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COVID-19 SÃO PAULO
Em meio ao aumento de mortes e subnotificação Dória diz que São Paulo está perto de uma estabilização
Redação

O governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), disse hoje (01) pela manhã em entrevista à Globo News que o estado está perto de atingir o “platô”, que é como é chamado o estágio da curva de contágio do coronavírus onde não há mais crescimento, porém ainda não há diminuição dos casos, expressando assim uma estabilização. Ou seja, para Dória, a situação da saúde no estado está próxima de se estabilizar.

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Imagem: Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo

Mas o que vemos na prática não se parece nada com uma estabilização. Ao analisarmos os boletins epidemiológicos emitidos pela Secretaria de Saúde do estado, somente nos últimos 7 dias, a curva de contágios tem seguido um ritmo de crescimento onde somente os casos confirmados aumentaram em média 7.083 por dia e as mortes confirmadas aumentaram diariamente em uma média de 235. Além disso, entre o penúltimo e o último boletim emitidos, nos dias 29 e 30 de junho, os casos confirmados sofreram um aumento de 3.403 novos casos diários para 6.235 casos diários, um salto de 2.827 casos a mais de um dia para outro, e o registro de óbitos foi de 60 novos óbitos para 365 novos óbitos, um aumento de mais de 6 vezes de novos óbitos em apenas um dia.

E todos estes números que já são absurdos não representam fielmente a realidade de contágios e mortos, pois a enorme subnotificação faz com que muitos casos não sejam contabilizados nos números divulgados oficialmente. A subnotificação dos casos colabora para o discurso mentiroso de que a situação não estaria tão grave, para justificar o extremo descaso com o qual o governo lida com a pandemia.

Dória, apesar de tentar se colocar como um gestor ponderado em relação à gestão absurda que o governo de Bolsonaro tem feito a nível federal, não faz nada de diferente em termos de providenciar melhores condições para que e população pobre e trabalhadora enfrente o surto do coronavírus, pelo contrário, assim como Bolsonaro, o governador de São Paulo demonstra estar preocupado com os empresários e não com a vida da população.

São exemplos claros disso as medidas tomadas por Dória durante a pandemia. Ao invés de aumentar a estrutura de saúde no estado e garantir a testagem da população para uma quarentena mais efetiva, o governador tomou decisões que beneficiavam aos empresários sem se preocupar com as consequências que cairiam sobre a população trabalhadora: anunciou uma abertura econômica em meio à subida da curva no estado; anunciou o retorno das atividades escolares de forma presencial para 8 de setembro em meio ao auge da pandemia; anunciou a abertura de bares e restaurantes que coloca em risco os trabalhadores deste setor além de provocar um aumento dos casos; O caso do Shopping Iguatemi Esplanada, que abriu metade das lojas e manteve a outra metade fechada por estar dividido em dois municípios com regras de restrições diferentes, demonstra que a “quarentena inteligente” do Dória além de não ter nada de inteligente, é mais um expressão da preocupação em salvar o lucro dos empresários a custa da vida da população.

E na tentativa de enganar a população para fazer a crise sanitária parecer menos grave do que é na verdade e beneficiar seus amigos empresário, Dória não usa somente a subnotificação, mas também um método totalmente equivocado para flexibilizar a quarentena que é a quantidade de leitos de UTI ocupados. Este método contém dois erros graves. O primeiro é que o ciclo do coronavírus é em média de duas semanas, portanto, quando se contabiliza o aumento da ocupação de leitos, provavelmente o vírus já se espalhou em um número muito maior de pessoas. O segundo é que na contagem dos leitos entram os de hospitais públicos e particulares, então muitos leitos divulgados como disponíveis na verdade podem estar em redes particulares e restritos somente a quem possa pagar ou possua plano de saúde.

Os mais afetados com a gestão de Dória que pode ser qualificada como assassina na medida que oferece a vida dos trabalhadores em sacrifício pelo lucro dos empresários, é a população pobre e sobretudo negra. Segundo um estudo feito pelo site MedidaSP, quase 70% das mortes por covid no estado são entre pessoas com renda de até três salários mínimos. E a população negra, além de estar massivamente ocupando os postos de trabalhos mais inferiores e com os piores salários, também é quem mais sofre com a violência policial, que só no estado de São Paulo aumentou em 54% durante a pandemia. Sem falar que a população negra é maioria nas periferias e favelas, onde a estrutura sanitária não alcança muitas vezes medidas mínimas de combate ao vírus como a higienização, pela dificuldade de acesso à água por exemplo.

A intenção de Dória ao mentir sobre a “estabilidade” que estaria por vir é a de enganar a população e fazer parecer que tudo está sobre controle, para justificar o descaso com o qual vem atuando sobre a crise sanitária e a priorização do lucro dos empresários enquanto a população está largada à própria sorte. O que os trabalhadores paulistas precisam neste momento não é da demagogia de Dória, mas sim de testes para todos que necessitem e garantia de não serem demitidos ou de renda decente no caso dos autônomos, para que possam ter um pouco mais de tranqüilidade nesta quarentena, e da ampliação da capacidade dos hospitais, com o aumento de leito e reforços nas equipes de trabalhadores das saúde, e disponibilização dos leitos públicos e particulares em uma lista única, para que a população trabalhadora e pobre não engrosse mais as estatísticas dos mortos da covid pela falta de atendimento.

 
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