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GREVES NA ALEMANHA
Greve de trabalhadores dos Correios se soma à onda de conflitos trabalhistas na Alemanha
Peter Robe
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Nos dias 1 e 2 de abril, antes da semana santa, mais de 10.000 carteiros dos Correios pararam e deixaram milhões dos pacotes e cartas paralisados nos centros logísticos. Com estas primeiras greves de advertência se iniciou a negociação coletiva de 2015 sob circunstancias especiais.

Avança a precarização nos Correios

No ano passado os Correios romperam o acordo que proibia a empresa de subcontratar outras empresas para os centros regionais e também proibia demissões por “necessidade da empresa”. Para conquistar esse acordo, o sindicato ver.di, que conta com uma taxa de sindicalização de 80%, havia concedido o bônus de horas extras e os dias livres de natal e ano novo.

Os Correios criaram a subempresa Delivery que não conta com as condições de trabalho dos Correios, apenas do setor logístico. Isto significa 35% menos no salário, nenhuma seguridade frente às demissões e mais flexibilidade no horário de trabalho. Os trabalhadores com um contrato limitado estão agora obrigados a transferir-se à Delivery, aceitando as piores condições de trabalho ou “escolhendo” serem demitidos. Mas é uma escolha vigarista: se não aceitam mudar de empresa, o ministério do trabalho tirará o seguro desemprego.

Este é um ataque a todos os trabalhadores dos Correios, que afeta as fortes estruturas sindicais na empresa e anuncia demissões e flexibilização também no pessoal dos Correios, dos quais um terço já conta com contratos limitados.

Deste modo avança o “modelo Amazon” na Alemanha: precarização trabalhista e práticas anti-sindicais com o aval do estado.

Desde o início da crise capitalista em 2008 a empresa determinou uma taxa de 56% de lucro sobre cada trabalhador, enquanto que os custos para os usuários seguiam crescendo. Além disso, os Correios se localiza em um ramo industrial dinâmico e por sua história como ex-empresa estatal tem um papel de quase monopólio sobre este setor.

Neste contexto, as palavras do dono Frank Appel, de que teriam que “acabar com a distância entre os custos salariais dos Correios e a concorrência” soam como um falsa desculpa para piorar as condições de vida dos trabalhadores e aumenta ainda mais os lucros.

Como consequência deste ataque empresarial, o sindicato rompeu o contrato coletivo e exige a redução de horas de trabalho para 36h por semana com igual salário e sem demissões.

A situação em correios é um exemplo emblemático de um processo generalizado: mesmo que as burocracias sindicais queiram seguir mantendo or pactos de conciliação de classe, as empresas não negociam e tentam impor suas próprias condições, sem o aval da burocracia (por mais pro-empresarial que seja). Isso, finalmente, é o que obriga os burocratas a mostrarem-se mais combativos para não perder sua base – ou inclusive seus postos sindicais.

Avançam as luta operárias

Os 140.000 trabalhadores dos correios enfrentam uma dura luta. Esta greve se dá em uma situação marcada por vários processos de greve, alguns mais controladores “por cima”, outros muito dinâmicos e duros.

Apesar das mobilizações com mais de 100.000 trabalhadores nas negociações coletivas do setor público, a burocracia sindical de ver.di pediu tão somente um aumento de 4,83% em dois anos. Isto é menos que a metade do exigido e deixa de fora muitas demandas, como por exemplo algumas para os trabalhadores jovens. Além disso, deixam de fora os professores, empregados que ganham até 500 euros menos que seus colegas funcionários estatais, o que deixa aberta a possibilidade de futuras greves dos professores sob o lema “igual salário para igual trabalho”.

Os trabalhadores no setor de educação básica e os educadores sociais se encontram em conflito. Neste setor, muito “feminizado” e altamente precarizado, as trabalhadoras exigem um aumento salarial de 10% e já fizeram várias greves se advertência em diferente regiões. Na cidade saxã de Leipzig os trabalhadores inclusive entraram em greve ao mesmo tempo que os trabalhadores de Amazon.

Também continuam os conflitos no setor de infraestrutura dos ferroviários e os pilotos de Lufthansa. Contra essas greves a imprensa lançou uma campanha de denuncia anti sindical, enquanto que o governo apresentou um projeto de lei que ataca os sindicatos minoritários, justamente os mais combativos neste setor estratégico para o imperialismo alemão. Todas medidas para influir a favor das empresas.

E enquanto se desenvolvem estas greves parciais, segue a – já histórica – greve dos trabalhadores de Amazon, que entram em um terceiro ano de luta por um contrato coletivo, contra a precarização e as práticas anti-sindicais. A luta de Amazon conta com cada vez mais centros que se somam à luta e a um amplo apoio popular.

É aqui onde os trabalhadores dos Correios podem encontrar um apoio importante em sua luta, já que os Correios são os principais distribuidores de produtos da Amazon. Os primeiros dias de greve dos correios se deram ao mesmo tempo que as greves na Amazon.

Tanto no setor logístico como com todos os setores em luta, a solidariedade operária, a coordenação e unificação das greves são o caminho para barrar os ataques de precarização e passar à ofensiva.

 
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