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29M: A juventude na linha de frente internacionalmente
Caio Reis

Colômbia, Palestina, Chile, Espanha… No mundo inteiro as novas gerações são protagonistas dos processos de luta de classes, contra os ataques à educação e aos serviços públicos, contra os ajustes neoliberais, em defesa do planeta, dos direitos dos setores e povos oprimidos. No Brasil, a juventude pode estar na linha de frente daqueles que irão voltar a tomar as ruas contra os cortes na educação, mas também contra Bolsonaro, Mourão, os golpistas e capitalistas.

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No mundo inteiro as novas gerações são protagonistas dos processos de luta de classes, contra os ataques aos serviços públicos, as reformas neoliberais, em defesa do planeta, dos direitos dos setores e povos oprimidos. Somos atingidos pela crise e por toda a barbárie capitalista, estando 40% dos jovens do país desempregados. Crescemos vendo nossos sonhos sendo retirados e imporem no lugar a realidade triste de miséria crescente que esse sistema tem a oferecer. No Brasil, a juventude pode estar na linha de frente daqueles que irão voltar a tomar as ruas contra os cortes na educação, mas também contra Bolsonaro, Mourão, os golpistas e capitalistas.

Já são mais de 445.000 mortos por coronavírus, a fome cresce no país e cada vez mais universidades brasileiras estão ameaçadas de fechamento pelos cortes de Bolsonaro. Ele e o Congresso Nacional aprovaram uma nova redução de R$ 4,2 bilhões na educação, causando corte de bolsas, de assistência estudantil, demissão de terceirizadas e ameaçam mais de 50 hospitais universitários e pesquisas de vacinas em desenvolvimento.

Nós da Faísca acreditamos que precisamos construir uma saída alternativa independente frente à realidade nacional de ataques. Reivindicamos a unidade da juventude com a classe trabalhadora e todos os setores explorados e oprimidos, a nível nacional e internacional. A saída contra os cortes e todos os ataques só virá com a força da nossa mobilização independente, unindo estudantes e juventude com os trabalhadores, mulheres, negros e lgbts, tomando massivamente as ruas.

Nós e nossos companheiros de organizações de outros 13 países que compõem a Fração Trotskista nos inspiramos no processo revolucionário protagonizado pelos trabalhadores e estudantes franceses em maio de 1968, que neste mês completa 53 anos. Estamos ao lado da juventude que pulou as catracas e passou a incendiar as ruas do Chile em 2019; da juventude multiétnica que tomou as ruas dos EUA por justiça por George Floyd; da juventude colombiana que luta contra o regime de violência policial de Iván Duque, aliado de Bolsonaro e do imperialismo norte-americano; da juventude árabe e palestina que luta contra a ocupação e política de limpeza étnica promovida por Israel; dos que resistem ao golpe militar em Mianmar; e dos que buscam defender nosso planeta do colapso ambiental promovido pelo capital.

Leia também o Manifesto da FT: O desastre capitalista e a luta por uma Internacional da Revolução Socialista

Cada luta internacional em que os trabalhadores e a juventude se colocam contra esse sistema de miséria deve ser e é um ponto de apoio para que aqui no Brasil possamos transformar nossa dor e ódio em luta e organização. Por isso, apresentamos aqui grandes processos em curso e o papel que a juventude cumpre neles.

Colômbia: A juventude contra Duque e o regime de exploração e violência policial

A juventude vem sendo protagonista dos protestos por toda Colômbia. Dela e de diversos outros setores se ouve o grito de Fora Duque e a necessidade de uma paralisação com prazo indefinido até derrubar todas as políticas do governo assassino e repressivo do amigo de Bolsonaro.

Essa mesma geração que agora se enfrenta em plena pandemia com as forças de repressão, foi às ruas em 2019 em pleno retorno da luta de classes, e viu o movimento de massas retroceder com a manobra da mesa de negociação entre o governo e as direções das grandes entidades sindicais, sociais e estudantis. Agora, como parte de uma juventude que se rebela contra todas as políticas e planos do governo Duque, se solidarizam com indígenas e trabalhadores que sofrem os ataques da polícia e das milícias civis. Dessa vez, conhecem as armadilhas no caminho e querem ir até o fim .

