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OPINIÃO
Dilma e Cunha em: jogos, trapaças, acusações de mentira em dois canos fumegantes
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

Eduardo Cunha e Dilma e vários ministros de seu governo trocaram várias acusações todo o dia. As negociações de coxia agora estão virando trocas de acusações nos holofotes.

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Já no primeiro dia de abertura do processo de impeachment contra a Presidente Dilma Rousseff (PT) as trocas de farpas, acusações e a manipulação de informações aumentam nos decibéis entre o Planalto e o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB).

Em pronunciamento na noite de quarta-feira, 02/12, a Presidente diz ter recebido “com indignação” a decisão de Cunha e alfinetou diretamente o Presidente da Câmara, acusado de mentir na CPI da Petrobrás, “não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi, ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses” e negou ter havido qualquer tipo de negociação com Cunha na tentativa de evitar o impeachment em troca de poupá-lo no Conselho de Ética “Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha”.

Essa última afirmação, porém, difere das declarações destoantes entre os ministros do Planalto e os parlamentares do PT no Conselho de Ética que o resto dos brasileiros acompanhou nos últimos dias. E mais ainda, difere da atuação explícita do ex-presidente Lula em buscar nos bastidores garantir uma divisão de tarefas no partido entre quem bate e quem assopra. Por um lado incentivava os movimentos sociais a baterem no Cunha para desviar a foco da população sobre os ataques e ajustes que a Presidente da República efetivava enquanto os parlamentares do PT assopravam o Presidente da Câmara para garantir a aprovação exatamente desses ataques e ajustes.

Mais ilustre ainda sobre essa barganha que o Planalto tentou costurar com o Presidente da Câmara são as declarações de Cunha de que Dilma haveria procurado pessoalmente André Moura (PSC), aliado de Cunha, para barganhar a recriação da CPMF em troca do arquivamento do processo de cassação do mandato do peemedebista no Conselho de Ética da Câmara. "A presidente mentiu à nação quando fez o seu pronunciamento e disse que seu governo não autorizava qualquer barganha. Ela estava participando de uma negociação. O ministro Jaques Wagner levou André Moura ao gabinete da presidente e ela queria que tivesse o comprometimento com a aprovação da CPMF", disse.

Nesse jogo de acusações, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, rebateu as declarações de Eduardo Cunha e disse que o peemedebista é quem mentiu e que, com a deflagração do processo de impeachment, o governo se livrou de chantagem. "Agora isso tudo sai da coxia e vai para o palco; acaba a chantagem". Oras, mas se havia uma chantagem, é porque havia algo em troca. Se um lado chantageia é porque o outro tem algo a barganhar...

Tentando aparecer como partido idôneo nesse imbróglio de sujeira e lama, o senador Aécio Neves (PSDB) também se pronunciou sobre as barganhas do Planalto “A presidente mentiu ao dizer que não aceitaria barganha para trocar os votos no Conselho de Ética da Câmara. Os seus principais ministros negociaram esses votos durante todos os últimos dias sem que ela se opusesse de forma clara a isso”.

Mas sobre a barganha que o PSDB, DEM e a oposição de direita fizeram o ano todo para sustentar Cunha em troca da abertura do processo de impeachment, o ex-candidato a Presidente da República diz que “os votos do PSDB continuam sendo pela continuidade da investigação”. Ele só esquece que nesse jogo de chantagem, o PSDB apoiou Cunha até novembro deste ano e só desembarcou após ter sido cobrado por não se posicionar em relação às acusações de que Cunha teria contas não declaradas na Suíça. O partido nem sequer assinou o pedido de cassação do peemedebista protocolado no Conselho de Ética da Câmara.

O presidente da Câmara chantageava tanto o governo quanto a oposição e, portanto, tanto o PT, quanto o PSDB tinham algo a barganhar com Cunha para aceitar a chantagem. A abertura do impeachment é a consagração da chantagem anunciada, ao mesmo tempo, é o começo de uma etapa onde continuarão as barganhas políticas de coxia mas ganha mais força as trocas de favores e trapaças em frente aos holofotes. Da democracia dos ricos não podemos esperar nada além de lama, venha ela por via da negligência de empresas privatizadas ou pelo via das disputas pelo controle da máquina pública e do Tesouro do Estado.

 
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