A Ford anunciou nesta segunda-feira, 11, o fim de uma história de um século de produção de carros no Brasil. A montadora, que já tinha encerrado a produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, comunicou que vai fechar neste ano as demais fábricas no País: Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka, Taubaté (SP), que produz motores, e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.
Segundo informações do sindicato, somente em Camaçari o fechamento da fábrica acarretaria a demissão de mais de 10 mil trabalhadores, isso sem levar em conta a reação em cadeia do impacto que pode ter em outras fábricas fornecedoras de peças para a montagem dos automóveis.
Serão mantidos no Brasil a sede administrativa da montadora na América do Sul, em São Paulo, o centro de desenvolvimento de produto, na Bahia, e o campo de provas de Tatuí (SP).
Em comunicado, a Ford informa que tomou a decisão após anos de perdas significativas no Brasil. A multinacional americana acrescenta que a pandemia agravou o quadro de ociosidade e redução de vendas na indústria.
"A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável", afirmou, em nota, Jim Farley, presidente e CEO da Ford.
Essa decisão escancara a irracionalidade capitalista, enquanto milhares de trabalhadores estão morrendo pelas consequências da Covid-19, devido a falta de leitos de UTIs, os grandes capitalistas que só se preocupam com seus lucros preferem intensificar a crise capitalistas colocando milhares de trabalhadores nas ruas ao invés de reconverter a produção e utilizar toda a estrutura da fábrica para o combate a pandemia.
A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021.
As vendas do EcoSport e do Ka serão encerradas assim que terminarem os estoques. A empresa informa que vai trabalhar "imediatamente" em colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano "justo e equilibrado" para minimizar os impactos do encerramento da produção. Primeira indústria automobilística a se instalar no Brasil, a Ford está no Brasil desde 1919.
Até o fechamento dessa nota os sindicatos dos trabalhadores da Ford não tinham emitido um posicionamento oficial sobre esse anuncio. A decisão de fechar as linhas de manufaturas brasileiras segue uma reestruturação dos negócios na América do Sul, que tende a impactar setores estratégicos da classe operária do continente.
A montadora diz que seguirá importando no Brasil utilitários esportivos, picapes, como a Ranger, e veículos comerciais de fábricas da Argentina, Uruguai e outras origens, mantendo "assistência total" ao consumidor brasileiro com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia.
Informou ainda que planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados.
Enquanto isso, milhares de famílias se veem de uma hora para outra sem a sua fonte de sustento, diante da pandemia e do agravamento da crise econômica. É urgente que os sindicatos convoquem um plano de lutas, com assembleias e reuniões que permitam os trabalhadores debater como podem se organizar para impedir as demissões e esse grande ataque contra a classe trabalhadora.
Com informações da agência do Estado
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