Nós pisaremos onde se eles tirarem o solo de nossos pés?
Eu nunca conheci um rio suspenso
Nunca vi dizer que uma árvore nasceu no ar
O subsolo é da União?
Nós não temos organização?
Cabe à União demarcar e proteger
Turvam as águas dos rios
E nossa vontade de lutar por uma vida melhor:
Serra, floresta, água
E o barulho dos passarinhos
Cabe à União demarcar e proteger
Tiraram o nosso mundo e jogaram na beira de um pasto
Como é que nós vamos ser felizes
Tendo que alimentar o planeta?
Cabe à União demarcar e proteger
O ciclo de vida não é só humano
O problema não é só o governo atual
Todo Brasil é terra indígena
Mas se não é contratual
Se não há usufruto exclusivo
Não existe invasão
Demarcar e proteger cabe à Uniaõ?
Nesse conglomerado de vidas
Há quem lute pela água cristalina
Quem entre nela e analise os peixes
Há os peixes que vêm curiosos
Há quem os tire pra comer
E há quem os mate com mercúrio
E faça com que não haja mais nada
Demarcar e proteger cabe à União?
O que é o futuro
Se não um passado contado amanhã?
Não cabe na União demarcar e proteger.
Rosivaldo Ferreira da Silva, mais conhecido como Cacique Babau está inserido no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (SDH/PR) por sofrer constantes ameaças de morte, tendo sido preso ilegalmente quatro vezes. Babau recebeu a Comenda Dois de Julho da Assembleia Legislativa da Bahia, a Medalha Chico Mendes de Resistência (por indicação da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ), bem como o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Tais títulos atestam o engajamento do Cacique Babau na luta pelo reconhecimento e pela garantia dos direitos humanos, destacando-se nas lutas antirracistas e pela autonomia, autossuficiência e bem viver dos povos e comunidades tradicionais no Brasil.
Leia mais: Tupinambás são expulsos de suas terras na Bahia e lideranças são presas
Pode te interessar: Na base da repressão, CCJ da Câmara aprova PL 490 que ataca a demarcação de terras indígenas
|