ensino remoto. Apenas algumas atividades práticas, em especial nos cursos da saúde, se mantiveram em caráter presencial. Agora, com a vacinação acelerando, as médias de casos diminuindo e boa parte das atividades econômicas voltando presencialmente, muitas universidades discutem a volta presencial.
Além das questões sanitárias, também pesa na decisão das reitorias a enorme crise financeira que hoje atravessa a situação da educação pública. A diminuição gradativa dos repasses da União para as federais vem colocando em xeque a volta presencial iguais ao período pré-pandêmico.
Desde 2012, durante o governo Dilma, a bem dizer, os investimentos nas universidades federais vem diminuindo. Com o golpe em 2016, o Teto de Gastos foi aprovado e agravou a situação, chegando no governo Bolsonaro com ameaças reais de fechamento de portas de algumas universidades ou cursos. Veja gráfico das verbas de investimento ao longo da última década aqui. A crise da universidade ameaça empregos, pesquisas, permanência e, sobretudo, o sonho de milhares de jovens.
Diante desse cenário escabroso para a educação superior no país, muitas reitorias estão indicando a dificuldade do retorno presencial por conta da falta de verbas. A UFRJ, por exemplo, informou que a falta de verbas não ajuda no retorno presencial em 2021. Se depender de Bolsonaro e sua trupe olavista, as universidades podem se afundar na falta de verbas que está tudo bem. Afinal, a produção de conhecimento crítico e ciência, para essa patota, é puro gasto e balbúrdia.
Ao cabo dessa matéria nós apresentamos a lista feita pelo levantamento do UOL, que pode ser lido aqui (apesar de não estar tão organizado quanto a nossa matéria). Importante notar que na matéria deles, não fica claro quais são as 25 que não apresentaram previsão ainda, por isso não listamos todas aqui.
Cabe a nota de que as decisões estão sendo feitas de maneira antidemocrática pelas reitorias, em especial as que sofreram intervenções bolsonaristas nos últimos anos. Na UFRGS, por exemplo, o interventor Bulhões, de nome mal-apanhado e escolhido a dedo por Bolsonaro para descarregar a crise nas costas dos estudantes, vem decidindo tudo à revelia da comunidade. Bulhões e tantos outros gestores administram a crise com menos gastos de luz, manutenção, cortando bolsas de permanência e pesquisa e decidindo tudo a portas fechadas. O jumento que hoje preside o MEC já deu infinitas amostras de sua disposição em deixar as universidades à míngua, ou diretamente destrui-las (afinal, a "universidade deve ser para poucos").
Por isso a necessidade de haver assembleias de base massivas nas universidades a fim que os estudantes, junto dos servidores, professores e terceirizados, possam decidir como e quando retornar presencialmente. São esses que movem as universidades, são esses que devem decidir. Essa força pode ser canalizada para resistir aos cortes feitos pelo governo e lutar por uma universidade a serviço da maioria da população, controlada democraticamente pela comunidade universitária.
As universidades que apresentaram previsão de volta presencial em 2022 são:
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ)
UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UFC - Universidade Federal do Ceará (CE)
UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco (PE)
UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RN)
UFAM - Universidade Federal do Amazonas (AM)
UFT - Universidade Federal de Tocantins (TO)
UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá (MG)
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RJ)
UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa (RS)
As universidades que, segundo o UOL, não têm previsão de retorno em 2022:
Unifesp - Universidade Federal de São Paulo (SP)
UFBA - Universidade Federal da Bahia (BA)
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos (SP)
UNB - Universidade Federal de Brasília (DF)
UFG - Universidade Federal de Goiás (GO)
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSB - Universidade Federal do Sul da Bahia (BA)
UFPR - Universidade Federal do Paraná (PR)
- UFR - Universidade Federal de Rondonópolis (MT)
UFPA - Universidade Federal do Pará (PA)
UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul (SC)
UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro (MG)
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