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REABERTURA DAS ESCOLAS
A comunidade escolar tem que definir sobre o retorno das aulas e não o judiciário, Zema ou políticos super-ricos
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

O governo de Romeu Zema tentar impor o retorno das aulas é um verdadeiro absurdo.

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Foto: Assembleia na Escola Estadual Helena Guerra, em Contagem, onde sou professora. 2016.

O retorno das aulas se transformou em tentativas de campanhas eleitoreiras. Essa disputa envolve o oportunismo dos políticos como Zema e Kalil, liminares judiciais, protocolos e prazos de retorno. Tudo para responder às pressões de empresários da educação e da Fiemg. Mas não envolve preocupação alguma com a saúde e vida dos estudantes e seus familiares e dos trabalhadores da educação, já que a comunidade escolar não foi consultada em nenhum momento para saber como e quando retornarem às aulas.

O governo de Romeu Zema tentar impor o retorno das aulas é um verdadeiro absurdo. O mesmo que disse que o vírus tinha que viajar, que abriu de forma irresponsável um hospital de campanha que sequer foi usado, que tem os maiores números de subnotificação e que sequer garantiu testes para trabalhadoras da saúde.

Preparam-se para colocar novamente nossa vida em risco. Nos meses prévios não houve movimentação para garantir estrutura adequada de escolas para receber os estudantes e trabalhadores da educação. Escolas que antes mesmo da pandemia já não tinham as condições mais elementares como ventiladores, água e sabão, papel, bebedouros! Em Contagem, Alex de Freitas tentou impor as piores condições possíveis para o ensino remoto, atacou o quadro administrativo em plena pandemia. Um retorno feito por governantes desse tipo será mais uma medida criminosa contra a vida da população.

É nossa vida que está em risco, ou seja, de centenas de milhares de estudantes e trabalhadores da educação. E mais sério ainda para as escolas que não estão nas áreas centrais das cidades e que serão esquecidas, enquanto “uma ou duas” escolas serão usadas de modelo pra fingirem que alguma medida está sendo tomada. E mais uma vez, quem serão os mais atingidos são as trabalhadoras da educação, que são maioria mulheres, e jovens negros, que são a maioria de nossos estudantes nas escolas públicas.

Mesmo essas escolas em que seja possível implementar algum tipo de protocolo de segurança, como “vitrines”, se garantirá a saúde e a vida das trabalhadoras terceirizadas nas escolas das redes municipais que pegam mais de um ônibus lotado para trabalharem na cozinha ou nas limpezas das escolas? Ou o governo continuará tratando essas mulheres, em sua maioria negras, invisíveis? As educadoras do grupo de risco poderão ficar em casa com seus direitos garantidos? Crianças que acabaram de ingressar no ensino fundamental terão seu direito de brincar em segurança? Ou voltarão às aulas por interesses eleitorais de governos e pelos lucros dos empresários e terão que se comportar como “mini-adultos”?

Em BH, não é possível ter nenhuma ilusão em Kalil. Que é o mesmo prefeito que corta benefícios que compõe o salário de trabalhadores da educação municipal. E que permite que escolas particulares sigam demitindo ou cortando a jornada de trabalhadores, descarregando a crise nas costas deles e delas. Kalil ataca os educadores e fecha os olhos para que os empresários sigam fazendo isso livremente, enquanto faz demagogia com nossas vidas apenas para seguir liderando as pesquisas eleitorais.

Também não é possível confiar no judiciário que foi pilar do golpe institucional e hoje retira direitos históricos de trabalhadores como recentemente fizeram com trabalhadores dos Correios. Pois quando é pra atacar trabalhadores, Bolsonaro e demais golpistas se unificam, como expressa de maneira sórdida o abraço entre Bolsonaro e o ministro do STF, Toffoli. A mesma justiça mineira que nunca puniu a Vale por seus crimes.

Mas a direção do sindicato de professores da rede estadual, SindUTE/MG, segue a mesma política do PT de confiar no regime fruto do golpe e aposta todas as fichas na queda de braços judicial contra Zema. Não têm nenhuma confiança na força dos trabalhadores e na sua organização. A mesma lógica seguiu a subsede de Contagem que frente à proposta de Reforma da Previdência na cidade optou por “pressionar os vereadores”; ou por fazer ações judiciais para requerer o auxílio alimentação do quadro administrativo. Por fora de mobilizar a categoria. Ou seja, medidas descoladas de uma luta real e da força que tem esse setor já tão precarizado mas que mostra a disposição de lutar sempre que pode.

Frente a essa situação, a deputada federal e candidata à prefeita, Áurea Carolina do PSOL defende fóruns de participação da comunidade escolar junto com a prefeitura. Essa posição tem um limite muito claro: espaços de debates assim foram feitos até pelo prefeito reacionário Bruno Covas, do PSDB de São Paulo. Pois eles sabem que no fim das contas será uma decisão que serão apenas eles a tomar, conforme os interesses de grandes empresários e não da população, mas com um ar supostamente democrático.

Apenas a auto-organização dos trabalhadores da educação junto às comunidades escolares, com suporte de nossos sindicatos e com apoio e posicionamento de trabalhadores da saúde e de especialistas aliados aos trabalhadores e ao povo (e não a Bolsonaro, Zema, Kalil e Alex) que pode garantir que seja a comunidade escolar quem realmente defina como e quando retornarem às aulas. Ou seja, considerando como está o nível de contágio real nas cidade e não em base aos dados subnotificados, como serão feitos os trajetos de ida e volta de todos os envolvidos, as questões de saneamento básico das escolas e comunidade, as condições das escolas, a saúde física e mental de trabalhadores, pais e estudantes, as práticas pedagógicas nesse período. Enfim, como nos relacionaremos com a educação e a pandemia em uma sociedade totalmente desigual e excludente com problemas estruturais tão profundos.

Para todas essas questões, a esquerda deveria colocar de pé um polo de independência de classe que tenha como tarefa a unidade de trabalhadores para enfrentar os ataques à saúde e educação e, nesse momento, organizar a batalha contra a reforma administrativa, que diz respeito também a batalhar por condições de trabalho dignas e de atendimento de qualidade a toda população. É preciso, para esse fim, se opor totalmente ao vale tudo eleitoral que faz o PT também nas eleições, e exigir que nos sindicatos onde são direção com a CUT, assim como o PCdoB com a CTB, que organizem os educadores para lutas.

É imprescindível que parlamentares, candidaturas da esquerda e nossos sindicatos estejam a serviço de uma política de independência de classe, pois ela é parte de fazer com que os capitalistas e empresários da educação paguem pela crise, e não nós, trabalhadores, jovens e crianças.

A comunidade escolar aliada aos profissionais da saúde que têm que decidir como e quando as aulas retornam. E essa luta que expressamos pela minha candidatura em Contagem é a mesma para favorecer que sejam anuladas todas as reformas que atacam os trabalhadores e o povo. O que pode ser feito enfrentando Bolsonaro e esse regime fruto do golpe, por via de uma nova constituinte imposta pelas lutas.

Não deixaremos expostas as trabalhadoras da educação do grupo de risco, as profissionais efetivas, designadas ou terceirizadas, o quadro administrativo e as ASBs, os jovens, as crianças e suas famílias para que capitalistas continuem lucrando e governos de direita trocando nossas vidas por votos. Eles que têm que pagar pela crise, não nós!

 
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