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DADOS DA FOME
IBGE divulga pesquisa sobre avanço da fome sobre 3 milhões de brasileiros
Diego Nunes

Divulgada nessa quinta-feira (17), pesquisa realizada entre 2017 e 2018 revela o avanço da insegurança alimentar grave sobre mais de 3 milhões de pessoas em comparação com 2013.

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Foto: Observatório3setor

Os dados são levantados pelo IBGE desde 2004. Em 2013 essa pesquisa revelou que cerca de pouco mais de 7 milhões de brasileiros passavam fome, já em 2018 os resultados demonstraram que eram mais de 10 milhões de pessoas nessa situação degradante. Importante frisar que essa pesquisa só leva em consideração moradores em domicílios permanentes, ou seja, não leva em consideração moradores de rua, ciganos, andarilhos etc., o que permite imaginar que esses números são ainda mais escandalosos. Ainda mais agora com a crise capitalista aprofundada pela pandemia.

Crianças com fome

Metade das crianças de até 4 anos sofrem com algum tipo de insegurança alimentar, de acordo com a pesquisa, sendo 5,1% em situação grave de fome. Entre os 5 e 17 anos passa da metade, porém, conforme a faixa etária aumenta os índices de insegurança alimentar vão diminuindo.

Muitas crianças tinham acesso a alimentação apenas por meio da merenda escolar, que em muitos estados foi cortada, desviada, Doria tentou transformar em ração em SP, ou, reduzida a biscoitos de água e sal e leite. Isso ainda antes da suspensão das aulas por causa da pandemia. Nesse momento milhares de crianças passam fome porque os governos não garantem sequer a alimentação escolar, embora exijam que essas crianças mesmo com fome respondam ao ensino remoto.

O desemprego avança sobre as famílias, as suspensões de contratos, reduções salariais permitidas por Bolsonaro para salvar os empresários, na tentativa de “passar a boiada” da reforma trabalhista durante a pandemia, joga a classe trabalhadora na precarização. Muitos jovens estão com fome nesse momento pedalando suas bicicletas para entregar comida por aplicativos.

41,5% dos brasileiros que passam fome vivem no Nordeste

4,3 milhões de pessoas, em 2018, passaram fome nos diversos estados do Nordeste do país. A fome nas zonas rurais e cidades do interior é ainda mais avassaladora. Um total descaso dos governos que, inclusive na era Lula/PT, sempre priorizaram sustentar antes os ricos bilionários credores da fraudulenta dívida pública criando alguns programas sociais, com as migalhas que caíam da mesa dos ricos, em momentos de crescimento econômico antes da crise de 2008 chegar no Brasil.

Bolsonaro durante a pandemia se viu obrigado a conceder o auxílio emergencial para evitar uma explosão social no país, no valor de 600 reais e menor que um salário mínimo, mas que o faz surfar na onda de um populismo carregado de contradições. Agora, com mais de 130 mil mortos pela COVID-19, o avanço dos capitalistas para reabrir tudo, mesmo escolas, ainda que sob o risco de uma nova onda de infecções pelo novo coronavírus, não faz o desemprego cair e uma perspectiva otimista para a economia não está no horizonte.

A redução do auxílio emergencial para 300 reais, o não pagamento de todas as parcelas a todos os aprovados e o seu fim em dezembro vai aprofundar ainda mais a ferida da fome no país, enquanto latifundiários queimam o Pantanal e ficam ainda mais ricos especulando no mercado com a exportação de alimentos, fazendo a comida ficar ainda mais cara aqui, como se viu na semana passada com o preço do arroz.

58,1% das pessoas em situação de insegurança alimentar grave são auto declaradas negras e pardas

No país mais negro fora da África, aqueles que carregam as marcas da escravidão dos seus antepassados sofrem com o racismo não apenas moralmente e ideologicamente, o racismo se estrutura materialmente cuidando para que a vida e o trabalho negro sejam mais precários. Um dos resultados mais escandalosos dessa pesquisa do IBGE é que entre os auto declarados negros e pardos apenas 36,9% tem condições de se alimentar adequadamente. O Estado capitalista é racista e sem se apoiar no racismo não pode se sustentar e super explorar a classe trabalhadora de conjunto. Quase 60% dessas mais de 10 milhões de pessoas que passam fome no país são negras.

O trabalho negro é igual ao trabalho branco, mas é remunerado de forma diferente. Mulheres negras recebem até 60% a menos que homens brancos. O grande medo dos capitalistas é que a luta negra nos EUA seja exemplo em todo o mundo e junte trabalhadores negros e brancos contra o Estado capitalista racista.

Do nosso lado temos que lutar por essa unidade inclusive para combater de uma só vez o problema da fome, no Brasil e internacionalmente, que no capitalismo não é por escassez de produção de alimentos, é uma política consciente. Se estoca ou se joga fora diversos tipos de alimentos para manter os preços e garantir os lucros, mas não se doa para quem passa fome.

 
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