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Bolsonaro aproveita pandemia para seguir desmatando: dessa vez, avançou em terras indígenas no PA
Redação

A Terra Indígena Trincheira Bacajá é ameaçada por constantes incêndios e invasões de latifundiários desde 2016, e se intensificaram em 2019 com formação de pastos, garimpo e extração de madeira ilegal.

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Imagem: Folhapress

A Bacia do Xingu, uma área de mais de 50 milhões de hectares entre o Pará e o Mato Grosso, que inclui 28 Terras Indígenas e 18 Unidades de Conservação, registrou a maior taxa de desmatamento da Amazônia Legal esse ano.

Segundo dados de satélite da Rede Xingu+, em conjunto com indígenas e ribeirinhos da bacia do Rio Xingu e do Instituto Socioambiental (ISA), de janeiro a abril de 2020 as taxas de desmatamento na região foram 20% maiores do que as registradas no mesmo período de 2019, o que demonstra o avanço do crime ambiental no governo Bolsonaro mesmo no período chuvoso. Pelo menos oito pistas de pouso e 1.500 quilômetros de estradas clandestinas foram identificadas na bacia desde o ano passado.

Por causa do desmatamento no Xingu, o Pará é o estado amazônico com a maior área de alertas do Deter entre 2019 e este ano. E é no sudeste do Pará que a Terra Indígena Trincheira Bacajá, habitada pelo povo xikrin, falantes da língua caiapó, é ameaçada por constantes incêndios e invasões de latifundiários desde 2016, e se intensificaram em 2019 com formação de pastos, garimpo e extração de madeira ilegal.

A Terra Indígena Trincheira Bacajá é pertencente ao município de São Félix do Xingu, que é o município que concentra o maior rebanho bovino do país. O vereador do município Silvio Coelho (PDT), aliado do senador Zequinha Marinho (PSC -PA) e bolsonarista de carteirinha, ajudou na construção de uma ponte ilegal que dá acesso à terra indígena, e foi construída junto a um aterro que danificou as margens do rio Negro. Foi flagrado pela Folha um incêndio e um caminhão sem placa carregado de toras de madeira na estrada ilegal próxima a Trincheira Bacajá.

É um verdadeiro lobby por dentro do Estado que apoia invasores de terras indígenas localizadas no Médio Xingu, e conta inclusive com uma associação de invasores, presidida por Arilson Brandão, que tem na foto de Whats App uma imagem com os dizeres “Intervenção Militar já com Jair Messias Bolsonaro. Nós tiamamos (sic) capitão. Terra prometida”.

Frente a esse avanço com a concessão do Estado, os indígenas se veem totalmente sem proteção e precisam arriscar suas vidas para tentar garantir seus direitos. Em agosto de 2019, guerreiros xikrins tentaram expulsar os invasores, mas sem sucesso, e sofrendo ainda com ameaças dos invasores. Mesmo após decisão judicial de reintegração de posse, os invasores permaneceram.

O líder Bekara Xikrin disse em reportagem ano passado que um grupo de guerreiros xikrins tentou expulsar os invasores, que disseram que iriam sair, mas que enviaram em seguida ameaças via Whats App. Uma foto com dezenas de invasores e um áudio que dizia “Olha o tanto de gente que tinha dentro da mata pra pegar os índios aí. Tem mais de 300 homens dentro da mata caçando os índios (…) Pegaram motosserra, rancho dos homens, eles estão tudo na mata pra pegar eles, ó. Manda o Bekoro ficar velhaco, que eles estão no bagaceiro”, diz o homem no áudio, citando o nome do líder da aldeia próxima à área desmatada.

Esses fatos são um retrato do projeto bolsonarista em relação aos povos originários e às áreas ambientais, que tem a omissão dos poderes na Câmara e no Judiciário para garantir os grandes lucros do agronegócio e de empresas como a JBS. É preciso levantar com a força dos trabalhadores e dos povos oprimidos uma Assembleia Constituinte, aonde se imponha uma resposta obstinada contra a hegemonia do lucro e da propriedade privada sobre as vidas e as culturas dos povos indígenas.

Saiba mais: Assembleia Constituinte Livre e Soberana – um debate de séculos sobre o direito de cada nova geração escrever uma nova história para si

 
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