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EDITORIAL MRT
Conferência Nacional do MRT debate como potencializar as lutas de resistência operária e negra no Brasil
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED
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No último fim de semana ocorreu a Conferência Nacional do Movimento Revolucionário de Trabalhadores reunindo delegados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Brasília, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e outros estados e cidades para debater o importante giro na situação política internacional a partir das mobilizações nos Estados Unidos, qual saída política diante da crise no Brasil e a pandemia mundial bem como as medidas de agitação e organização do MRT no próximo período.

A Conferência analisou a situação internacional com a explosão da questão negra a nível mundial buscando transcender os impactos imediatos das manifestações e analisando as transformações a médio e longo prazo que se darão pelo impacto de um processo de tamanha profundidade no coração do imperialismo norte-americano. Debatemos como é importante que o enfrentamento a Trump e sua política racista e xenófoba não leve o movimento de mãos atadas pro colo do também imperialista Partido Democrata que, como sabemos, quando esteve no poder levou adiante uma série de medidas racistas. As eleições norte-americanas no segundo semestre serão um primeiro termômetro deste processo, com efeitos diretos na política brasileira pela submissão ostensiva do clã Bolsonaro a Trump.

A crise econômica no Brasil se aprofunda e tem consequências na vida dos trabalhadores com as demissões e o recorde nos pedidos de seguro-desemprego. Vemos a burguesia pressionada entre a sua necessidade de avançar com o ajuste fiscal e com medidas da reforma trabalhista que já vêm se aprofundando muito mesmo em meio a pandemia, ao mesmo tempo em que teme que as consequências da crise se expressem em explosões sociais, mais ainda depois do impacto dos Estados Unidos e outros processos pelo mundo. Assim, a pandemia e a crise econômica agravam a crise orgânica que vinha se expressando nas disputas entre extrema-direita e direita, no marco de uma situação ainda reacionária.

Vimos, assim, um aprofundamento do bloco entre os militares do governo e Bolsonaro desde a saída de Sérgio Moro, dando lugar a uma ala bonapartista apoiada no Exército e neste bloco bem como sua base bolsonarista, e uma outra ala bonapartista que combina várias setores como Rodrigo Maia, STF e suas frações, Rede Globo e os grandes jornais do país e os governadores da direita. Esses embates se materializam agora na prisão da fascista Sara Winter.

É neste marco que as propostas de "frentes amplas" para enfrentar o governo Bolsonaro se tornam cada vez mais fantasiosas. O próprio "impeachment" - seja "popular" ou não - vem perdendo peso na realidade uma vez que mesmo com todas as crises em curso que apontamos acima o governo Bolsonaro alcançou um "equilíbrio instável" neste momento no qual a sua queda pela via parlamentar não parece ser o horizonte mais próximo. Também não podemos confiar que o judiciário golpista possa ser uma alternativa para a suposta “defesa da democracia”, mesmo que estejam ameaçando com processos o bolsonarismo e a cassação da chapa. O Manifesto "Estamos juntos" neste sentido, com assinatura de uma série de empresários, expressa muito mais uma tentativa da direita tradicional se revigorar como alternativa no país, incluindo com protagonismo bilionários e golpistas que atacam os trabalhadores do que uma unidade séria pra derrotar Bolsonaro e Mourão. Ao contrário desta política apostamos no desenvolvimento da luta dos trabalhadores e da juventude potencializando as ações antifascistas e anti-racistas que precisam se massificar, com todas as medidas de distanciamento social e segurança sanitária, se conectando com as lutas de trabalhadores que estão em curso como a Paralisação Nacional dos Entregadores de Aplicativos no dia 1o de julho e defendendo os trabalhadores de ataques enormes como são as mais de 2 mil demissões na Latam.

Neste sentido a Conferência do MRT reafirmou nossa posição política com a bandeira Fora Bolsonaro e Mourão por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta entendendo mais do que nunca que a mudança cosmética de um governo por outro neste regime do golpe institucional não resolverá o enfrentamento a todos os planos de ajustes que seguem implementando para atacar a classe trabalhadora. E que por isso é fundamental agora denunciar o nefasto papel das centrais sindicais, como CUT e a CTB, que não fazem o mais mínimo e elementar pra defender os trabalhadores nessa situação, seguindo a batalha nos sindicatos para que estes saiam da paralisia e construam uma Frente Única Operária, a partir da pressão da organização dos trabalhadores pela base, numa mobilização que seja em aliança com o povo negro e o conjunto dos movimentos sociais. Do ponto de vista da esquerda consideramos que seria fundamental organizar uma Coordenação por Fora Bolsonaro e Mourão como já viemos propondo ao PSTU e ao Bloco de Esquerda Radical do PSOL. Esta política é também em denúncia ao PT que faz uma divisão de tarefas entre o partido e Lula que tentam aparecer como mais "radicais", as centrais sindicais que controlam e impedem a luta dos trabalhadores e os governadores do PT que já aprovaram a reforma da previdência e agora lançam mão de repressão às manifestações.

