Segundo os dados oficiais marroquinos, ao menos 26 pessoas morreram em oficina têxtil clandestina em Tânger. A fábrica foi inundada, após chuvas torrenciais que ocorreram na madrugada desta segunda-feira e causaram enchentes em todas as favelas da cidade. Os trabalhadores foram eletrocutados. De acordo com o site Le360, doze conseguiram ser resgatados. O local da indústria clandestina era o bairro Branes II e não atendia aos requisitos de segurança para oficinas de confecções.
O Marrocos, que tem na indústria têxtil uma de suas principais atividades econômicas, junto à pesca e ao turismo, tem se tornado importante exportador para o Brasil. No primeiro semestre de 2020, seus produtos têxteis geraram receita cambial de R$ 6,99 milhões, com principalmente peças de vestuário ao Brasil. O país também abastece enormemente o mercado europeu.
Enquanto os imigrantes marroquinos enfrentam xenofobia e violência policial na Europa, é às custas de trabalho precário, capaz de assassinar barbaramente trabalhadores, que são fabricados peças de roupas e tecidos para o continente e para o globo. Essa é a face mais brutal do imperialismo. Também revela o profundo do setor têxtil, que é permeado de denúncias de trabalho escravo e infantil, por trás de grandes grifes de luxo.
Tânger, a segunda cidade mais importante economicamente no Marrocos, abriga o porto de Tânger Med, que representou um elemento de atração ao capital estrangeiro no Norte da África, contando com multinacionais como a Renault e o grupo PSA Peugeot-Citröen. Por isso, a orla da cidade vem sendo reconstruída, tornando-se mais atrativa ao turismo, com hotéis cinco estrelas em sua costa. A pompa esconde as reais condições de trabalho que enfrenta a massa precarizada no país.
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