Após o fracasso das negociações entre o governo e os representantes do Comitê Nacional da Paralisação (CNP), que integra diversos sindicatos, ficou claro que não há diálogo com quem segue reprimindo e assassinando a população nas ruas. Duque busca separar os jovens que resistem dos trabalhadores e dos apoiadores das manifestações que ocorrem por todo o país, criminalizando-os como "vândalos" e "terroristas”.

É fundamental agora a organização de todos os setores mais ativos nas ruas e que não são representados pelo CNP: os bairros, comunidades, locais de trabalho e estudo, para debater um verdadeiro plano de luta, que inclua a necessidade da autodefesa diante da violência policial, estatal e paraestatal, e até derrotar Duque e seus planos. Como disse uma dirigente estudantil de Bogotá em entrevista à nossa rede de diários:

“Hoje nos reencontramos em nossos espaços de resistência, nas ruas com diferentes jovens, diferentes organizações ... as demandas são muito claras, não haverá diálogo se não houver desmilitarização do país, dos nossos bairros, dos nossos cantos. Em segundo lugar, exigimos em todos os espaços a renúncia de Duque. Há dois anos, [Duque] sentou para negociar com os estudantes, com os camponeses, com os trabalhadores indígenas, e ele quebrou todos esses acordos. Não vamos sentar para negociar com Duque porque é um governo que quebrou todos os acordos, inclusive os acordos de paz.”

Dessa vez é diferente: a nova juventude palestina que se levanta pelo fim do seu apartheid

O Estado de Israel há decadas leva adiante um massacre com objetivos colonialistas e de limpeza étnica, apoiado pelo imperialismo norte-americano, europeu. Bolsonaro, sua família e os grupos empresariais e evangélicos ao lado dele são apoiadores diretos de Israel e cúmplices dos ataques contra o povo palestino.

Desde os ataques deste ano aos moradores palestinos de Sheik Jahar e a escalada dos ataques do Estado de Israel e da extrema-direita sionista contra o povo palestino, uma nova geração de juventude palestina protagoniza a resistência e luta pelo fim definitivo da segregação e opressão de seu povo. Também estiveram à frente da greve de Karameh (Dignidade), na última terça-feira (18). Essa foi a primeira ação do tipo desde a greve geral de 1936 na Palestina, contra as políticas do Mandato Britânico que visava expulsá-los de suas terras.

Leia: Faísca: com o povo palestino pelo fim da ofensiva colonialista e terrorista de Israel

Mas a importância dessas recentes mobilizações e da greve é sem precedentes, porque elevam o questionamento não só ao racismo e ao colonialismo de Israel, mas também às próprias lideranças burguesas palestinas. A Autoridade Palestina (governo na Cisjordânia), com um longo histórico de conciliação com o sionismo, bem como o Hamas de Gaza, não estão no controle e não representam os jovens e trabalhadores que se levantam no território da Palestina histórica, mas também no Líbano, na Jordânia e em todos os lugares onde há refugiados e defensores do fim do colonialismo assassino do Estado de Israel.

Até mesmo nos EUA, um país historicamente patrocinador de Israel e onde a opinião pública sempre foi pró-sionista, viu um nível de apoio ao povo palestino inédito. Biden - que sempre foi um apoiador do Estado de Israel do pior tipo - se elegeu contra Trump através da cooptação de pautas progressistas e desviando institucionalmente o BLM, e agora sente a ameaça de um profundo desgaste entre as massas que tomaram as ruas em 2020 e seu governo diante da questão palestina.

Rompendo a fragmentação palestina, imposta após décadas de opressão israelense, diáspora, divisão territorial e política, a juventude palestina abre a possibilidade de construir uma unidade que não é vista há décadas. O enorme apoio internacional se extendeu para muito além do mundo árabe e ecoou em todos os continentes.

Nós da juventude Faísca estivemos presentes nos atos em solidariedade ao povo palestino no Brasil e somamos nossa voz junto às de milhões que em todo o mundo se solidarizam com o povo palestino! Denunciamos a política de restabelecimento de relações com Israel por parte das burguesias árabes, bem como a política de cooperação por parte da Autoridade Palestina, que recentemente vem retomando os acordos com as forças sionistas.

É urgente alastrar a defesa do povo palestino o máximo possível.Reivindicamos o direito de retorno do povo palestino ao seu território histórico e a liberdade de todos os presos políticos. Sem confiança no Hamas, que faz do povo palestino refém, a atual crise humanitária na região reforça a necessidade de acabar com o Estado sionista de Israel através dos métodos de luta da classe operária, que é multiétnica e internacional, e erguer em seu lugar um Estado laico e socialista.

