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TRABALHO DOMÉSTICO
Dia do trabalho doméstico: tarefa das mulheres?
La Izquierda Diario - Argentina

No dia 22 de julho é comemorado o Dia Internacional do Trabalho Doméstico. Uma data para tornar visível o trabalho que é realizado principalmente por mulheres e meninas de forma não remunerada.

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O segundo Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, em 1983, propôs o dia 22 de julho como uma data para tornar visíveis as tarefas que as mulheres realizam em casa, na maioria dos casos, para além de suas jornadas de trabalho remunerado fora de casa. Essa sobrecarga de trabalho em casa para as mulheres não é "natural” e nem tem a ver com questões biológicas, é baseada em preconceitos patriarcais: cuidar das crianças, limpar a casa e fazer a comida são "tarefas das mulheres".

A pandemia da COVID-19 evidenciou um problema que o feminismo e o movimento de mulheres precisa tornar visível há tempos. As mulheres que trabalham fora de casa não param de trabalhar quando chegam em suas casas. Como nunca antes, o trabalho doméstico e as tarefas de cuidado estão expostas, até o custo desse trabalho foi calculado: um relatório da Oxfam estima que as 12,5 bilhões de horas por dia gastas por mulheres e meninas nestes trabalhos equivaleriam a US$ 10,8 trilhões por ano, se fossem pagos.

O confinamento nos lares expôs desigualdades, comportamentos e práticas naturalizadas. A visibilidade sobre o trabalho doméstico faz parte da agenda do feminismo e do movimento de mulheres há décadas.

Na Argentina, um estudo anterior à pandemia, realizado pelo Indec, mostrou que 8 em cada 10 mulheres realizam o trabalho doméstico em casa, o dobro do que os homens. De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa de Uso do Tempo (2013), realizada pelo Indec, as mulheres passam em média 6,4 horas por dia em atividades domésticas, enquanto os homens passam apenas 3,4 horas.

Um grupo de pesquisadoras da Conicet realizou um estudo sobre trabalho doméstico durante a pandemia. Mais da metade dos entrevistados responderam que sentem que “trabalham 24 horas por dia”, que não têm tempo para descansar e que as atividades que envolvem mais tempo são limpeza, alimentação e o cuidado infantil. A sobrecarga se agudiza pela ausência das escolas e outros serviços sociais de cuidado, que resultam na multiplicação das tarefas domésticas.

Quando o trabalho doméstico é prestado de forma remunerada, vários preconceitos que emergem da invisibilidade e naturalização de que é gratuito o torna um trabalho com baixos salários e poucos regulamentos. É um denominador comum que a maioria dos cuidadores são mulheres e imigrantes. As condições de trabalho tendem a ser muito mais precárias que a média, com a ausência de direitos de organização e sindicatos; nada garante sua saúde ou segurança no trabalho. Em nosso país (Argentina), a situação dos trabalhadores domésticos (que inclui cuidados) é semelhante. É uma categoria quase completamente feminina, 97% são mulheres e, sem direitos sindicais, 75% trabalham de maneira não registrada, deixando-as sem nenhuma proteção contra situações de emergência.

O feminismo e o movimento de mulheres apontam há décadas que as desigualdades no lar não terminam quando você sai pela porta de casa. Eles se traduzem em mais mulheres do que homens empregadas em empregos de meio período, com maior flexibilidade de horas e salários mais baixos. Por esse motivo, faz parte das principais demandas e debates. Que lugar o trabalho reprodutivo tem nessa sociedade organizada em torno da exploração do trabalho assalariado e dos lucros dos capitalistas?

Tornar visível o trabalho reprodutivo, feminizado e não remunerado (que beneficia principalmente os grandes empresários e capitalistas) faz parte da crítica às desigualdades naturalizadas em uma sociedade desigual, por definição.

 
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