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DESEMPREGO
Trabalhadores da América Latina, os perdedores da pandemia
Mariel Ochoa

De acordo com um informe da OIT, a América Latina mostra uma perda de de horas de trabalho equivalente a 47 milhões de empregos. É a zona mais atingida em escala mundial.

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Em menos de um mês, as previsões da Organização Internacional do Trabalho pioraram em relação às já pessimistas previsões de antes da crise sanitária. Em maio, o organismo internacional anunciava uma perda de 10,7% dos empregos existentes, algo próximo de 305 milhões de empregos em todo o mundo. Um número por si só escandaloso.

Porém, no seu relatório mais recente, a OIT informou que, de maio a julho, as horas de trabalho diminuíram 14%. O equivalente dessa porcentagem em horas, dividido por 48 (horas) - o período (idealmente) de uma semana de trabalho - resulta na estimativa de que o mundo perdeu 400 milhões de empregos, somente no setor formal.

Só na América Latina, foram perdidos 47 milhões de postos de trabalho. Ou seja, aconteceu uma queda de 20,5% nas horas de trabalho, 6% mais do que a média mundial.

Se for somado a esse número os empregos perdidos nos Estados Unidos e Canadá, a taxa cairia para 18,3%. Isso segue sendo uma taxa maior que os casos de Europa e Ásia Central (13,8%), Ásia e Pacífico (13,5%), os Estados Árabes (13,2%) e África (12,1%).

A nível mundial, as mulheres são as mais atingidas, não só por serem as mais expostas nas unidades de cuidados, de saúde e nos hospitais, mas também pelos papéis que cumprem dentro dos setores mais afetados pela crise como o hoteleiro, o comércio, a restauração e a indústria manufatureira.

Segundo as estimativas da OIT:

“510 milhões de mulheres empregadas no mundo (40% do total) trabalham nos 4 setores mais atingidos, frente a 36,6% dos homens.”

Três cenários possíveis, em todos os trabalhadores perdem

A OIT informou que, segundo as previsões, podem existir três cenários. A visão otimista implicaria em uma recuperação nos próximos meses, que permitiria terminar o ano com uma perda de apenas 1,2% a menos em horas de trabalho, em relação ao ano anterior. Isso é equivalente a 34 milhões de empregos.

De qualquer forma, tudo aponta que essa opção é quase impossível.

Em um segundo cenário, se as condições de trabalho e as atividades podem ser retomadas de maneira generalizada, a queda em horas trabalhadas para o último semestre será só de 4,9% a menos em relação ao último trimestre de 2019. Isso significaria a perda de 140 milhões de postos de trabalho a tempo integral.

No último cenário, se as contaminações mantiverem o ritmo em que vêm até agora, e os governos seguirem sem aplicar testes massivos, será preciso reativar as medidas restritivas e a suspensão de atividades. Isso poderia fazer com que as horas perdidas alcancem 11,9%, ou seja, uma perda de 340 milhões de empregos. Uma previsão que acaba sendo otimista, se calcularmos os danos trabalhistas que a pandemia deixou a nível mundial.

De acordo com a OIT, 93% dos trabalhadores que se encontram dentro desses números vivem em países onde as restrições econômicas e no trabalho foram muito altas. Novas medidas que possam ser tomadas pelos governos poderiam ter efeitos econômicos e laborais com consequências até o ano de 2030.

Desde o início da pandemia, o discurso que se promoveu é o de que “estamos todos juntos nisso”, expostos ao contágio, ao desemprego e à fome. Porém, os números abertos pela OIT revelam um segredo escancarado: nós trabalhadores somos os verdadeiros perdedores.

É urgente que se decretem impostos progressivos às grandes fortunas, a proibição das demissões, plenos direitos para todos trabalhadores e também testes massivos para controlar a pandemia. Chega de as consequências dessa crise serem descarregadas sobre as nossas costas.

 
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