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CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
Você viu as últimas notícias sobre a desigualdade no capitalismo mundial? É inacreditável
Iuri Tonelo
Recife

Os dados que foram divulgados nesta semana e que serão apresentados no próximo Fórum Econômico Mundial de Davos passaram do nível do alarmante ou do assombroso. São um delírio

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Para ilustrar podemos nos ater a dois dados simples: 62 pessoas possuem a riqueza equivalente aos 3,6 bilhão dos com menos riqueza do mundo (metade da população global). Vou repetir porque parece uma piada, mas são dados apresentados em revista totalmente empresarial dos Estados Unidos chamada Forbes. 62 bilionários no mundo possuem uma riqueza equivalente a tudo o que metade das pessoas do mundo somadas tem.

Veja vocês, estão corretos os que disseram que o capitalismo triunfou, mas poderiam formular de outra forma a frase: o sistema de hiperexploração do trabalho e perversa desigualdade social triunfou. Triunfaram 62 pessoas que podem se reunir e pensar: “parabéns para nós, nossa riqueza é sinônimo da fome, miséria, tristeza e todo tipo de desgraça de uma parcela enorme da população mundial”.

A própria revista apresenta mais um dado para os que tem algum convencimento nesse sistema repensarem: 1% dos mais ricos do mundo tem o equivalente em riqueza dos 99% restantes da população. Bom se você for um trabalhador que tiver a felicidade de ter um filho, parente, amigo ou conhecido que seja um secundarista apaixonado e protagonista das últimas lutas no país, e ele te disser que esse sistema faliu e que é necessário mudar tudo dos pés a cabeça com uma revolução, eu trataria seriamente essa opinião.

Agora queria relacionar esses dados com dois ou três debates da realidade brasileira, pra pensarmos um pouco mais sobre o capitalismo geral e o nosso capitalismo tupiniquim: nesta segunda (18/01) o jornal Folha de São Paulo disse que seria “irrealizável” o passe livre, porque aumentaria o orçamento em 8 bilhões (o que a Folha não diz é que parte desse montante é pra pagar lucros de empresários que usam do transporte pra enriquecer horrores = capitalismo).

Se a gente expropriasse toda a riqueza só dessas 62 pessoas no mundo, contando que você deixe um milhão pra cada um (ou seja, milionários mas não bilionários), daria pra pagar o passe livre geral pra população por 220 anos. Se retirar os lucros das empresas e a população planificasse o transporte, seguramente mais de 300 anos.

Mas o que tem a ver todos esses banqueiros e empresários mais ricos do mundo (são todos parte de uma classe, os capitalistas) com os problemas do Brasil (além do fato de que tem várias empresas internacionais do transporte sugando nosso dinheiro aqui?). Pois bem, os jornais noticiam que dos 62 mais ricos do mundo, vejam vocês, dois são brasileiros: os senhores Jorge Paulo Lemann e Joseph Safra. Juntos, a riqueza deles é de aproximadamente 160 bilhões de reais! Ou seja, só esses dois garantiriam 20 anos de transporte gratuito pra população!

Um pouco “irrealizável” que a Folha entenda isso: com colunistas novos como Kim Kataguri do MBL, que organizou as marchas da direita, fica meio difícil. Depois dizem que a esquerda é que faz “ideologias”.

Queria falar de outro modo o que significa 7,1 trilhões, porque é difícil imaginar. Certa vez um amigo me deu uma pista que acho que vale pra você falar para aquele companheiro seu no trabalho, escola, faculdade, de que o capitalismo é realmente imprestável. Apenas esses 62 ilustres super-ricos cidadãos possuem a riqueza de 7,1 trilhões de reais aproximadamente. Se você pegasse essa riqueza toda em notas de 100 reais, aquela azulzinho com peixinho que tá cada vez mais difícil de ter no bolso, e enfileirasse uma do lado da outra, daria uma distância em linha reta tão grande, mas tão grande, que uma Ferrari a 200 km/h demoraria cerca de 6 anos correndo para alcançar o final! (queria colocar aquele smile de WhatsApp que é uma carinha chorando aqui)!!!

Ou seja, parabéns aos 62 bilionários e ao conjunto dos empresários, banqueiros, a imprensa vendida e todos que fazem apologia do capitalismo: o capitalismo consegue promover uma riqueza definitivamente “sem fim”...só que ela está com 62 pessoas e boa parte do resto com o restante dos grandes capitalistas.

Mas, pera lá, no capitalismo pelo menos nós temos a liberdade individual. Por exemplo, temos a liberdade de trabalhar, ganhar uma miséria, e engolir a raiva; temos a liberdade com muito esforço de ter uma casa e pagar 30 anos, e depois de 20 anos perder o emprego e não conseguir mais pagar; temos a liberdade de reclamar da sua vida nos principais jornais do país que eles vão publicar seu texto com certeza; reclamar, inclusive, de um filho negro que foi perdido em uma favela por um tiro de fuzil da polícia enquanto estava brincando. E, afinal, temos a liberdade como dizem os sambistas de tomar aquela cachaça desgraça que a gente tem que engolir. São milhares de liberdades no capitalismo.

E se não tivermos muitas liberdades, ao menos temos a “felicidade das pequenas coisas”. Enfim, podemos pelo menos ser felizes no capitalismo. É exatamente por isso que o número de remédios antidepressivos cresceu, hoje em dia, para cerca de 60 milhões de caixas de remédio no Brasil. Ou seja, quase uma caixa para cada três pessoas (em breve atinge esse número, só aguardar). É o tanto de remédio para aguentar o dia a dia do sistema capitalista brasileiro. Antes que alguém diga que é coisa de país mais pobre, poderia dar o dado da Centers of Disease Control and Prevention dos Estados Unidos, que aponta que simplesmente metade da população do país (EUA) tomou ao menos uma droga “terapêutica” nos últimos 30 dias.

Vamos lá, por fim, alguém vai dizer: “mas o socialismo também deu errado”. Não concordo, o que deu errado foi o stalinismo na Russia, o maoismo na China, é verdade; terminaram por restaurar o capitalismo nesses países, de maneira selvagem.

Agora a perspectiva de colocar os trabalhadores livremente associados no centro de nossa preocupação, socializando os meios de produção, planificando a economia, expandindo radicalmente a democracia para a totalidade da massa trabalhadora, para que essa governe o destino em suas vidas em suas próprias mãos, inclusive dando um basta na devastação ecológica e ambiental do capitalismo em decadência...não creio que essa perspectiva tenha dado errado. Essa é a perspectiva do socialismo, diferente do stalinismo que o capitalismo insiste em dizer que é “socialismo real”. Até parece que a exploração devastadora dos trabalhadores da China hoje tenha alguma coisa a ver com as ideias comunistas de Karl Marx.

E afinal, em perspectiva histórica, o capitalismo demorou séculos para acabar com o feudalismo. Toda a análise dos erros passados, os debates políticos e estratégicos necessários só podem nos enriquecer de otimismo de que os trabalhadores podem sim retomar a perspectiva de expropriar os expropriadores em nível internacional.

Derrubar esse sistema miserável e fazer com que os 62 super-ricos e o conjunto dos banqueiros e empresários que vem expropriando nossa riqueza, nosso suor, nosso sorriso e nossas lágrimas sejam de fato página virada da história, levando consigo toda a mesquinharia dessa ideologia capitalista miserável.

Não vai ser só com essas ideias, mas também com organização política revolucionária que vamos levar essa batalha à frente. Mãos a obra.

 
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