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DEMISSÕES NA LATAM BRASIL
Latam Brasil: Mais 2700 famílias de aeronautas sem emprego
Redação Guarulhos - SP

Aeronautas da Latam se encontram em momento decisivo. A empresa, após lucros bilionários dos últimos anos, usa a pandemia para deixar famílias nas ruas e retirar direitos e salários dos trabalhadores. Na noite dessa última sexta-feira (31), por maioria de votos, a categoria negou uma intermediação do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para a criação de uma futura proposta de alteração do modelo de remuneração. Isso causaria a diminuição de salários de forma definitiva e representaria uma precarização da categoria. Após a negativa, a empresa anunciou aos seus funcionários via e-mail corporativo que demitirá até 2700 trabalhadoras e trabalhadores. Inicialmente ocorrerá a abertura de PDV, com adesão até o dia 04 de agosto, e na sequência se iniciam as demissões. Esse grande número se soma às mais de 2000 demissões e licenças não remuneradas já realizadas entre a categoria de aeroviários (que trabalham em terra) da companhia.

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Foto de trabalhadora da Latam na Argentina, lutando pelos postos de trabalho

A empresa alega a necessidade de se adequar aos salários das concorrentes, GOL e Azul. Apesar das condições de trabalho nas duas empresas oferecerem alguns benefícios, essas empresas também realizaram fortes ataques, com demissões e redução salarial.

Os ataques da Latam podem ocorrer com a chancela da direção do SNA, que não articulou nenhuma manifestação ou paralisação contra esses ataques em massa. As negociações com o SNA duraram mais de dois meses, tempo suficiente para organizar assembleias democráticas e um plano de luta.

No entanto, a atual direção do SNA fez o papel de agente do Estado a favor da empresa. Impediram a luta dos trabalhadores contra os ataques e depositaram toda a esperança em intermediações da justiça do trabalho bolsonarista, que está retirando direitos dos trabalhadores com as brutais reformas da previdência e reforma trabalhista “verde e amarela” (MP 905).

O SNA fez isso em algumas lives junto de (pasmem!) figuras da direita, como Arthur Maia (DEM-BA), Major Olímpio (PSL-SP) e Coronel Tadeu (PSL-SP), todos apoiadores desses profundos ataques à classe trabalhadora, vindos do governo Bolsonaro.

Desde o início das negociações a direção do SNA, na figura de seu presidente, Ondino Dutra, traça uma ideologia incongruente, para que acreditemos ser justo que sejamos nós, trabalhadoras e trabalhadores, que paguemos pela crise, enquanto os bilionários da Latam seguem lucrando e colocando famílias na rua em meio à pandemia.

Veja também:

- A "crise" da LATAM

- (PODCAST) 015 Peão 4.0 - Latam mente para demitir em massa

O SNA, como entidade representante da categoria, deveria defender os interesses dos trabalhadores, deveria lutar por nenhuma demissão, nenhuma redução de salários e nenhuma retirada de direitos. Porém, a atual diretoria do SNA faz o jogo da empresa e dos acionistas milionários, enquanto se esconde atrás de um falso discurso “apartidário”.

Falso discurso que imprime uma ideia de que não podemos lutar, de que uma greve contra a empresa seria um ato extremo (como dito por Marcelo Ceriotti em uma das lives). Além disso, não permite que os próprios trabalhadores façam propostas e coloquem suas opiniões nas assembleias, apagando comentários contrários nas lives e restringindo o voto a apenas “sim” ou “não”. Em uma das lives Ondino Dutra chegou a dizer em tom altivo que a categoria só deveria fazer “o que eles mandassem”.

Ainda há tempo para mudar isso, devemos estar unidos como classe trabalhadora e fazer um chamado a todos os aeroviários e também aos milhares de terceirizados que prestam serviço à Latam para lutarmos juntos. Somos uma só classe.

Podemos nos espelhar nos entregadores de aplicativos e metroviários, que estão lutando, fazendo greves e mostrando na prática que é possível mobilizar a classe trabalhadora para derrotar os planos dos patrões. Também na Argentina, onde as trabalhadoras e trabalhadores da Latam não aceitaram a fraude do fechamento da empresa no país e estão lutando com força para manter seus postos de trabalho.

Mobilizações como a dos metroviários e dos entregadores de aplicativos e, por outro lado, a lamentável situação dos tripulantes da Latam, que estão há meses sofrendo com a pressão de negociações que não os levam a nada, mostram que lutar é a única forma de defender nossos direitos, sustentar nossas famílias e resistir aos ataques dos empresários, que continuam lucrando em meio à pandemia com o suor e entrega do nosso trabalho.

Para organizar e decidir por uma greve e outras medidas de luta precisamos de assembleias realmente democráticas, onde todos e todas possam falar, fazer propostas e ter suas propostas votadas. O SNA é representante dos trabalhadores e tem o dever de ser um instrumento de luta, de mobilizar em favor dos interesses dos próprios trabalhadores. As centrais sindicais como a CUT e a CTB devem mobilizar um amplo apoio de todas as categorias em favor da luta dos aeronautas da Latam.

É possível ganhar o apoio da população nessa luta, mostrando que sem os enormes lucros dos acionistas e com melhores condições para os trabalhadores, os serviços para os passageiros também seriam melhores e mais baratos. Se a Latam torna público nossos salários (como fizeram os representantes da empresa em lives), por quê não tornam público os salários dos patrões e por quê não abrem os livros de contabilidade da empresa?

Não fazem isso porque mostrariam assim que os absurdos lucros que roubam do nosso trabalho também é a causa dos abusivos preços repassados aos consumidores. A nossa luta contra a exploração e ataques da Latam está ao lado também de condições para que todo o povo tenha o direito de acessar o transporte aéreo.

 
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