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DIREITOS CIVIS DAS MULHERES SAUDITAS
As mulheres na Arábia Saudita votaram pela primeira vez!
Cynthia Lub
Barcelona | @LubCynthia

No último sábado (15/12), ocorreram eleições na Arábia Saudita, na qual as mulheres votaram pela primeira vez. Um feito histórico nos marcos da brutal opressão que sofrem as mulheres, que são proibidas de dirigir, viajar e estudar sem permissão de algum homem.

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A Arábia Saudita era o único país do mundo que proibia o direito de voto às mulheres. No último sábado (15/12), um total de 1.486.477 de pessoas se inscreveram para o censo eleitoral, entre elas 130.637 mulheres. Aqueles que foram às urnas tiveram que eleger entre um total de 6.917 candidatos, dos quais cerca de 979 eram mulheres nos 284 conselhos municipais que seriam eleitos em todo o reino.

Não obstante, as candidatas mulheres somente puderam realizar comícios ao vivo para mulheres, devido ao que a Comissão Eleitoral impôs, baseando-se na “sharía” ou “lei islâmica”, a segregação total dos sexos durante a campanha, assim como proibiu que os candidatos utilizassem fotografias em suas propagandas eleitorais ou realizassem discursos para pessoas do outro sexo.

No marco da proibição de direitos políticos e civis tão elementares às mulheres – sendo condenadas a chibatadas por conduzir algum veículo –, o direito ao voto das mulheres é considerado um feito histórico.

Esse direito está baseado em um decreto de 2011 promulgado pelo então rei Abdalá bin Abdelaziz, falecido em janeiro. Em função de outras reformas, as mulheres ascenderam ao Conselho Consultivo da Arábia Saudita, o “Shura” e, desde maio, a Comissão de Direitos Humanos deste órgão é presidida por Soraya Obaid, que dirige um grupo de seis mulheres e dois homens.

Porém, na Arábia Saudita continua se impondo uma brutal opressão sobre as mulheres, que são proibidas de dirigir, viajar, estudar, ou até sofrerem intervenções cirúrgicas de emergência sem a autorização de algum homem, seja um familiar ou tutor.

Através da chamada “custódia masculina”, ou “guardiões”, “mehrem”, se impõem proibições e limites aos seus direitos no casamento, na custódia dos filhos, ao divórcio, à escolha do local de residência, à propriedade, ao emprego e à educação. Na Arábia Saudita a doutrina wahabí – corrente religiosa pertencente ao ramo sunita do islã – e por meio da Polícia Religiosa, a Comissão de Promoção da Virtude e Prevenção do Vicio se encarrega de garantir que todas essas imposições sejam respeitadas.

Toda a imprensa Ocidental tem escrito sobre o feito de que as mulheres puderam votar pela primeira vez, denunciando esse reino ultraconservador, cujo “atraso e barbárie” e “choque de civilizações” com o “avançado” ocidente, se demonstra na forma de se tratar a mulher.

Não é a primeira vez que analistas, jornalistas e articulistas dos grandes meios de comunicação da Europa e dos Estados Unidos difundem a ideia de que o “exemplo do atraso, da barbárie, e da falta de democracia” destes países é a situação de desigualdade e opressão à mulher.

Que a monarquia petroleira da Arábia Saudita é uma ditadura brutal não é nenhuma novidade. Entretanto, ela é a aliada predileta das “democracias ocidentais” no Oriente Médio, exercendo um papel central na guerra na Síria, armando e financiando grupos opositores a Al Assad, como parte de seus enfrentamentos com o Irã na região. Sua localização geopolítica global exerce uma função de aliado privilegiado do “Ocidente”.

Significativas mostras de resistência das mulheres sauditas

A resistência das mulheres na Arábia Saudita tem várias expressões. Uma delas foi quando desafiaram a proibição de dirigir, que começou com reivindicações de reconhecidas escritoras durante protestos como os de 2011 – no contexto dos processos da “Primavera Árabe”, através dos quais mulheres foram protagonistas das revoltas e das greves. Com o lema “Women to drive” (mulheres pelo direito de dirigir), lançaram uma campanha na qual quase 50 mulheres sauditas se filmaram pilotando um carro, difundidos via Youtube.

Essas campanhas foram aumentando, gerando diferentes formas de resistência e iniciativas de luta por seus direitos, mesmo que acabassem em duríssimas medidas repressivas. Uma das mais conhecidas tem sido a campanha #Iwilldrivemyself (eu me conduzirei) no Twitter, difundida com imagens em todas as redes sociais.

Porém, como anunciaram em um site que impulsionava essa campanha: “Não se trata simplesmente de um veículo conduzido por uma mulher, se trata de reconhecer a humanidade da metade de nossa sociedade”. Quer dizer, são campanhas que expressam a resistência contra a profunda opressão que sofrem as mulheres.

 
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