Por todos estes elementos a Conferência do MRT debateu um forte giro para impulsionar o Quilombo Vermelho Luta Negra Anticapitalista que reuniu há poucas semanas mais de 500 jovens e trabalhadores e a partir de agora vamos organizar plenárias estaduais do Quilombo Vermelho pra potencializar a organização em cada estado ou cidade buscando batalhar como parte do movimento de luta anti-racista sempre defendendo uma perspectiva da classe trabalhadora, aliando a luta negra com a luta de classes como explicou Letícia Parks em video. Assim como a partir do grupo de mulheres Pão e Rosas, uma corrente feminista marxista e socialista reconhecida nacional e internacionalmente, queremos debater a partir do marxismo revolucionário batalhando por uma ala revolucionária e de classe neste movimento.

Por isso, o MRT e o Quilombo Vermelho nas próximas semanas dedicarão todas as suas forças para potencializar o chamado à Paralisação Nacional dos Entregadores de Aplicativos dia 1o de julho colocando o Esquerda Diário a serviço dessa ação bem como potencializar a campanha democrática contra as demissões na Latam que conte com declarações de dezenas de intelectuais, personalidades, parlamentares do PSOL, entre outros, bem como organizando ações de solidariedade no aeroporto. Vamos organizar panfletagens, videos e todo o tipo de iniciativas para transformar a paralisação dos entregadores em uma grande causa popular enfrentando toda a precarização do trabalho e o racismo. Nos baseando na experiência avançada da Rede de Precarizados na Argentina, impulsionada pelo PTS, outros setores da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores e independentes, fazemos um chamado a toda a esquerda pra organizarmos uma ampla campanha de apoio aos entregadores rumo ao dia 1o de julho e a colaborar na potencialização de sua organização e luta. Os Comitês Virtuais do Esquerda Diário deverão na próxima semana organizar reuniões junto com o Quilombo Vermelho pra organizar a intervenção e o apoio aos entregadores e aos trabalhadores aeroviários da Latam, convidamos nossos leitores a dar um passo a frente e se organizar junto conosco. Como parte dessa luta queremos levantar um programa operário pra enfrentar a crise: nenhuma demissão, abertura dos livros de contas das empresas, anulação das MP´s e de todas as reformas, efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso público, igualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres e todas as reivindicações dos entregadores de aplicativo.

Este giro imediato se combina a toda a política ofensiva de propaganda que viemos levando adiante através do Campus Virtual do Esquerda Diário com cursos sobre Marx, Lenin, Trotski, Educação e Marxismo e em breve sobre O Manifesto Comunista, Marxismo e a Questão Negra e O marxismo de Rosa Luxemburgo, já que para nós as batalhas cotidianas e táticas não está desconectadas de nossos objetivos mais estratégicos, portanto a teoria tem um lugar destacado na conformação de uma forte coluna de quadros revolucionários como vimos em nossa Conferência, e mais ainda num momento em que se faz necessário combater todas as deturpações do marxismo, como é o stalinismo.

A Conferência também aprovou as pré-candidaturas a vereança do MRT por filiação democrática no PSOL, uma medida frente a este regime eleitoral antidemocrático, com Carolina Cacau (Rio de Janeiro-RJ), Maíra Machado (Santo André-SP), Marcello Pablito (São Paulo-SP), Flávia Valle (Contagem-MG), Val Muller (Porto Alegre-RS) e Livia Toneli (Campinas-SP) que vão levar ao terreno eleitoral essas batalhas e nossa política contra o governo Bolsonaro e Mourão e por uma saída realmente dos trabalhadores. Ainda esse mês nós do MRT lançaremos um Manifesto Programático aprovado na Conferência frente à situação internacional e nacional pra aprofundar as discussões sobre as vias de construção de um partido revolucionário no Brasil e internacionalmente.

 
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