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FAISCA UnB
Sem ERE na UnB! Pela ciência no combate ao vírus e uma aliança com os entregadores no dia 25
Rosa Linh
Estudante de Relações Internacionais na UnB
Luiza Eineck
Estudante de Serviço Social na UnB
Juventude Faísca Anticapitalista e Revolucionária - DF

A reitoria da UnB, no dia 9/7, aprovou o Ensino Remoto Emergencial (ERE), e a volta do calendário acadêmico de forma totalmente arbitrária, sem sequer consultar es estudantes, com 25 mil estudantes sem terem respondido a pesquisa da reitoria, apenas com uma reunião da burocracia universitária no CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão). É preciso lutar pela aliança da juventude com professores, terceirizados e demais trabalhadores a fim de condicionar toda a universidade para combater e prevenir o COVID-19. Para isso, nós da Faísca nos juntaremos ao Breque dos APPs no dia 25/07, para se opor a precarização do trabalho e da educação, batalhando contra os ataques do projeto neoliberal do governo Bolsonaro, Mourão e militares e mostrar que não seremos nós que pagaremos pela crise!

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Frente à política genocida e negacionista de Bolsonaro, Mourão e dos militares, o Brasil no último mês tornou-se o epicentro da pandemia do novo coronavírus, já chegando a 81 mil mortes e quase 2,1 milhões de casos confirmados - isso desconsiderando a clara subnotificação e a falta de testes, sobretudo para a população periférica, negra e trabalhadora. É nesse contexto que a Reitoria da UnB impôs de forma autoritária, a partir do CEPE, a volta do calendário acadêmico, em formato ERE, para o dia 17 de agosto. O ERE, mascarado de EaD, já está acontecendo para diversos secundaristas da rede pública, sem falar das escolas e universidades privadas do DF e entorno. Essa política está sendo aplicada de forma arbitrária em todo o país, seja na UFMG, UFRGS, UFRN, UERJ, USP etc, excluindo e tornando mais elitista ainda o acesso à educação.

O projeto neoliberal do governo de precarização da educação defendido e endossado pelo MEC, que troca de ministro toda semana, se concretiza ainda mais com a aprovação do Ensino Remoto Emergencial em diversas regiões do país. Corroborando com esse projeto excludente e elitista, a Reitoria da UnB, demonstrou com quem ela, de fato, sempre esteve a serviço: dos patrões e seus lucros, da precarização do trabalho e contra os estudantes. A aplicação do ERE de forma antidemocrática na pandemia está diretamente ligada ao projeto de ataques à educação o qual vem se dando no marco das reformas neoliberais e contra a classe trabalhadora - algo que dialoga fundamentalmente com a precarização do trabalho des professores e da qualidade do ensino, fora a proposital exclusão das camadas mais pobres da população.

A Reitoria clama ter consultado os estudantes para o retorno das atividades do semestre a partir da pesquisa social em formato de questionário online proposta para mapear os estudantes com acesso à internet. Seu resultado contou com cerca de 25 mil alunos sem responderem, o que significa que mais da metade de todos os estudantes regularmente matriculados na graduação e na pós em toda a universidade não responderam. Essa mesma Reitoria que, até o dia de hoje, não liberou, com remuneração e sem perda de direitos, as e os terceirizados e trabalhadores não essenciais da UnB e que, também, demitiu mais de 500 terceirizados em 2018.

A precarização na crise sanitária tomou formas jamais vistas. Em Brasília, o aumento da curva de contaminação e óbitos parecem não servir de nada, pois vemos Ibaneis seguindo a política assassina de Bolsonaro, abrindo o setor de comércios e serviços em diversas regiões administrativas. Os entregadores de aplicativos, ultra precarizados, vem se organizando e lutando contra os grandes capitalistas, como visto no último dia 1°(Breque dos APPs), os mesmos que financiam os ataques à educação e cada dia mais lutam pela privatização. Segundo uma pesquisa feita nacionalmente pelo Observatório de Precarização do Trabalho e Reestruturação Produtiva no Breque do dia 1°, a maioria dos entregadores de apps são negros e jovens; grande parte dos estudantes são filhos de trabalhadores e/ou trabalhadores.

