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EXTREMA DIREITA ISRAELENSE
Quem é Naftali Bennett, novo primeiro ministro israelense
Redação

Pouco depois dos brutais bombardeios israelenses em Gaza e dos ataques à população palestina na Cisjordânia e nas cidades israelenses, uma nova coalizão governamental retira Benjamin Netanyahu do poder após 12 anos no cargo e coloca Naftali Bennett como primeiro-ministro. Quem é Bennet e o que se pode esperar de sua gestão?

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Após 12 anos de Netanyahu no poder com suas guerras, ocupações e ataques sistemáticos aos palestinos, muitos aguardavam ansiosamente sua partida. O anúncio da formação de um novo governo, frágil e heterogêneo, propondo Naftali Bennett como o novo primeiro-ministro gerou sentimentos contraditórios. Para alguns, era a maneira de acabar com Netanyahu, para outros significava "trocar um genocida por outro". Quem é Naftali Bennett?

Ultranacionalismo religioso, um discurso de ferro contra os palestinos, a defesa da anexação israelense da Cisjordânia ocupada e o neoliberalismo econômico marcam a carreira de Naftali Bennett, que deve ser o novo primeiro-ministro de Israel.

De acordo com o pacto governamental feito à meia-noite por oito partidos da oposição, Bennett - líder do ultranacionalista Yamina - ocuparia o cargo de primeiro-ministro durante a primeira metade da legislatura, e depois o cederia ao centrista laico Yair Lapid; o acordo ainda deve ser ratificado no prazo máximo de doze dias pelo Knesét (Parlamento israelense).

Bennett, nasceu na cidade de Haifa em 1972 em uma família judia emigrada dos Estados Unidos, foi um aliado ferrenho de Netanyahu durante anos: ocupou cadeiras como Defesa ou Educação em executivos anteriores e, apesar de sua crescente relutância e desacordo, acabou sendo fundamental em muitas das coalizões que mantiveram Netanyahu no poder, que atuou de 2013 a 2020.

Militar e empresário bilionário

Bennett é um religioso de linha moderada, um militar da reserva e um ex-empresário bilionário com perfil ideológico mais direitista que Netanyahu, que tem se voltado para posições mais pragmáticas para acabar com o bloqueio político de Israel e aspirar a ser primeiro-ministro.

Seu partido, Yamina, conquistou 7 cadeiras nas eleições de março e, apesar de ser um número baixa pequeno numa Câmara de 120 com outras forças com representação semelhante ou maior, tornou-se um ator chave por ser uma das formações com capacidade de inclinar a balança tanto para Netanyahu quanto para o chamado “bloco de mudança”, que nesta quarta-feira chegou a um acordo para formar o próximo executivo.

Depois de mais de dois meses de idas e vindas e contatos com ambos os lados, Bennett anunciou no domingo passado sua intenção de criar uma coalizão com Yair Lapid, opositor e líder do amplo conjunto de partidos anti-Netanyahu, em troca de ter para si os primeiros dois anos de liderança do governo.

Lideraria, portanto, um executivo ideologicamente heterogêneo, formado por grupos que vão da esquerda à extrema direita, incluindo partidos árabes.

Para deixar claro que a coalizão não implica modificações substanciais na situação dos palestinos, Bennett frisou que seu executivo “não entregará territórios,” em referência à ocupação da Cisjordânia ou de Jerusalém Oriental, “nem terá medo de lançar uma operação militar se for necessário”, como a última ofensiva do Exército israelense contra as milícias de Gaza.

Lembremos que justamente as tentativas de despejo de famílias palestinas em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel, junto com as provocações do Exército e de colonos judeus na mesquita de Al Aqsa foram as causas que desencadearam a ira da população árabe e que mais tarde foram utilizadas por Netanyahu como desculpa para bombardear Gaza.

O próprio Bennett é um veterano de longa data na tradição militar que permeia Israel: em 1990, ele começou o serviço obrigatório como soldado e ascendeu a comandante de uma das forças de combate mais prestigiosas do país, a unidade de elite Sayeret Matkal. Não é um caso único: outros líderes como o próprio Netanyahu ou o ex-primeiro-ministro Ehud Barak também passaram por ela anteriormente.

Ao sucesso militar de Bennett se soma o empresarial: com apenas 26 anos ele fundou uma empresa de alta tecnologia dedicada a softwere anti-fraude, Cyota, com a qual se tornou milionário ao vendê-la em 2005 por 145 milhões de dólares (cerca de 109 milhões de euros).

Em 2006, voltou ao Exército para participar da Segunda Guerra do Líbano e ingressou na política como membro do Likud de Netanyahu, do qual foi conselheiro e colaborador próximo por 16 meses, até 2008.

Após uma série de desentendimentos com Netanyahu, Bennett passou a promover sua própria agenda: entre 2010 e 2012 foi diretor geral do Yesha, órgão que agrupa os líderes colonos da Cisjordânia, e fundou o coletivo ultranacionalista “Israel Shelí” (Meu Israel) com Ayelet Shaked, outra emblemática líder da direita que o acompanha até hoje como sua número dois.

Desde então, Bennett defendeu as velhas ideias da extrema direita, como a rejeição contundente da criação de um estado palestino, a expansão das colônias ou a anexação de dois terços da Cisjordânia ocupada, um projeto que o próprio Netanyahu quis pôr em marcha no ano passado, mas foi deixado de lado por ora.

Como resumiu a conta do Twitter do Palestina Hoje “Boa notícia: o genocida Netanyahu está partindo. Má notícia: o genocida Bennett está chegando.”

 
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