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CONFLITO MINEIRO
Peru: Aumenta a luta camponesa contra a mineradora Glencore-Antapaccay na província de Espinar Cusco
José Rojas
Militante da Corriente Socialista de las y los Trabajadores "CST" do Peru

Na sexta-feira 20 de julho, o confronto entre os camponeses da província de Espinar Cusco e as forças policiais aumentou consideravelmente, resultando em vários camponeses detidos e feridos por projéteis. Os agricultores estão há mais de 6 dias paralisando contra a empresa mineradora porque ela se nega a outorgar um pagamento de mil soles (moeda peruana) aos moradores de Espinar como compensação para enfrentar a pandemia de COVID-19.

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A luta dos camponeses da província de Espinar na região de Cusco, teve início em 15 de julho passado, quando os agricultores, depois de terem publicado um comunicado e demandas a empresa mineira Glencore-Antapaccay, aralisaram e bloquearam o denominado Corredor vial Sul, com o qual impedem que os caminhões da empresa mineira possam se deslocar até a região de Arequipa.

Após não serem escutados pela empresa nem pelo governo central, os camponeses radicalizaram sua luta, em um nível tal que na sexta passada 20 de julho os enfrentamentos com a polícia aumentaram, inclusive a empresa mineira informou que haviam queimado os veículos de sua propriedade, o que ainda está sob investigação e existem rumores que estes veículos tenham sido queimados por agentes da empresa para desqualificar a luta dos camponeses.

A exigência mais forte dos agricultores deste vale é que a empresa mineira aprove o desembolso de 50 milhões de soles correspondentes ao Convênio Marco, para que dessa maneira possa ser entregue uma quantia de 1.000 soles em ajuda a cada morador de Espinar.

Esta demanda dos camponeses se dá em função de poder cobrir suas necessidades uma vez que a pandemia provocada pela propagação da COVID-19 e a nula intervenção do executivo encabeçado por Martín Vizcarra, piorou a difícil situação na qual viviam os agricultores desta região e que é comum a maioria de pequenos produtores agrários de zonas aldeãs aos grandes assentamentos mineiros.

A crise dos micro e pequenos produtores agrários se expressa na contaminação de suas terras e os recursos hídricos, ao qual se soma a queda significativa dos preços de seus produtos devido à abertura das fronteiras comerciais, o qual os obriga a competir no mercado de produtos - muitas vezes subsidiado - importados de outros países com maior desenvolvimento econômico.

Devemos lembrar que, no ano de 2013 quando Ollanta Humala governava o país - o qual serviu com muita dedicação ao atual premie Pedro Caterino - foram implementadas uma série de medidas denominadas "pacotão ambiental" que debilitaram consideravelmente a já precária institucionalidade ambiental, e tudo isso para agilizar a instalação no Peru de grandes empresas mineiras, as quais, desde a perspectiva dos governos servilistas são a única garantia de crescimento e reativação econômica. Nesse momento, estas medidas foram implementadas como um paliativo, desde o ângulo dos capitalistas, a desaceleração da China que afetou consideravelmente a venda das matérias primas peruanas ao exterior.

Estas medidas pró-mineradoras, que foram mantidas pelos seguintes governos, aumentaram a crise dos pequenos produtores agrários, por esta razão não é a primeira vez que os moradores de Espinar se levantam contra os abusos da mineração.

Outras lutas camponesas contra a megamineração como a dos moradores do Vale de Tambo, em Arequipa, ou os camponeses dos Vales de Torata e Tumilaca em Moquegua, as quais se soma a dos agricultores de Candarave na zona alto andina de Tacna, tem sido uma constante nos últimos anos e seguramente voltarão a surgir porque o presidente Vizcarra, para encarar a atual crise econômica potencializada pela crise sanitária, vem priorizando o relançamento dos grandes projetos mineiros no sul peruano.

E é para isso que Vizcarra armou um gabinete tão reacionário como o atual, presidido por um neoliberal pró-mineradoras como Pedro Caterino, que não titubeou em atacar o povo atuou como ministro e premie de Ollanta Humaia. É portanto, um cenário de maior confrontação o que se avizinha já que o governo decidiu pisar no acelerador contra o povo e os trabalhadores para favorecer os requerimentos dos grandes empresários que vêem nesta crise uma oportunidade de sair ganhando.

 
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