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MARXISMO E ECONOMIA
A crise econômica abre espaço para uma nova força anticapitalista
Iuri Tonelo
Recife

No Esquerda Diário impresso publicamos essa reflexão sobre os desafios para a esquerda frente a crise econômica, partindo da análise de que as crises trazem consigo dramas sociais mas também as possibilidades de transformação anti-capitalista da sociedade, debatendo as alternativas da esquerda mundial frente a atual situação

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Os que acordam para trabalhar e passam pelos centros das grandes cidades têm um incômodo cotidiano: uma paisagem de construções enormes, prédios elegantes, lojas e shoppings luxuosos, em meio ao vaivém de carros modernos, tudo isso junto, convivendo lado a lado de moradores de rua, pessoas passando fome, necessitados, miseráveis. Não precisamos ser grandes estudiosos da economia para perceber, no dia-a-dia, que existe uma importante contradição na sociedade moderna, entre a riqueza produzida e a miséria acumulada.

Todos os que vivenciam isso contêm uma angústia anticapitalista, uma crítica ao capitalismo que não sabemos bem como expressar. E mesmo quando nos esquecemos disso por um momento, nosso ritmo de trabalho, a opressão dos patrões, já fazem rapidamente relembrarmos o caráter explorador desse sistema. É porque essa é a lei geral do modo de produção (da sociedade) em que vivemos: as classes que dominam o poder na sociedade, os grandes empresários, latifundiários, banqueiros, visam apenas uma coisa: enriquecer incessantemente...custe o que custar.

Essa busca gananciosa de lucrar cada vez mais faz com que apostem alto em novos mercados, derramem mercadorias produzidas pelo mundo afora, até que, a certo ponto, essa panela de pressão não aguenta. Vem a crise.

Mas por que não se vê uma forte crítica de massas a esse sistema de exploração?

As mais profundas críticas ao capitalismo e teorias de como seria a transição para um sistema sem exploração, opressão e miséria social foram debatidas desde o século XIX pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, defensores da revolução socialista, dirigida pelos trabalhadores.

Em síntese, eles apostavam que da própria sociedade capitalista, com sua formação de indústrias poderosas, da concentração de riquezas, monopólios, nasceria uma força opositora a essa situação, que era o chamado proletariado: os trabalhadores modernos das fábricas, comércio, serviços que, unidos como classe trabalhadora, únicos capazes de desenvolver uma força que colocasse o capitalismo abaixo.

De acordo com Marx e Engels para que essa nova sociedade possa ser construída é essencial que o governo de novo tipo socialista seja dirigido politicamente pelos trabalhadores e as escolas, fábricas etc. sejam organizadas por quem nelas trabalha.

Os países chamados “comunistas”, como a China e a antiga União Soviética (Rússia), não eram assim, eram dirigidos por burocracias e por isso vieram abaixo. Os capitalistas, na base da enganação, e para esconder o desastre que é o capitalismo para a classe operária, gostam de dizer que aquilo era “comunismo” ou “socialismo real”, e que essas ideias não funcionam.

Crise econômica renova as bases para a luta anticapitalista

Esse discurso pôde se manter sem grandes modificações durante as últimas três décadas: enquanto os capitalistas anunciavam que “ o socialismo real tinha fracassado”, eles aproveitavam para implementar uma série de retirada de direitos dos trabalhadores, num período que ficou conhecido em termos gerais como neoliberalismo.

Só que essa lógica do sistema ia gestando crises mais profundas e por volta de 2007-2008 explodiu a enorme crise econômica internacional que levou as grandes potências a uma queda do crescimento econômico (dita recessão), com empresas e bancos falindo, escancarando a crise do sistema. A farsa de que o capitalismo era “eterno” foi por água abaixo.

No mundo árabe a crise incendiou um processo de questionamentos de antigas ditaduras e das condições de vida, na chamada Primavera Árabe. Pouco tempo depois jovens do mundo todo protagonizaram uma espécie de levante internacional, brigando pelo direito ao trabalho, ao estudo, ao futuro, que o capitalismo em crise lhes negava. Assim foram os “indignados” da Espanha, o movimento Ocuppy Wall Street nos Estados Unidos e mesmo em nosso país, em junho de 2013, a juventude deu um grande exemplo de luta de massas, com grandes multidões nas ruas. As coisas não ficariam como antes.

Começa a surgir um exemplo de uma força anticapitalista na Argentina

Essas lutas foram formando no mundo novos partidos de esquerda e novas experiências foram sendo feitas. Mas algumas dessas forças, ao não colocarem a luta contra o capitalismo e pela revolução social no centro, acabaram também perdendo força rápido. Um dos mais conhecidos exemplos disso foi a frente de esquerda chamada Syriza na Grécia, que em poucos meses ao entrar no governo (poder de Estado) acabou por ceder às forças daquele país às potências capitalistas da Europa, já que não tinha a confiança na classe trabalhadora para impulsionar uma ruptura com o capitalismo e iniciar uma transformação radical da sociedade, único modo de tirar o povo grego da miséria e da humilhação nacional.

No entanto, uma novidade na esquerda da América Latina está surgindo e, pela primeira vez em muitos anos, vem ganhando muita força com um discurso claramente anticapitalista e de luta pela revolução social. Trata-se da atuação que o trotskismo do PTS tem tido nos trabalhadores da Argentina, que vem construindo uma força de milhares de operários nas fábricas e locais de trabalho, com ocupações de fábrica e uma luta que bota medo mesmo nas grandes empresas americanas naquele país.

Esse partido, parte constituinte da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT, na sigla em espanhol) apresentou-se nas eleições com um jovem figura política de 35 anos que foi candidato a presidente da esquerda mais bem votado na Argentina desde 1983, com cerca de 800 mil votos e uma militância ativa dos trabalhadores, denunciando o capitalismo e suas mazelas, como uma prova de que essas ideias podem ganhar força em milhares e milhões.

Essa força é um grande exemplo dessa luta anticapitalista. O mundo mudou decisivamente. É o momento de formarmos uma nova geração de jovens e trabalhadores que recolocam com tudo o sonho de transformação revolucionária desse mundo, para uma sociedade socialista.

 
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