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OPINIÃO
Após sete anos, banco central aumenta a taxa de juros dos EUA
Flávia Silva
Campinas @FFerreiraFlavia

Entenda alguns impactos do aumento nas taxas de juros dos EUA para o Brasil. A decisão do Banco Central dos EUA pode desencadear novos aumentos nas taxas de juros na América Latina. No Brasil, veremos maiores pressões para o ajuste em meio ao temor dos empresários de uma "fuga de capitais" que aprofundaria a crise econômica.

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O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) afirmou nesta quarta-feira que irá elevar a taxa básica de juros perto de zero pela primeira vez desde dezembro de 2008 e enfatizou que deve subir os juros gradualmente depois disso.

Os dirigentes do Fed declararam, nesta-quinta feira, que irão elevar a taxa em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 0,25% a 0,50% e irão ajustar sua estratégia à medida que avaliarem a performance de queda na inflação e crescimento econômico.

O BC norte-americano manteve a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para este ano em 2,1% em relação à projeção feita na reunião em setembro. Por outro lado, em 2016, a economia do país deve crescer 2,4%, ante estimativa de setembro de 2,3%, enquanto a previsão de expansão para 2017 permaneceu em 2,2% e a de 2018 ficou em 2,0%. Em relação ao emprego, as autoridades do Fed acreditam que a taxa de desemprego termine o ano de 2015 em 5%.

O Fed manteve a previsão de inflação em 2015 em 0,4% em relação a projeção de setembro. Para 2016, a estimativa mais recente é de 1,6%, de 1,7% em setembro, e para 2017 a projeção ficou mantida em 1,9%.

A reação na América Latina: aumento nos juros

No Brasil, o Banco Central do Brasil já indicou que pode retomar, em janeiro, um ciclo de aperto que começou em abril de 2013 - elevando a taxa Selic de 7,25% para 14,25%. Espera-se que a economia encolha 4% neste ano, e a inflação está acima dos 10%, enquanto o real se desvalorizou 30% contra o dólar no último ano

Já no México, a decisão “seguir o exemplo” dos EUA e aumentar as taxas de juros no país, é mais difícil, já que, com a inflação baixa as taxas de juros estão mantidas em 3%, apesar de uma queda de 14% no valor do peso mexicano contra o dólar no último ano. O comitê do Banco do México vai se reunir na quinta-feira para decidir se, assim como o Fed, aumenta a taxa de juros.

Para os bancos centrais do Chile, Peru, Colômbia, que, assim como o Brasil, já aumentaram as taxas de juros em resposta à inflação acima da meta, a escolha é se devem apertar ainda mais a política monetária, ou seja, aumentarem ainda mais a taxa de juros, desvalorizarem mais a moeda e assim empurrarem para os salários o custo da crise.

Impactos no Brasil

O aumento na taxa básica de juros dos EUA para 0,50% ao ano, é uma medida que beneficia sobretudo os grandes bancos norte-americanos que assim poderão aumentar seus rendimentos. É uma medida do Banco Central do país, que após 7 anos de crise econômica mundial período no qual predominou a política econômica de afrouxamento monetário, ou seja, de “oferta de dólares baratos”, que inundaram o mundo em mais de US$ 3,5 trilhões e foi nesta onda de desvalorização do dólar a nível mundial, que tornou as mercadorias norte-americanas mais baratas (inclusive os salários – com a desvalorização dos salários internamente e o crédito), o que se tornou uma medida imperialista para conter os efeitos recessivos da crise econômica mundial na maior potência do mundo.

Porém, uma série de fatores, após quase uma década, se somam para que neste momento, os EUA decidam novamente, aumentar os juros, e, assim iniciar um movimento de contração da oferta de dólares na economia mundial. Esta decisão ocorre em meio ao esgotamento do ciclo de valorização dos preços das commodities (com forte queda nos preços do petróleo e minério de ferro), a redução no ritmo de crescimento da economia chinesa e num quadro de recessão em importantes economias da América Latina, e ainda, diante de uma importante crise geopolítica envolvendo a guerra na Síria.

Para o Brasil, em particular, o aumento nas taxas de juros nos EUA reforça a pressão imperialista por mais ajustes e que estes se acelerem no tempo, a custo de os “investidores” se afastarem do país com o “receio de perderem seus ganhos”. Já que, com os juros mais altos nos EUA, a rentabilidade de investir nos papéis do Tesouro norte-americano aumenta, o que atrai os dólares dos bancos e empresários que estejam fora dos EUA, para “voltarem” ao país. Este movimento, tenderia a favorecer um processo de “fuga de dólares” do Brasil e demais países da América Latina, para os EUA. O Banco Central do Brasil correria para conter esta possível “fuga” (agora mais favorecida ainda pelo contexto interno de crise política e o recente rebaixamento da nota de crédito), deve aumentar ainda mais a taxa Selic para o próximo ano.

Ou seja, aqui no Brasil, o aumento dos juros nos EUA, significa dólar ainda mais caro, juros mais altos, crédito mais caro, aumento nos preços dos produtos importados e desvalorização do real, que na prática, representa também, a desvalorização dos salários dos trabalhadores (salário este que já está sendo abocanhado pelo aumento da inflação e dos impostos, taxas e tarifas pelo ajuste fiscal do governo Dilma) em dólares, favorecendo assim empresários exportadores e grandes bancos e o imperialismo que está de olho no “espólio” resultante da crise econômica, das privatizações, concessões e falências de empresas locais.

 
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