Chile: a geração que vai derrubar os 30 anos de pinochetismo

“Não são 30 pesos, são 30 anos” foi o grito ecoado nas ruas e praças do Chile em 2019, quando os estudantes secundaristas pularam as catracas do metrô e se aliaram com os trabalhadores, iniciando a rebelião que coloca em cheque Piñera e o regime herdeiro de Pinochet. Desde então milhões enfrentaram uma repressão brutal, se levantaram contra a violência machista, em defesa das aposentadorias, por salários dignos, saúde e educação. Uma geração que vê o capitalismo levar seus parentes e vizinhos aposentados a terminarem a vida na miséria, a não conseguirem pagar por serviços essenciais como saúde, água e moradia, decidiu dar um basta a tudo isso.

A rebelião chilena, com mobilizações e a greve geral, fez o governo do direitista Piñera e o regime tremerem. Foi o medo de que a rebelião se estendesse que os obrigou a buscar um desvio ao descontentamento das massas através de uma “convenção constitucional”, feita sob as regras do velho regime e com Piñera no poder.

Porém, nessas eleições para a Convenção Constituinte, os chilenos rechaçaram os partidos que governam o país há 30 anos, herdeiros do regime político e neoliberal pinochetista. Os principais representantes desse período, a Direita e os partidos da antiga Concertação, passaram longe de conquistar a porcentagem de votos para ter peso garantido na Constituinte.

Por outro lado, o regime carcomido ainda se sustenta como resultado direto da atuação de partidos reformistas como a Frente Ampla e o Partido Comunista, que defenderam a manobra da Convenção Constituinte ao lado de Piñera, com a esperança de ampliarem seu espaço institucional.

A FA inclusive votou a favor das leis de Piñera contra as manifestações, depois de assinar um “Acordo pela Paz” que permitia que o assassino Piñera seguisse na presidência. O PC, através da Central Sindical CUT, atuou para evitar que a greve geral do dia 12 de Novembro tivesse continuidade, o que poderia ser fatal para derrubar Piñera e sua tentativa de salvar o regime. Também na recente paralisação nacional puxada pelos portuários, no dia 30 de Abril de 2021, a CUT cumpriu novamente esse papel, em meio à campanha eleitoral da Convenção Constituinte.

Através de nossos companheiros da juventude do Partido de Trabalhadores Revolucionários (PTR), que recebeu o apoio de mais de 50.000 votos nas eleições, nos somamos às lutas que seguem no país. São panelaços, barricadas nos bairros populares, paralisações de trabalhadores e greves que seguem vigentes mesmo com as tentativas de cooptação. Somos parte dessas lutas e convocamos a impulsionar assembleias, comitês de greve e coordenação, pela liberdade dos presos políticos, para derrotar o governo e por um plano de emergência à serviço das e dos trabalhadores.

Por isso temos sido parte da construção da assembleia de coordenação regional na cidade de Antofagasta com sindicatos da indústria, mineração, portuários, educação, saúde, transporte, junto ao Comitê de Greve dos Trabalhadores do Hospital Regional de Antofagasta, familiares de presos políticos e organizações sociais. Da mesma maneira atuamos em Santiago, em comunidades como Puente Alto e El Bosque junto aos trabalhadores da saúde e do Hospital Barros Luco de San Miguel.

O enorme rechaço à direita e à herança do regime pinochetista nas urnas é fruto do questionamento aberto pela rebelião chilena de 2019, inclusive o alto peso de abstenções expressa a saturação do povo chileno. Apesar das manobras do regime e das traições das direções reformistas, a juventude e os trabalhadores chilenos demonstraram novamente que podem retomar a luta de 2019 para acabar com este regime que levou milhões de trabalhadores aos piores sofrimentos.

A juventude espanhola que quer o fim da monarquia, herdeira do franquismo

No Estado Espanhol, o rechaço à monarquia é massivo entre os jovens. Nossos companheiros da juventude Contracorriente já demonstraram isso há dois anos, quando organizaram referendos nas universidades, onde mais de 100 mil jovens votaram contra a monarquia herdeira do franquismo, pilar de uma democracia dos ricos e parte dos negócios das grandes empresas e do imperialismo espanhol.

