www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
CORRUPÇÃO
Senador Delcidio Amaral (PT) é preso, suspeito de atrapalhar Lava Jato
Iuri Tonelo
Recife
Ver online

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação nesta quarta-feira, 25, que levou à prisão do senador Delcidio Amaral (PT-MS), investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de destruir provas contra ele e prejudicar as investigações.

A prisão de Delcídio foi motivada pela tentativa de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras NestorCerveró mencionasse ele e o banqueiro André Esteves - também detido hoje - em sua delação premiada. Uma conversa do petista foi interceptada pela Polícia Federal.

Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo.

O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai.

Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma do STF dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte será reservada - algo raro.

De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido de Teori, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras.

Opinião

Por Iuri Tonelo

É um novo feito dos escândalos de corrupção no Brasil: mesmo com arqui-oligárquico senado brasileiro, que cria mecanismos de blindagem dos senadores praticamente invensíveis, o Partido dos Trabalhadores conseguiu se superar na corrupção e ter o primeiro senador preso em exercício.

Com uma denúncia direta de impedir o desenvolvimento da operação, oferecendo propina para ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Ceveró, tal notícia teria caído como uma bomba há poucos meses, quando o tema do impeachment estava mais em voga; pois não se trata de um nome qualquer, mas do líder do PT no senado, um dos principais articuladores do partido, nome forte do ajuste fiscal, que é a principal política de Dilma Rousseff.

No entanto, qual vai ser o impacto no regime político na atual conjuntura ainda terá de se ver a reação dos partidos dominantes – o que reina até agora é um grande silêncio. Por um lado, o opositor do governo tido como o que seria o grande agente do impeachment, Eduardo Cunha, está mais enlameado na corrupção que qualquer político, sem qualquer poder de ser sujeito em retomar as discussões contra o governo.

O PSDB também não tem encontrado espaço para grande protagonismo e, ao contrário, tem se mantido mais parcimonioso em prol da unidade pelo ajuste fiscal. Ademais, sendo o partido que privatizou a Vale que produziu uma das maiores tragédias ambientais do país, não está com grande entusiasmo em suas políticas neoliberais para se oferecer como qualquer alternativa. A lama da corrupção é do tamanho da lama da privatização da Vale.

De todo modo, o PT entra num problema para pensar a sucessão no senado. Nomes como Gleisi Hoffmann e Humberto Costa, possíveis sucessores, estão também ligados a operação Lava-Jato.

Há que se avaliar se com essa prisão se pode abrir espaço para novas prisões de políticos, o que abriria uma nova fase da operação Lava-Jato; o que não está claro é se os partidos dominantes terão que como se equilibrar entre o jogo político e a enorme instabilidade que a combinação da crise econômica com a crise política (e os intensos ataques aos trabalhadores e a juventude) trazem para a situação.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui