Seguindo a esteira da saída da Ford, que informou a sua saída do Brasil em 11 de janeiro, a Sony também encerrará a produção no país agora no fim de março, com exceção à prestação de alguns serviços, como assistência técnica ao PlayStation, um item de alto valor agregado e importado.
Com o fechamento das três unidades da Ford no Brasil, na Bahia, em São Paulo e no Ceará, os trabalhadores ligados à empresa direta e indiretamente sofrerão danos bilionários. São 5 mil demitidos entre os trabalhadores com ligação direta, entretanto o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta a perda potencial de postos de trabalho será muito maior: 118.864 mil postos de trabalho diretos e indiretos e serão encerrados em 2021. Isso é equivalente a mais de R$ 2,5 bilhões de perda em massa salarial aos trabalhadores.
Vale lembrar que apenas o setor automotivo recebeu cerca de R$ 69 bilhões em incentivos públicos, como parte das centenas de bilhões que a indústria e outros setores receberam em isenções de impostos, desoneração da folha de pagamentos, subsídios no preço da energia e no custo de empréstimos etc.
Tanto as demissões em massa da Ford e, agora, da Sony representa um novo momento do neoliberalismo em que o custo de produção já excede a expectativa capitalista para produzir lucros cada vez maiores. Mesmo com imensos incentivos fiscais, subsídios e reformas que melhor exploram a força de trabalho, como a reforma trabalhista e da previdência, a "fuga" desta multinacionais decorre de uma crise do capitalismo em 2008 que faz ser impossível alcançar os mesmos lucros agora que nos anos anteriores.
Após o golpe institucional de 2016, além do desemprego e da precarização do trabalho ter avançado brutalmente, a classe trabalhadora segue carregando os pesos da crise capitalista, com os desinvestimentos na saúde, educação, corte de direitos trabalhistas, entre outros ajustes. Portanto, é urgente que as centrais sindicais saiam de sua paralisia, que lutem por greves massivas contra as demissões e pelo redirecionamento industrial das fábricas fechadas, para manter os empregos, salários e produzir itens de alta necessidade, equipamentos médicos, como respiradores e oxigênio para hospitais públicos, conduzindo uma gestão operária das fábricas para uma produção de acordo com as necessidades imediatas da pandemia, por exemplo.
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