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Crime de ódio: morador de rua é incendiado no Distrito Federal
Comitê Esquerda Diário DF/GO
Luiza Eineck
Estudante de Serviço Social na UnB

Na madrugada desta sexta-feira, 23, um morador de rua foi incendiado e teve 35% de seu corpo queimado em Taguatinga-DF. Esse tipo de crime de ódio recorrente no planalto central expressa o profundo desprezo que a população mais pobre e vulnerável sofre, fruto da miséria gerada pelo sistema capitalista.

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Enquanto dormia, Reginaldo, 42 anos, teve seu corpo incendiado por volta das 5h30 da manhã, sendo depois encontrado na marquise abaixo do prédio da Caixa Econômica Federal com queimaduras de 1º e 2º graus que atingiram seu rosto, tórax e membros superiores. Ele, agora, se encontra internado HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).

Uma câmera de segurança captou imagens de um suspeito encapuzado, ainda não identificado por Reginaldo. As imagens fortes e tristes publicadas mostram a agonia do morador de rua ao tentar apagar o fogo rolando na lama.

Infelizmente, este odioso crime não é um acontecimento isolado no Distrito Federal, já houveram inúmeros casos de pessoas que foram queimadas no Planalto Central, dentre eles o mais emblemático é o do índio Galdino, queimado há 23 anos na Asa Sul. Galdino estava dormindo em um ponto de ônibus quando foi queimado vivo, tendo, inclusive, um de seus assassinos dizendo ao público o absurdo: “desculpa, pensei que era um mendigo", como se isso fosse justificativa para matar alguém a sangue frio.

Leia mais em: Há 23 anos, índio Galdino era assassinado na Asa Sul

A justificativa nada mais, nada menos é a miséria gerada pelo sistema capitalista e endossada pela política reacionária do governador Ibaneis Rocha que há meses vem atacando as pessoas em situação de rua no Distrito Federal com sua política higienista e racista em favor dos empresários aliados desse governo podre. O crime dessa madrugada é a expressão material disso.

A violência contra os mais pobres, em especial para os que não têm direito a moradia, é um sintoma escancarado da miséria social provocada pelas relações capitalistas, que em momentos de crise, como a que vivemos, gera contradições ainda mais expostas e respostas reacionárias, odiosas e desumanas como a higienização social por meio da violência ou pela imposição de autoridade como vem acontecendo no Setor Comercial Sul, onde no mês passado moradores de rua tiveram seus pertences levados à força pela polícia gerando uma revolta local.

Essa política reacionária de Ibaneis resulta em outra vitória do governo Bolsonaro e dos capitalistas contra a classe trabalhadora e os mais pobres, que aqui no Brasil possuem rosto de mulher e de negros.

Essa é amarga realidade enfrentada dia e noite pela população em situação de rua que correm o constante risco de morte apenas por não terem um teto sobre sua cabeça. Em meio a pandemia que já matou mais de 150 mil no Brasil é um absurdo ver que há pessoas em condições degradantes e desumanas como essa, sem condições básicas como moradia, saneamento e alimentação, sendo violentadas sistematicamente enquanto o governo gasta bilhões para proteger o lucro dos capitalistas.

Frente a isso, temos que colocar em perspectiva qual é a estratégia que queremos lutar para podermos avançar para uma sociedade onde todos possam viver e desfrutar da vida plenamente, uma sociedade de trabalhadores em ruptura com o mal de tudo isso: o capitalismo. Dessa forma, precisamos de um programa político consequente que rompa com a lógica do lucro, lutando por uma reforma urbana radical controlada pelos trabalhadores que combata o desemprego com um plano de obras públicas claro e coeso para que assim resolva o problema dos milhares desabrigados, ocupando, por exemplo, os domicílios e terrenos desocupados que estão à serviço da especulação imobiliária.

Apesar de em Brasília não termos eleições municipais, estamos em um período onde todo o Brasil está voltado para as eleições, inclusive terá em municípios do Distrito Federal, esse momento temos de questionar mais profundamente qual é a esquerda queremos e lutar para construí-la questionando o regime de conjunto. Uma esquerda que atue não apenas em notas de repúdio em conluio com partidos golpistas e burgueses, mas que construa junto aos trabalhadores em suas diferentes condições, uma sociedade na qual não possam mais existir crimes absurdos de ódio como esse e muitos outros direcionados aos moradores de rua. Uma realidade em que todos sejam de fato cidadãos na materialidade, com acesso à moradia, educação, saúde e emprego. Isso é o que as candidaturas do MRT defendem, em São Paulo com a Bancada Revolucionária, em Porto Alegre com a Valéria Muller e em Contagem-MG com a Flávia Valle.

Que os capitalistas paguem pela crise! Justiça para Reginaldo!

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