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FRENTE AMPLA
MDB de “esquerda”: PCdoB, PSB, Freixo e outros estudam criação de partido que terá tudo, menos independência de classe
Giovan Sousa

O recente “namoro” entre Flávio Dino e PSB revelou desejo de fusão entre os dois partidos. Além do PSB, Dino busca uma série de lideranças na intenção de criar um partido amplíssimo que ele mesmo chama, demagogicamente, de “MDB de esquerda”.

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Flavio Dino tem encabeçado uma ideia que chama de "audaz", mas que não tem outra forma de colocar que não "oportunista", no mínimo: quer unir as legendas de seu partido (PCdoB) e do PSB logo após as eleições municipais: a ideia é um partido equivocadamente chamado de "esquerda", que atraia uma série de figuras insatisfeitas com suas próprias legendas, e sugere a inclusão de Marcelo Freixo, do PSOL. Enquanto a pandemia já levou 80 mil pessoas (ou muito mais, tendo em vista a subnotificação), o que está no horizonte do governador do Maranhão é o interesse em se candidatar à presidência em 2022. O PSB tem se atraído pela possibilidade e a fusão tem grandes chances de se concretizar, segundo O Globo.

Ainda segundo o jornal, a fusão das legendas proporcionaria um fundo eleitoral superior a R$145 milhões, maior que fundos de partidos como PSDB e DEM. Dino tem propagandeado a ideia como um “MDB de esquerda”, justamente porque propõe um partido que tenha braços abertos para ex-filiados a outros partidos que fiquem “descontentes” com suas legendas. Não é surpresa saber que Freixo está “cotado”, uma vez que tem tido guinadas à direita cada vez mais profundas dentro do PSOL, que não de hoje vem demonstrando seus limites enquanto alternativa à esquerda do PT.

Aberto a diálogos com Jorge Picciani, Rodrigo Maia e outras figuras do centrão, Freixo deliberadamente desistiu de disputar a prefeitura do Rio de Janeiro pelo seu partido ao não ter rejeitada sua proposta de chapa eleitoral que contasse com PT, PCdoB, PSB e PDT – no mínimo – segundo ele a construção de uma “unidade ampla” deve estar acima de “projetos pessoais”. A desistência acontece em um momento no qual o Rio é um dos epicentros da crise política, econômica e social que enfrentamos, e palco de um verdadeiro massacre realizado pela polícia contra a população preta e das favelas. Para Freixo, porém, manter-se minimamente no campo da esquerda é um "projeto pessoal", como disse, e, além disso, ele deliberadamente busca fortalecer a polícia e seu aparato repressivo, buscando atrair uma base política entre os policiais, como ficou evidente no início do ano ao garantir duas emendas que beneficiam esse setor, ignorando a questão fundamental de que a polícia mais bem armada significa fortalecer uma instituição que tem como sua definição a defesa do Estado burguês e da propriedade privada, com interesses por definição antagônicos aos dos trabalhadores e do povo preto e pobre.

Segundo Dino, ele e Freixo vem se reunindo regularmente com Maia, Eduardo Leite, e Luciano Hulk, buscando conformar uma frente tão ampla quanto for possível, e assim mesmo, estéril, completamente descolada de qualquer alternativa legitimamente de esquerda que se ligue aos trabalhadores para derrotar nas ruas a extrema-direita. Como parte da construção dessa frente amplíssima, essas figuras realizaram um ato-live algumas semanas atrás chamado "Direitos já!", onde outras figuras do PSOL como Boulos e Fernanda Melchionna apareciam lado a lado de figuras diretamente de direita como Alckmin, FHC e setores do mercado financeiro.

Dino enfrenta alguns obstáculos nas suas empreitadas partidárias, como é a resistência de partidos como PT e PDT, que buscam, até o momento, sair com candidaturas próprias em 2022. No caso do PT, há uma divisão de tarefas já bem conhecida, na qual Lula se coloca por fora dessas frentes e alianças que vem sendo construídas, como foi sua decisão de não se somar ao ato, para fazer parecer que tem algum resquício de decência, enquanto por outro lado, através de governadores de estados do Nordeste, seguem dando as mãos para os piores golpistas e capitalistas de todo tipo, que até ontem encabeçaram um golpe institucional no país e ainda hoje assinam embaixo de incontáveis ataques aos trabalhadores, estudantes e povo pobre.

Muito longe da demagogia de Dino e das ilusões do PSOL, a construção de uma alternativa de esquerda que esteja verdadeiramente à altura de derrotar Bolsonaro, Mourão e os militares não pode ser construída a partir de fortalecer "frentes amplas" que dão as mãos com setores completamente sujos e apodrecidos deste regime político. Essas alianças não somente não vão dar em nada. Elas vão levar diretamente ao fortalecimento de uma nova direita no Brasil. É isso o que querem essas alternativas: enfraquecer Bolsonaro, mas não para favorecer interesses dos trabalhadores, e sim fortalecer um novo balaio de gato com interesses mais inescrupulosos e anti-operários que se possa imaginar.

Para derrotar a extrema-direita, é preciso construir o Fora Bolsonaro e Mourão, batalhando não apenas contra os principais atores do Palácio do Planalto, mas questionando de conjunto esse regime completamente apodrecido que degrada as vidas dos trabalhadores a da população. É preciso questioná-lo com uma luta real, que coloque a necessidade de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Mais uma vez, as apostas desses partidos é esperar quatro anos para trocar os jogadores, basta! Não podemos mais seguir perdendo vidas! Somente mudando radicalmente as regras do jogo é que poderemos delinear um horizonte no qual não estejamos fadados a pagar pelos custos da crise capitalista. Somente com uma Assembleia Constituinte é que poderemos de fato ditar os rumos do país sob a perspectiva da nossa classe.

 
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