Não podemos nos enganar: é a juventude negra, trabalhadora e residente das regiões administrativas e do entorno, que conseguiu furar o filtro social e racial do vestibular e entrar na universidade, será ela quem mais será prejudicada pelo ERE. A luta contra a precarização do trabalho e educação torna-se urgente, o inimigo é o mesmo. É por isso, que nós da Faísca, estaremos outra vez apoiando a luta e reivindicações dos entregadores, neste sábado, 25, acontecerá o 2° Breque Nacional dos APPs, e fazemos um chamado para que todo o corpo discente e docente, o DCE e os CA´s estejam lutando junto com esses trabalhadores, pois nossas forças e vozes ao lado deles são mais potentes.

Dessa forma, a juventude se pergunta: teremos que aceitar a imposição do EaD? Será que deveríamos suspender o semestre novamente? Preciso me formar, tem emprego, renda. O que fazer?

Nós da Juventude Faísca Anticapitalista e Revolucionária dizemos, categoricamente, que não devemos aceitar o ERE! Defendemos a necessidade real da classe trabalhadora que está morrendo, com medo da fome dia após dia na pandemia - do redirecionamento total do gigantesco contingente de pesquisa, extensão e ensino da UnB para o combate e a prevenção ao vírus a partir do controle da produção científica e das decisões institucionais a serem feitas pelos estudantes, professores e demais trabalhadores da universidade.

Não acreditamos que as atividades nas universidades públicas devem ficar totalmente paradas, mas que es estudantes, professores e trabalhadores da UnB possam decidir, a partir de cada instituto e/ou departamento, como se dará, o desenvolvimento de distintos projetos interdisciplinares, de extensão, pesquisa e ensino que dialoguem diante da necessidade de combate e prevenção ao Covid-19. Alguns desses projetos e iniciativas já estão em curso ou em planejamento. E por que não dar créditos para es estudantes voluntáries nesses projetos? A juventude também precisa se formar, ter emprego e renda. Isso é algo que apenas pode ser realizado por meio da participação democrática des estudantes nas ações institucionais da universidade.

No final das contas, a Reitoria não defende, de verdade, a UnB, nem os interesses dos trabalhadores e estudantes da comunidade acadêmica. Vejamos alguns motivos de porque, nesse sentido, precisamos defender a UnB. Segundo o ranking global de disciplinas acadêmicas de 2020 realizada pela Universidade de Xangai, a UnB possui sete aparições no ranking, contando com duas disciplinas na qual a universidade foi considerada a segunda melhor do país: geologia e ciência política; em saúde pública, a instituição se classificou na faixa entre a segunda e sexta posição nacionalmente. Dentre os diferentes cursos citados, já existem hoje diversos projetos, seja de pesquisa ou extensão, em desenvolvimento e em curso, pautando o combate e prevenção ao vírus. São nessas iniciativas, na capacidade da universidade, de seus estudantes, professores e trabalhadores é que devemos confiar as decisões acerca da retomada ou não do semestre. Seja em Geologia, Ciência Política, Odontologia, Biotecnologia - para citar alguns dos excelente cursos, apesar das precariedades e ataques ao ensino público, mencionados na pesquisa - todos possuem, à sua maneira, algo a oferecer para a sociedade nesse momento de crise sanitária, seja direta ou indiretamente.

Mais do que uma simples implementação e defesa dos projetos de extensão e pesquisa da UnB, precisamos garantir que eles sejam massivos, estejam sob controle des estudantes, professores e trabalhadores e que sejam decididos democraticamente - desde cada instituto, departamento, CA etc. - para que, efetivamente, ninguém fique para trás. A Plataforma Política defendida pelo DCE se contrapõe ao ERE/EaD, mas não coloca a questão diretamente aos estudantes. Muito menos, foi defendida que a gestão da pesquisa, ensino e extensão seja feito pelos estudantes, professores e trabalhadores de conjunto. Por isso, é extremamente necessário a realização de uma Assembleia Geral des Estudantes, Professores e Demais Trabalhadores para que decidamos os rumos da nossa luta e debatermos sobre os rumos do próximo semestre e como atuar no combate ao vírus.

E logo será dito: mas a UnB já não está com falta de verba pública? Como fazer algo tão abrangente? Como condicionar toda estrutura material da universidade para o combate e prevenção à pandemia? Acreditamos que, primeiramente, o dinheiro recebido e investido nos diferentes âmbitos da universidade precisam ser amplamente conhecidos pela comunidade acadêmica e por aqueles que trabalham na UnB. Por isso, defendemos a abertura do livro de contabilidade da Reitoria, assim, os CAs, o DCE, a ADUnB, o SINTFUB, e todas as organizações representativas podem se organizar desde a base, desde cada local de trabalho e/ou estudo para decidir juntos como farão a gestão do dinheiro e como podem investi-lo, subordinando a ciência produzida em uma das melhores universidades do país às necessidades da classe trabalhadora, dos mais oprimidos e afetados pela pandemia, ao combate e prevenção ao vírus.

