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CONIVÊNCIA
Em encontro com Piñera, Alberto Fernández não se manifesta sobre violações de direitos humanos no Chile
Redação

O Presidente argentino expressou apenas elogios ao mandatário chileno: “muitas vezes se olha para as diferenças e não às semelhanças”, disse. Cumplicidade inaceitável diante de um governo Piñera questionado internacionalmente pela brutalidade nos métodos repressivos contra manifestantes e por diversos encarceramentos políticos.

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Na terça-feira, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, se reuniu com seu par trans-andino Alberto Fernández, em visita no marco de um novo salto nos contágios por coronavírus em ambos países, com a classe trabalhadora e o povo pobre como as principais vítimas.

Após um cerimonial onde Fernández homenageou ícones patriotas chilenos, em frente à sede do governo chileno, Piñera comunicou: “essa visita é reflexo da vontade e do compromisso de ambos governos em seguir estreitando os laços de amizade e de colaboração, que são profundos e muito antigos. Mantemos esses laços desde o nascimento das repúblicas”.

Por sua vez, Fernández, logo após parafrasear Perón para buscar explicar a importância da unidade entre ambos países, disse : “se estivéssemos mais juntos, teríamos atravessado melhor essa pandemia”.

A agenda da reunião e os acordos

De acordo com o anunciado por distintos meios de imprensa, ambos mandatários abordaram uma série de temas durante a reunião, tendo como centro a necessidade de desenvolver uma relação de cooperação bilateral entre ambos países, junto a uma série de arestas intercaladas onde se abordou desde a própria crise sanitária, até assuntos comerciais e meio-ambiente.

As primeiras assinaturas dos tratados foram realizadas pelos ministros de saúde dos dois países, Ginés González García e Enrique Paris, em um documento que se conhece até agora como o “Acordo de Cooperação Saúde”, tratando da mitigação dos efeitos da pandemia entre os países.

No caso da Chancelaria e Relações Internacionais, foram assinados entre os ministros correspondentes acordos sobre "Reconhecimento Recíproco e Troca das Habilitações de Condução”, e um “acordo de troca de notas para o estabelecimento do Sistema de Controle Integrado na passagem da Fronteira de San Sebastián, na modalidade de eixos duplos para passageiros e cargas”.

Por último, Fernández e Piñera assinaram um “Tratado de declaração presidencial conjunta”.

Fernández e seu rotundo silêncio sobre os direitos humanos

No entanto, Fernández, que vinha reivindicando ter “terminado com o patriarcado” após a aprovação da lei de legalização do aborto no senado argentino, não se referiu em nenhum momento às múltiplas violações de direitos humanos levadas a cabo pelo governo de Sebastián Piñera, tampouco sobre as 2.500 presas e presos políticos da revolta de 2019 que ainda se encontram privados de liberdade. Embora não seja estranha essa cumplicidade proveniente de seu setor, o peronismo, que não poupou medidas repressivas em situações como a reintegração do terreno das ocupações em Guernica, onde centenas de famílias com suas crianças foram brutalizadas por balas de borracha, gás lacrimogêneo e incêndio das casas improvisadas.

Essa camaradagem entre Piñera e Fernández só reforça a decomposição dos governos que, autoproclamando-se progressistas, mantém absoluto silêncio diante de um governo criminoso, manchado com sangue de dezenas de mortos, centenas de perdas e traumas oculares, e múltiplos casos de abuso e violência cometidos por agente uniformizados contra o povo trabalhador.

A agenda compartilhada pelos governos vizinhos do Brasil mostra que tanto a nossa extrema direita, quanto a direita neoliberal no chilena e o progressismo burguês argentino, descarregam a crise sobre a classe trabalhadora e os setores populares enquanto os ricos, os grandes empresários e suas fortunas, são blindados com leis feitas sob medida. Fernández, Piñera e Bolsonaro no Brasil, todos são cúmplices da miséria que assola em crescente o continente. Que continuem a soprar os ventos da luta de classes e que, de uma vez por todas, sejam os grandes empresários os que paguem pela crise em que nos encontramos.

 
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