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ELEIÇÕES GUARULHOS
Guti quer se reeleger para seguir gerindo os ataques em Guarulhos
Bibi

O atual prefeito de Guarulhos (o mais jovem prefeito da cidade) tentará se reeleger esse ano pelo PSD de Kassab, tendo como vice o Professor Jesus (Republicanos). A sua candidatura está em função de dar sequência a uma lógica de privatizações e ataques aos trabalhadores.

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Uma gestão marcada por escândalos e ataques

Para falar de Gustavo Henric Costa (Guti), é razoável começar por sua gestão na prefeitura de Guarulhos, já que é candidato a reeleição. Eleito com um discurso anticorrupção e se apresentando como “nova política”, ironicamente a prefeitura de Guti foi marcada por escândalo atrás de escândalo. Seu atual candidato a vice, Professor Jesus, está ligado à denúncia de ter ajudado a abrigar Gilson de Araújo no gabinete de um vereador da base aliada do prefeito, quando Gilson foi acusado de um esquema de diplomas falsos na Proguaru para obter vantagens em cargos comissionados.

O atual prefeito também está metido na investigação por caixa dois para a campanha de 2016, em que teria feito um pagamento “por fora” ao jornal GuarulhosWeb; investigação por parte do MP pelo superfaturamento da compra de máscaras durante a pandemia e por ter contratado uma hamburgueria de Guarulhos (ao invés de restaurantes especializados) para fornecer comida aos trabalhadores dos hospitais de campanha; denuncia do ex-vice de desvios na educação; entre outras. Pelo que pode ser visto, a nova política se mostrou bastante parecida com a velha.

No que diz respeito diretamente à gestão, a inspiração do “mais jovem prefeito de Guarulhos” foi o então eleito no mesmo ano para a prefeitura de São Paulo, João Doria. Seguindo o neoliberalismo de Doria, terceirizou o atendimento do Hospital Municipal da Criança e do Adolescente (HMCA) e da Policlínica do Paraventi, privatizou o Hospital Municipal de Urgências (HMU), passou a cobrar pelo uso de quadras e ginásios públicos e tentou passar o Projeto de Lei n. 4865/2017, que permitia a privatização de espaços públicos como o Bosque Maia. Em 2019, aplicou a sua própria reforma previdenciária aos servidores municipais pelo RPPS (regime próprio de previdência social) e, este ano, aumentou a alíquota de contribuição de 11% para 14%.

A reintegração de posse no Pimentas, São Rafael, Jardim Cambará em 2017 no Bonsucesso, em Ponte Alta e em Cabuçu em 2018 são algumas das várias que aconteceram durante o mandato de Guti. Ao invés do prefeito se colocar contra as decisões da justiça e garantir moradia para os desabrigados e moradores de ocupações, se enfrentando com a especulação imobiliária, ficou em silêncio mostrando que não tem a menor preocupação com os setores mais pobres e precários da população.

Até agora, a COVID-19 já deixou o rastro de mais de 24.000 infectados em Guarulhos. A ausência de uma política de testes massivos por parte da prefeitura, reconversão das indústrias da região sob controle dos trabalhadores para produzir máscaras, EPIs, álcool em gel e tudo que fosse necessário para o combate à pandemia, e mesmo a falta de um programa para proibir as demissões na cidade demonstraram que os lucros das empresas valem mais que a vida dos trabalhadores. O saldo é de mais de 1.350 mortos até agora e demissões em massa na indústria e nos serviços (como o caso da recente de 2700 demissões da Latam,no Aeroporto de Guarulhos).

Trajetória política

Passemos então à sua trajetória política. Guti ingressou no empresarial Partido Verde em 2008 e foi eleito a vereador de Guarulhos no mesmo ano. Em 2012, conseguiu sua reeleição e, nas eleições de 2014, fez uma tentativa frustrada de se eleger como Deputado Federal com o slogan “Contra o PT, a favor de você” – que, mais tarde, ficara evidente que não dizia contra as traições do PT à classe trabalhadora, e sim contra a demora do PT em aplicar mais ataques a favor do empresariado.

Em 2015, migra para o PSB, no qual se manteve até este ano. Vejamos um pouquinho os movimentos recentes desse partido. Em 2016, ano do golpe institucional no Brasil – orquestrado pelo bonapartismo judiciário com a intenção de acelerar a precarização das condições de vida e trabalho das massas trabalhadoras –, o PSB votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e fez parte da base do golpista e antioperário governo Temer com Fernando Bezerra como ministro de Minas e Energia, além de uma parte do partido ter votado na reforma trabalhista e na reforma da previdência.

Este ano, Guti resolveu sair do PSB para tomar um curso ainda mais à direita, filiando-se ao PSD, partido fundado e presidido pelo fisiológico ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O partido – que compõe o esgoto do chamado “centrão” – votou a favor do golpe, a favor da reforma da trabalhista e da reforma da previdência (dois absurdos ataques às condições de vida da classe trabalhadora) e foi base do governo Temer com Kassab como ministro das Comunicações, que prometia privatizar os Correios, e o banqueiro Henrique Meireles como ministro da Fazenda. Também faz parte do PSD Ricardo Patah, presidente da patronal e mafiosa central sindical UGT. Guti migra para o PSD no momento em que o partido (junto com outros partidos do centrão) busca se aproximar da família Bolsonaro em troca de apoio do clã. Certamente fará uma gestão mais à direita, caso seja reeleito.

Seguindo o caminho direitista e fisiológico, Guti escolheu como vice para concorrer a reeleição o “Professor Jesus”, atual presidente da câmara dos vereadores de Guarulhos. Expulso do DEM de Rodrigo Maia, Professor Jesus hoje está filiado ao Republicanos (ex-PRB), partido também do esgoto do centrão, que votou a favor do impeachment, reforma trabalhista e previdenciária, ligado à Igreja Universal tendo um bispo como presidente. Com essa filiação partidária, fica claro que são inimigos dos trabalhadores, das mulheres, negros e LGBTs.

Uma saída para os trabalhadores

Com essa bagagem, está claro que, nesse momento de crise capitalista mundial, caso seja reeleito, seguirá em função dos interesses dos empresários e do capital financeiro para garantir que a crise seja descarregada nas costas dos trabalhadores. A máscara da "nova política" mostrou que servia apenas para encobrir a cara da velha política burguesa de maximizar os lucros e precarizar a vida.

Guarulhos é a segunda cidade mais populosa do estado, abriga um importante parque industrial e uma numerosa classe operária fabril, além de setores de serviços estratégicos como o Aeroporto Internacional de Guarulhos, transportes urbanos, professores, bancários, ecetistas e uma massa de trabalhadores precários que trabalham em redes de fast food, aplicativos de entrega, etc. Essa é uma classe trabalhadora com um enorme poder de fogo que, organizados em uma perspectiva de independência de classe que se enfrente com a direita e não aceite que os trabalhadores e o povo pobre paguem pela crise, questionando o conjunto do regime político, pode lutar por uma saída que realmente atenda aos interesses da população trabalhadora, pobre, negra, juventude, mulheres e LGBTs.

Uma perspectiva como essa é o que defende a Bancada Revolucionária de Trabalhadores em São Paulo, que se propõe a batalhar por uma saída dos trabalhadores com independência de classes contra todos os ataques que esses governos e os empresários querem aplicar.

 
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