www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
CRIME SAMARCO
A extensão de um crime socioambiental: lama tóxica de SAMARCO pode ter chegado em Abrolhos.
Rafaella Lafraia
São Paulo

Há mais de dois meses ocorreu o maior desastre ambiental do país:o rompimento de duas barragens feitas em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), pela mineradora Samarco, uma joint-venture da companhia Vale do Rio Doce e da anglo-australiana BHP.

Ver online

A lama da destruição em Mariana (MG). Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil.

O caso, na verdade, não é só o maior desastre ambiental do país, é um crime socioambiental que causou a morte de 17 pessoas, faz com que inúmeras pessoas ainda permaneçam em abrigos temporários, causou a morte do Rio Doce (o mais importante do estado de MG), inviabilizou o plantio e o uso da água de poços e coloca a vida marinha em risco, já que os rejeitos tóxicos percorreram a extensão total do riochegando ao Espírito Santo após cinco dias do rompimento das barragens.

Durante todo o período, nenhum dos responsáveis pelo crime foi punido e, durante muito tempo, autoridades governamentais, como Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, afirmavam que a lama tóxica não teria uma grande dispersão. Entretanto, confirmando os alertas de profissionais da área da ambiental, é possível que a lama com rejeitos de mineração tenha atingido a parte sul do litoral da Bahia, chegando a região de Trancoso e Porto Seguro, próximo ao arquipélago de Abrolhos.O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis – IBAMA – notificou a empresa para realizar medições da água para confirmar se a mancha visualizada por especialistas na região do arquipélago é da lama da barragem, tendo 10 dias para apresentar os resultados.

Lama da SAMARCO chega no litoral do Espírito Santo (FOTO: ENRICOMARCO VALDI/EFE).

Se confirmado teremos um problema ambiental de âmbito mundial, pois, a região, considerada como santuário da vida marinha do Oceano Atlântico, abriga a maior biodiversidade de corais, que funcionam como berçário de espécies marinhas, além de ser trajetória da migração de baleias jubartes, sendo que estes animais tiveram a recuperação de sua população após a determinação de proteção ambiental do arquipélago.

A partir do crime socioambiental é possível verificar o descaso com as questões ambientais e as consequências da exploração predatória dos recursos naturais desde seu início.

As questões normativas, ou seja, a parte legal necessária para obras e atividades de exploração de recursos naturais (licenciamento ambiental, o cumprimento dos códigos e leis que se relacionam com as questões de preservação ambiental) são negligenciadas e se feitos são somente por proforma, como o plano de emergência proposto pela SAMARCO que não teve eficiência no momento do rompimento das barragens. Portanto, a legislação, por mais progressiva que seja, em alguns casos, fica no papel, pois empresas a negligenciam em pró de maior lucro e os governos fazem a vista grossa para o cumprimento das mesmas.

Além disso, o Rio Doce já tinha sua vazão comprometida desde julho do ano passado, justamente por causa de desmatamento em regiões de proteção que ficavam em seu entorno, devido aos interesses da mineração, especulação imobiliária e agronegócio, e nada foi feito para reverter. A falta de saneamento básico em muitos municípios do país ficou evidente com a tragédia, já que se revelou que muitos municípios que beiravam o rio jogavam seu esgoto “in natura”. Estas questões influenciam, diretamente e de uma forma negativa, na população que depende diretamente dos recursos naturais para viver, pois como os pescadores locais poderão tirar seu sustento depois da morte do rio e, mesmo antes, como eles assim o faziam com tais condições adversas?

O crime ambiental que ocorreu em Mariana, que afeta o meio ambiente global é mais uma evidencia da verdadeira relevância que as questões ambientais têm por dentro do sistema capitalista: a realização histórica de exploração predatória, que gera consequências socioambientais cada vez mais danosas, somente visando a obtenção de lucro. Cria-se a responsabilidade individual pelas alterações ambientais geradas historicamente sem que os verdadeiros culpados pelas alterações ambientais, que geram impactos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade, sejam punidos.

Desta forma, é necessário que todos saibamos das consequências deste crime e que essas consequências irão influenciar todos os seres vivos, pois a sociedade faz parte do meio ambiente. Precisamos estar cientes de que o grande problema das questões ambientais está no descaso e na sede pelo lucro de empresários e políticos, que se mantem pela exploração descontrolada dos recursos ambientais e da classe trabalhadora.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui