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POVOS INDÍGENAS
Após a morte de Mahoro, Mourão sustenta o massacre indígena defendendo "índio mais integrado"
Jean Barroso
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Com o contágio generalizando-se nas aldeias e regiões ocupadas pelos povos indígenas, o vice presidente Hamilton Mourão lavou deu de ombros e não apresentou nenhuma medida de proteção aos povos indígenas do Brasil. Nesta semana, uma das liderança da causa indígena, o cacique Domingos Mahoro morreu por causa da covid-19, depois de esperar 3 dias por um leito de UTI.

A Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, afirma que já houveram 187 mortes de indígenas, mas a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirma que o número é muito maior, de 453 mortos. Ao sancionar a Lei que propunha algumas medidas de proteção aos povos indígenas, Bolsonaro vetou a obrigação de fornecimento de insumos básicos como água e mantimentos, para as aldeias. Com isso, e ainda, sem atendimento básico de saúde, Bolsonaro e Mourão seguem a tradição de um país construído em base ao genocídio deste povo.

Mourão sustentou a decisão de Bolsonaro em conversa com investidores, afirmando que não seria preciso sequer o abastecimento de água para as aldeias, porque segundo ele, "o indígena se abastece da água dos rios que estão na sua região". Mourão nada mais é do que responsável pelo conselho da Amazônia e pratica uma dura intervenção militar no local. Como vemos, esta intervenção nada tem a ver com a defesa dos povos nativos, muito pelo contrário: Mourão está pondo em prática a filosofia do ministro-fugitivo racista Abraham Weintraub, que odiava o termo "povos indígenas".

Questionado ainda sobre a taxa de contágio dos indígenas, Mourão jogou a culpa neles mesmos: "As senhoras e os senhores têm de entender, na realidade amazônica, que o indígena sai da sua terra para ir até a cidade, seja para receber algum benefício, da nossa Lei Orgânica de Assistência Social, seja porque ele tem de comprar alguma coisa." O que está por trás desta afirmação é a confissão de que o estado brasileiro nada tem feito para fornecer assistência nas aldeias e localidades ocupadas por estes povos. Três dias esperando um leito de UTI antes de morrer, esta é a realidade do povo indígena, quando não tem sua terra invadida por garimpeiros, pistoleiros e assassinos enviados por grandes proprietários de terra e políticos da região.

Dário Kopenawa Yanomami oi ao Palácio do Planalto na semana passada para denunciar a invasão de garimpeiros e a violência destes contra povos indígenas na Terra Yanomami. Após o encontro, Dário disse a jornalistas que Mourão afirmou que vai resolver o problema, mas "não explicou direito como". Os Yanomami falam na invasão de 20 mil garimpeiros em suas terras, mas o governo admite a presença de 3,5 mil.

No marco de tudo isso, Mourão defende que o indígena seja "mais integrado" à sociedade. Mas a integração, como vemos, passa por uma versão contemporânea do que foram as missões jesuíticas: conversões religiosas por pastores ou padres católicos, etnocídio cultural, mortes por contaminação de doenças originadas nas cidades, invisibilização e apagamento da identidade do índio.

Ainda sobre os garimpo ilegal, Mourão mostra a faceta cruel de sua política, afirmando ser impossível impedir a entrada destes ladrões de terra assassinos. Segundo ele a região seria muito grande para cobrir as entradas e, ainda, afirmou que se as entradas fossem fechadas, as saídas também deveriam ser: "Se nós vamos ter de bloquear a entrada, também vamos ter de bloquear a saída." - uma ameaça velada de sitiar as aldeias e localidades aonde os indígenas vivem.

Novamente, fica claro que é impossível desvencilhar a política de Bolsonaro do conjunto da política do governo em aliança com congresso e o STF. O STF, que busca selar um acordo com Bolsonaro, envia indicações de como o governo pode por em prática sua política de massacre sem chamar atenção da opinião pública, o congresso aconselha Bolsonaro a como seguir deixando dezenas de milhares morrerem mas administrando a luta de classes para não gerar conflitos, e Mourão aplica e sustenta a política racista de Bolsonaro tanto no Conselho da Amazônia quanto em todo o resto. Por isso o impeachment de Bolsonaro é uma saída ilusória que não dá respostas para o povo pobre, os oprimidos, os indígenas, os negros e os trabalhadores.

Somente com a mobilização dos trabalhadores em aliança com todos oprimidos é que é possível dar uma resposta contra a pandemia do coronavírus, pandemia que atinge principalmente os negros, os pobres, os trabalhadores, e que atinge de maneira cruel os povos indígenas que não recebem nenhum tipo de apoio, pelo contrário. Somente atacando o lucro daqueles que saem ganhando com a miséria da maioria é que é possível dar uma saída para estes setores, e isso para por não criar ilusões em uma frente com golpistas como a frente "direitos já", aonde cabe espaço para notórios ex representantes do assassinato dos negros, do massacre indígena e dos ataques aos trabalhadores. Ao contrário, uma frente com independência de classe sem acordos com burgueses é a única saída, passando também por discutir alternativas que não levem ao fortalecimento de oposicionistas burgueses como o impeachment, que leve adiante o Fora Bolsonaro e Mourão e levante uma saída da classe trabalhadora e do povo pobre.

Com informações da Agência Estado.

 
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