Tamanho é o reacionarismo da monarquia que, no fim de fevereiro, milhares de jovens e estudantes foram às ruas de Barcelona, Madri e outras cidades contra a prisão de um rapper. Ele foi acusado de injúria contra a Coroa após publicar uma música em que dizia que os Bourbons, uma família de vida luxuosa que vive às custas do povo enquanto a miséria e o desemprego se alastram, são ladrões.

A juventude do Estado Espanhol também foi às ruas para expressar o seu ódio contra a repressão policial ordenada pelo governo progressista e pelo governo catalão em defesa da reacionária monarquia e de mais ataques neoliberais, e fez uma enorme paralisação contra a exploração capitalista onde 50% dos jovens trabalhadores pararam.

A geração da Greve pelo Clima: Contra o capitalismo que destrói a natureza e o nosso futuro

No mundo inteiro, em nome do lucro do agronegócio, grandes extrativistas, empreiteiras e indústrias poluentes, o capitalismo destrói a natureza, nossos recursos naturais e condições de vida.

Nessa sexta-feira (21), milhares de estudantes de 47 cidades da Austrália retomaram as chamadas greves estudantis pelo clima, ou “sextas pelo futuro” (Fridays for Future). Mesmo debaixo de chuva, milhares de jovens secundaristas foram tomaram as ruas contra o ecocídio promovido pelo capitalismo. O chamado para o dia veio após o governo australiano anunciar que vai investir 600 milhões de dólares em uma nova termelétrica.

Lembremos que, mesmo durante a pandemia, no dia 25 de setembro de 2020 as ruas do mundo todo foram tomadas pelas novas gerações em luta pelo futuro. Com máscaras e distanciamento social, centenas de milhares voltavam às ruas em mais de 3.200 lugares do mundo, em todos os continentes e inclusive na Antártida.

No Brasil de Ricardo Salles, dos desastres das barragens e das queimadas na Amazônia e no Pantanal, nós da Juventude Faísca estivemos nas ruas de norte a sul do país defendendo o futuro da juventude que se vê ameaçada pela sede capitalista. Nessa luta, levantamos que só a unidade com a classe trabalhadora pode dar uma solução à devastação ambiental capitalista, e reivindicamos os grandes exemplos da luta dos petroleiros da Grandpuits Total, da França, onde os trabalhadores ameaçados de demissão se uniram com o movimento ecologista contra a mentira da patronal, que alegava estar fazendo uma “transição verde”.

Plenária aberta da Faísca e do Pão e Rosas (23/5): batalhar ao lado dos trabalhadores, contra os cortes, a pandemia, Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas!

Como expressamos em nosso chamado, a UNE, maior entidade estudantil do país e dirigida majoritariamente pelo PT, PCdoB e Levante Popular, deveria se colocar a serviço de organizar o conjunto dos estudantes pela base e ao lado dos trabalhadores contra os cortes e ataques, a pandemia, a fome e o desemprego, e também contra Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas.

Na realidade, o “Fora Bolsonaro” como levantam, por fora de batalhar contra o conjunto dos atores do regime político, acaba sendo uma política bastante funcional a esse regime golpista, apostando suas cartas no impeachment que levaria ninguém menos que o saudosista da ditadura militar, General Mourão, ao poder. Também apostam nas eleições de 2022, há mais de um ano daqui e o que é uma ilusão. Esta linha política é seguida pelo conjunto da Oposição de Esquerda, composta por organizações do PSOL, PCB e UP. Batalhamos para que revejam essa posição e que possamos construir um polo anti-burocrático conjuntamente.

Para nós da Faísca, a única forma de apresentar uma saída mais de fundo para as nossas demandas é se enfrentando com o conjunto das instituições desse regime político, que quando querem se unificam rapidamente para nos atacar. Por isso defendemos uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que seja imposta pela nossa luta e que possa transformar as regras do jogo e não apenas substituir os jogadores.

Numa Assembleia Constituinte como essa, poderíamos batalhar pela revogação do conjunto das reformas que destroem o nosso futuro e colocar um basta nos cortes na educação através da revogação da Lei do teto de gastos.

Participe da plenária nacional aberta da Faísca e do Pão e Rosas neste domingo, 23/05, às 16h para debater conosco como batalhar contra os cortes ao lado dos trabalhadores para que sejam os capitalistas que paguem pela crise! Inscrições aqui.

 
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