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As divergências dentro da convergência dos ataques aos trabalhadores diante da crise
Daphnae Helena
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Existe no governo a confluência em relação plano mais estratégico de privatizações, reforma tributária e administrativa, no entanto a combinação de maior ou menor intervenção estatal é fonte permanente de embates. Exemplo disso foi a abjeta reunião ministerial vazada na qual Paulo Guedes e o general Braga Netto protagonizam um embate em torno do plano de investimentos chamado de Pró Brasil. Na ocasião, o ministro Braga Netto amenizou as diferenças com o Ministro da Economia, mas o fato é que este anúncio serviu para deixar no radar uma segunda opção que não seja o ultraliberalismo de Guedes. Ao mesmo tempo, recentemente, o Ministro da Economia teve que se conformar com a necessidade da prorrogação do auxílio emergencial e, também, fazer menção a um novo programa de renda básica do governo que se chamaria Renda Brasil, e potencialmente incluiria o atual Bolsa Família expandindo-o também para os trabalhadores informais.

Uma medida como a que propõe o general Braga Netto, longe de um suposto desenvolvimentismo com desenvolvimento da indústria nacional, estaria mais próximo de um plano estatal de intervenção que permitisse a entrada forte do capital estrangeiro no país, em especial no setor de infraestrutura cujas principais empreiteiras nacionais (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht) foram tiradas de cena pelas operações da Lava Jato. Mas mesmo isso seria inconcebível para a concepção ultra neoliberal de Paulo Guedes, segundo a qual qualquer intervenção estatal na economia gera distorções e impede que se chegue a um equilíbrio econômico.

Em meio a esta situação, entra em debate o fato de se há ou não dinheiro no país e as exigências do capital financeiro internacional para que o país de seguir com a agenda de reformas e ataques, agora com a reforma administrativa. Exemplos disso vem sendo o programa defendido por Armínio Fraga, reconhecidamente representante do setor financeiro, que para responder à preocupação com o cenário fiscal e com o crescimento da dívida diz que é necessário realizar uma reforma tributária, a reforma administrativa, de acabar com desonerações e subsídios. Da mesma forma, entrevista dada por executivos da Anbima, representantes do Bradesco e do JP Morgan, banco internacional dealer da dívida brasileira, também afirmam que esperam do governo uma preocupação em relação ao crescimento da dívida pública. Recentemente, Congresso colocou em votação o marco regulatório para a privatizações do saneamento básico. O que também pode apontar para um caminho de confluência a ser seguido.

No entanto, para além do que se coloca como exigência do capital financeiro internacional existe a luta de classes em curso e um cenário internacional e nacional onde se parece andar no fio da navalha, com a possibilidade de um estouro da luta de classes frente ao estado de calamidade do sistema de saúde, do desemprego, de mortes e violência policial. Esta é a preocupação que faz outros setores burgueses, ou que replicam seus receituários, a não seguirem rezando a cartilha de apenas ajustes como vinha sendo a rota econômica do governo antes da pandemia. Na aparente retórica social, que defende o aumento do gasto público, está escamoteado um medo muito maior, que é aquele que colocaria em risco a própria estabilidade do capitalismo brasileiro.

 
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