Por um projeto político radical, uma aliança da juventude com a classe trabalhadora

É por essa razão que temos que nos posicionar de modo a colocar que a batalha contra o ERE também é a batalha por um novo estatuto e regimento geral da universidade. Por uma assembleia estatuinte livre e soberana já! Nós somos partidários de que o poder esteja nas mãos des estudantes, professores e funcionários da universidade aliados à classe trabalhadora e a população pobre do entorno, pois, atualmente, esse poder está concentrado em uma Reitoria que é eleita por um sistema bastante primitivo (sem falar do aval que precisa da presidência da república), o qual exclui a participação dos terceirizados, por exemplo. Logo se darão as eleições para reitor e vice-reitor, que não parte do mínimo de democracia que seria a eleição direta a partir do sufrágio universal da comunidade acadêmica, mas temos que ter clareza que nenhuma reitoria poderá solucionar os problemas mais concretos des estudantes e des trabalhadores, como são os casos de suicídio, a precarização do trabalho e os repetidos ataques que Márcia Abrahão e o conjunto dos burocratas da UnB que, por mais que se digam progressistas, realizam desde sua posse. O projeto privatista de Bolsonaro e os militares está a todo vapor, com ataque às cotas na pós-graduação e ameaças constantes à intervenção na autonomia das universidades por meio da imposição e/ou destituição de reitores. Por isso mesmo, temos a tarefa de construir uma UnB amplamente democrática, de preservar a autonomia universitária - por isso precisamos que professores, estudantes e trabalhadores, terceirizados ou não, junto a população, tomem em suas mãos essa construção!

Nessa medida, é fundamental ressaltar o papel passivo da "frente ampla" no DCE, do PT, Levante, PSOL, PCB e PCdoB - os quais assistiram a implementação do ERE, sem convocar nenhuma assembleia para que es estudantes, es trabalhadores pudessem votar (o que era o mínimo a se esperar). Mesmo o PSOL e PCB se colocando como oposição de esquerda ao reformismo do PT e PCdoB, no final estiveram todos juntos na luta passiva, na “oposição crítica” ao ERE, sem nenhum esforço real no sentido de construir espaços onde a comunidade acadêmica, de fato, participe. Isso apenas demonstra incapacidade das frentes eleitorais amplas e de programa diluídos no reformismo petista: não servem para defender os interesses dos estudantes e trabalhadores, e pelo contrário, acabam entregando a nossa pele. Precisamos de uma fração independente com um polo antiburocrático na juventude, com um projeto profundo contra toda a precarização neoliberal e de extrema-direita, pela democracia de base em aliança com os trabalhadores, pelo controle da UnB pela mãos daqueles que produzem a ciência e a sustentam todo o dia mesmo com perigo de morte pelo Covid!

Precisamos dizer em alto e bom tom, o absurdo que em meio a um acontecimento jamais vivenciado nessas proporções, que voltemos às aulas sem o redirecionamento da produção universitária para atender as demandas da sociedade que morre pelo vírus; é inadmissível que voltemos às aulas, mantenhamos o rotineirismo enquanto estudantes trancam e saem da universidade, enquanto nossos parentes e amigues morrem em bicicletas entregando comida e nós tenhamos que fingir estar tudo bem.

Precisamos nos inspirar na fúria negra nos EUA, batalhar pela mais que necessária lutar revogação da EC do Teto de Gastos, pelo fim do vestibular e, sobretudo, pelo fora Bolsonaro e Mourão, sem nenhuma confiança nos governadores, STF ou nos golpistas. É desse Estado capitalista - balcão de negócios dos grandes bancos e grandes empresários - racista, decadente e recheado de militares de que vem os ataques contra a UnB e toda a educação pública - pois então que saiam e deem passagem a classe trabalhadora e a juventude! Nos juntemos à classe trabalhadora em luta, todo apoio ao Breque dos Apps do dia 25/07! Nossas vidas valem mais que o lucro deles!

 
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