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BREQUE DOS APPS
Breque dos Apps: nossas vidas valem mais que o lucro deles
Redação

A histórica paralisação dos entregadores de Apps, o levante contra a precarização da vida.

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Foto: Sebastião Moreira/EPA

Os trabalhadores se encontram mais uma vez desamparados. Diante do desemprego crescente, medidas como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a flexibilização dos direitos trabalhistas, os ataques de Bolsonaro aos trabalhadores e o fenômeno dos aplicativos de entrega, se cadastrar em apps como iFood, Rappi, Uber, se mostrou uma opção rápida, acessível e, no fim das contas, uma solução. Uma solução cuja premissa era crescimento, que colocavam seus empregados como “empreendedores”, como “parceiros”. Hoje a solução se mostra um pesadelo: longas horas de trabalho pedalando ou dirigindo, sem segurança, sujeitos a acidentes, sem direitos trabalhistas, salários menores que o salário mínimo.

A precarização das condições desses trabalhadores são inimagináveis, inconstitucionais e desumanas, enquanto os donos desses aplicativos enriquecem nas costas desses entregadores. A empresa Movile, dona do iFood, é avaliada hoje em US$1 bilhão de dólares. No mercado, o aplicativo do Rappi é avaliado em US$3 bilhões de dólares. O aplicativo do Uber é avaliado em US$82,4 bilhões de dólares.

Quem são esses empresários que merecem tais fortunas, mais do que aqueles que trabalharam mais de 12 horas por dia, que não possuem seguro de vida, que ganham menos de R$5,00 por entrega feita; que pedalam 70 km por 13 horas por dia e mal conseguem alimentar a família ou ter condições mínimas de trabalho; que são tratados como animais e burros de carga?

Aplicativos como esses chamam seus empregados de empreendedores, pregando o mito da parceria, usando como motivo para não formar vínculos empregatícios e justificar a superexploração, as jornadas desumanas, os salários desumanos. A verdade é que esses “empreendedores” não possuem nenhuma participação no lucro bilionário do aplicativo da Uber, do iFood ou do Rappi, mas mesmo assim são chamados de parceiros. Em condições análogas à escravidão, eles fazem todo o trabalho e não recebem nada do que produzem.

Em plena pandemia são largados à própria sorte: não possuem suporte dos aplicativos, não recebem álcool em gel ou EPIs e, por outro lado, não podem negar pedidos ou entregas pois possuem bocas para alimentar. Sujeitos às regras arbitrárias dos apps e aos julgamentos dos clientes, relatos de entregadores de que são banidos por se recusarem a entrar em contato com contaminados com COVID-19 são aterrorizantes. São neles que é confiado a estabilidade da pandemia e são neles que são depositadas as esperanças de um isolamento feito com sucesso a fim de combater o vírus, mas suas vidas não parecem importar. O isolamento é para alguns e a segurança para menos ainda. Neles são confiados milhares de vidas mas as suas ficam a deriva.

Por isso chamamos à adesão ao movimento Breque dos Apps do dia 1º de julho e reivindicamos condições humanas para os trabalhadores de aplicativos: por aumento do valor por km, por aumento do valor mínimo de entrega, pelo fim dos bloqueios dos aplicativos que os impedem de trabalhar, pelo fim da pontuação do Rappi que obriga os entregadores a trabalhar de sexta, sábado e domingo para poder trabalhar o resto da semana, por seguro por roubo e acidente e por segurança frente a pandemia do COVID-19 com distribuição de álcool em gel e máscaras.

Além de apoiarmos suas demandas, nós do Esquerda Diário levantamos um programa para enfrentar a crise, onde defendemos a necessidade de proibir demissões e cortes de salários, que o auxílio emergencial seja de 2 mil reais, para que uma família possa de fato se sustentar. Além disso, precisamos de testes massivos para planejar racionalmente a quarentena, além de unificar os sistemas público e privado de saúde, sob controle dos trabalhadores, para acabar com as filas por leitos de UTI. É hora de garantir que os entregadores sejam vistos e ouvidos. É hora de carregar nas costas seus direitos e não seus empregadores. Entregadores de aplicativos do mundo, uni-vos!

 
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