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EUA
Kamala Harris ameaça imigrantes de toda a América Central: não venham aos EUA
Miguel Gonçalves

Kamala Harris, a vice-presidente dos Estados Unidos, está em viagem no "triângulo do norte” composto por Guatemala, El Salvador e Honduras. Não se trata de uma viagem com intuito de estreitar laços diplomáticos, tampouco para firmar novos acordos econômicos, a razão é a tentativa de conter a crise migratória aberta desde o início do Governo Biden

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O Governo de Biden e Kamala Harris do Partido Democratas começou com grande expectativa por parte das populações latino-americanas, especialmente da América Central. A retórica crítica de Biden frente a política migratória de Trump durante o período eleitoral dava esperanças de novos ares para os imigrantes. Muitos setores progressistas se iludiram demonstrando felicidade por Kamala Harris ser a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência dos EUA, que agora já se consolida como a primeira mulher negra a bombardear o Oriente Médio. A verdade bateu na porta e o que se vê por parte dos Democratas em relação à política migratória é a continuação da política do antigo presidente de extrema-direita Donald Trump.

Durante sua viagem ao triângulo do norte composto por Guatemala, El Salvador e Honduras, Kamala Harris tentou contornar a crise migratória aberta desde o início do Governo Biden, buscando desencorajar a imigração a todo custo. Em entrevista conjunta com o presidente da Guatemala, Kamala declarou: “Os Estados Unidos continuarão aplicando nossas leis e protegendo nossas fronteiras (...) Se vocês vierem para nossa fronteira, serão mandados de volta (…) Não venham, não venham”, adicionando ““O presidente e eu concordamos em continuar nosso trabalho para lidar com a migração nas fronteiras norte e sul da Guatemala”. Outro argumento apresentado pela Vice foi que a imigração ilegal fortaleceria grupos ligados ao tráfico de drogas que atentariam contra a segurança estadunidense, sem levar em conta que recorrem a grupos de “coiotes” justamente pelo desespero de saberem que se depender da Justiça dos EUA não serão aceitos legalmente e poderão acabar até em jaulas, além do grau de xenofobia que a fala expressa, ligando a entrada de imigrantes com o tráfico.

Além de deixar claro que não quer os imigrantes nos Estados Unidos, Kamala deixa implícito que a repressão vai continuar, inclusive dizendo que criará forças tarefas que auxiliarão forças locais. Toda a crítica de Biden à gestão de Trump no que diz respeito à repressão na imigração e as jaulas em que os migrantes, inclusive crianças, ficavam detidos, deu lugar às mesmas práticas, explicitando a demagogia dos Democratas quanto a este tema. Na verdade, o próprio Governo Obama foi responsável por instaurar algumas medidas no que diz respeito a imigração que foram amplamente utilizadas por Trump. Agora com Biden, crianças seguem em jaulas, centenas de pais seguem separados de seus filhos, inclusive centenas de brasileiros experimentaram a política xenofóbica ao serem deportados no último mês.

Desde o início do seu governo, Biden designou a Kamala a função de lidar com a imigração, que tenta atuar apostando na cooperação com Governos da América Central e México, com intuito de que desde suas fronteiras a imigração seja dificultada. O presidente da Guatemala Alejando Giammatei, agradeceu e valorizou a melhora da relação entre os países ignorando que no mesmo encontro Kamala disse que faria de tudo para evitar a imigração dos guatemaltecos. O presidente do México, Lopez Obrador, que já vinha cooperando com a repressão na fronteira com os Estados Unidos desde a gestão de Trump, tem um encontro marcado para o dia de hoje (08/06) com Kamala, devendo seguir o mesmo padrão do encontro com Alejandro. Para além disso, o presidente mexicano já exerceu uma política de endurecimento da imigração na fronteira Sul do México, visando que os centro-americanos sequer chegassem perto dos EUA, mostrando sua disposição de se subordinar por algumas migalhas de atenção dos Imperialistas..

A crise migratória não é resultado de um desejo espontâneo de milhares de pessoas de morar nos Estados Unidos, e sim fruto da intervenção do imperialismo estadunidense em seus países, precarizando a vida das populações locais há séculos (com grande influência do Partido Democrata). Para lutar pelos imigrantes é preciso romper com a política do Partido Democrata (que além de ser um dos grandes responsáveis pela crise migratória como dito acima), ainda reprime a expressão desse fenômeno, como se não tivesse nada a ver com isso. O governo de Biden e Kamala é a expressão máxima do cinismo Democrata que critica as políticas quando feitas por Republicanos, mas quando assume o poder, tem exatamente as mesmas práticas, ora implicitamente disfarçadas em uma retórica mais “progressista”, ora explicitamente como no caso das imigrações, provando que os problemas dos Estados Unidos não estão detidos só aos Republicanos, são bipartidários.

 
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