O lobby das organizações cristãs que se opõem ao direito ao aborto legal no Parlamento norte-americano conseguiu que o governo doasse fundos de milhões de dólares em empréstimos para um programa de ajuda financeira para a pandemia de coronavírus.

Entre as organizações anti-direitos que receberam a ajuda financeira está a American Family Association (AFA), que foi descrita como um grupo de ódio pelo acompanhamento de especialistas do Southern Poverty Law Center. No passado, a AFA descreveu a homossexualidade como "uma escolha pobre e perigosa" e culpou os homossexuais pelo Holocausto.

Para aumentar a controvérsia, o Centro Americano de Direito e Justiça, um grupo anti-aborto liderado pelo advogado pessoal de Trump, Jay Sekulow, também recebeu fundos.

Mas o lobby cristão também conseguiu que a agência governamental que supervisiona a rede de Planejamento Familiar (a maior rede de clínicas de aborto dos EUA) pagasse os empréstimos que havia recebido.

Frederick Clarkson, analista sênior de pesquisa da Political Research Associates, especialista em direito religioso americano, declarou em uma entrevista: "O que estamos vendo com isso é um salto de um ano para direcionar o financiamento governamental das principais entidades políticas de direita. Cristão em uma escala que nunca vimos antes."

Por sua parte, Jacqueline Ayers, porta-voz da Planned Parenthood, disse diretamente que "era um ataque político claro aos centros de saúde da Planned Parenthood e ao acesso à saúde reprodutiva".