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JBS poupa em máscaras e EPIs para funcionários, mesmo após lucro de R$ 6 bilhões em 2019
Redação

Maior processadora de proteína animal do mundo, a JBS submete seus trabalhadores a uma negligência assassina em meio a pandemia, distribuindo apenas 1 máscara por semana. E se os trabalhadores controlassem sua produção?

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Os frigoríficos têm sido grandes focos de contaminação e disseminação da covid-19 no país. Reunindo condições extremamente favoráveis para a propagação de vírus, essas fábricas deveriam ter um cuidado dobrado para proteger seus funcionários que seguem ativos em meio a pandemia. Entretanto, o que se tem constatado em diversos frigoríficos é justamente o contrário. Os empresários mostram todo seu descaso pela vida de seus trabalhadores expondo-os sem os EPIs necessários, racionando com simples máscaras enquanto aumentam seus lucros durante a pandemia.

Segundo reportagem do site The Intercept, denúncias apuradas por eles revelam as condições deploráveis a que os funcionários são expostos nas fábricas da JBS. Os relatos dos trabalhadores afirmam que só é permitida trocar 1x por semana a máscara PFF2 fornecida pela empresa, obrigada por lei, sendo que a recomendação para sua utilização seria de 1 vez por turno. Com isso os trabalhadores são obrigados a reutilizar até 5 vezes uma mesma máscara, mesmo que esteja suja, molhada, ou rasgada.

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Esse descaso potencializa as condições favoráveis que o vírus encontra nessas unidades, sendo os frigoríficos muitas vezes verdadeiros centros de disseminação da doença que concentram os casos de contágio numa região, principalmente no interior. As baixas temperaturas ajudam na preservação dos microorganismos por mais tempo, o que somado às grandes quantidades de trabalhadores aglomerados no mesmo ambiente, sem ventilação muitas vezes.

A reportagem do The Intercept, cita o pesquisador do Ipea Ernesto Galindo, que está concluindo um levantamento sobre a disseminação do vírus nos frigoríficos brasileiros. Segundo ele, ao sobrepor dados da incidência de covid-19 no setor e em municípios, percebe-se que em muitos lugares os frigoríficos são responsáveis por até dois terços no número de casos da doença. Uma unidade da JBS em São Miguel do Guaporé, no interior de Rondônia, por exemplo, chegou a ter 60% dos casos confirmados de covid-19 do município.

Como a região sul concentra metade dos 500 mil empregos do segmento no país, dados levantados pelo MPT apenas para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – que concentram metade dos 500 mil empregos do setor no país –, mostram que no dia 13 de julho havia 11.499 casos de covid-19 em 104 fábricas de diferentes empresas, com oito mortes de funcionários.

Não é apenas Bolsonaro que tem sangue nas mãos pelas mortes do coronavírus. O presidente negacionista não age por fora de contar com o apoio e incentivo dos grandes empresários, tais como os donos da JBS, interessados em assegurar seus lucros ainda que isso leve a morte de milhares. Com todo o lucro em apenas um ano, a JBS poderia assegurar o trabalho de forma muito mais segura aos seus trabalhadores, mas conscientemente ela escolhe sacrificar a vida de seus funcionários.

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Contra essa negligência assassina dos patrões, defendemos que os trabalhadores assumam as decisões de como seguir a produção da maneira mais segura possível nos locais estratégicos que necessitem seguir em funcionamento, através de comissões de saúde e higiene. Essas comissões devem assegurar desde questões mínimas como EPIs, afastamento remunerado para pessoas do grupo de risco, escalas de produção para diminuir a aglomeração. Um germe do controle operário nas fábricas e locais de trabalho, avançando para questionar por que uma multinacional como a JBS, com um lucro de R$ 6 bilhões, não pode destinar esse dinheiro para garantir a vida daqueles que garantem toda a sua produção.

 
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