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UNICAMP
Funcamp corta 25% dos salários de trabalhadores da linha de frente do HC-Unicamp
Eduardo Derisso

Em plena pandemia, a Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) realiza amplamente, por meio da MP da Morte de Bolsonaro, redução de salários e jornadas de 25% aos trabalhadores da saúde no HC.

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O desenvolvimento da pandemia do novo Coronavírus no Brasil tem-se agravado com a crise econômica, sanitária e política. Cálculos do IBGE estipulam taxa de desemprego em mais de 12% e só nos últimos dois meses mais de 107 milhões de brasileiros pediram pelo auxílio emergencial, que para muitos não é pago pelo governo Bolsonaro. Os sistemas de saúde de vários estados já colapsaram e os número de contaminados e mortos seguem crescendo.

Nas alturas do regime brasileiro, vemos a disputa se acirrar ainda mais entre governo Bolsonaro, Mourão e militares contra setores da institucionalidade “racional” (STF, congresso e governadores como Dória e Witzel), contudo ambas alas do regime não deixam de seu unir para atacar as mulheres, os negros e trabalhadores. Um dos frutos desses acordos em comum foi a MP da Morte de Bolsonaro (Medida Provisória 936/2020) que permite, além de suspensão de contratos, redução de jornada e salário em plena pandemia, um verdadeiro absurdo que ataca diretamente os setores precários que mais são afetados com a crise.

Doria, governador do Estado de São Paulo, apesar de se colocar como oposição ao governo federal, é também responsável por esses ataques. Isso se escancara com o fato de que Doria aplaudiu a primeira MP que Bolsonaro planejou na pandemia permitia suspensão de contratos por quatro meses. Apesar da medida ter sido alterada posteriormente (mantendo ataques), isso mostra como sua postura de oposição é só fachada, assim como a do reitor da Unicamp, Marcelo Knobel.

É com a MP de Bolsonaro que a Funcamp tem realizado, desde Maio, redução de jornadas e salários de seus trabalhadores em 25%. A justificativa da Funcamp em comunicado aos trabalhadores é um verdadeiro absurdo: “[os cortes se deram por] necessidade de adoção de medidas preventivas para minimizar a cadeia de transmissão, bem como a necessidade de reduzir o risco de contágio da população”.

A maioria desses funcionários foram contratados para o setor de ensino, porém seu trabalho nunca esteve separado da assistência à saúde dos pacientes. Como foi dito por um dos profissionais de saúde entrevistado pela Adunicamp em reportagem sobre os cortes: “Em vários de nossos casos, os períodos semanais que tínhamos que cumprir para atividades de ensino foram totalmente voltados a atividades assistenciais para pacientes com Covid ou sem Covid. Assim que as atividades de ensino foram suspensas, nós automaticamente fomos direcionados a assistência, e isso por iniciativa nossa, é bom que se diga. Nós nos colocamos imediatamente à disposição das estratégias de enfrentamente da Covid-19”. O ataque feito pela Funcamp afeta tanto as condições de vida dos trabalhadores, levando em conta que seus salários são menores que de concursados do município, como também o atendimento aos pacientes em setores essenciais. Alguns profissionais já cogitam deixar seus cargos.

Os cortes também se aplicaram a professores e funcionários administrativos que, em home office, trabalham para garantir a continuidade do ensino.

O processo se deu por meio de um “acordo coletivo” com o sindicato (Seacc), sem nenhum diálogo ou aviso prévio aos trabalhadores. Não basta somente apelar à coragem e à determinação desses trabalhadores, que eles têm, para combater a COVID-19. Assim como todo trabalhador eles precisam boas condições de vida para seguir na linha de frente, pois também têm famílias para sustentar. Se existia tremenda sobrecarga de serviço, que não é respondida por uma simples redução de jornada sem estar acompanhada de mais contratações, agora os funcionários que colocam seus corpos no combate à COVID-19 estão tendo perdas na condição de vida.

Ao contrário de cortar jornadas e salários, a Unicamp deveria contratar mais profissionais para repartir as horas de trabalho entre os empregados e desempregados sem redução de salário.

Nesse momento, os cortes 72 milhões de gastos da Unicamp votados no CONSU se revelam como um tremendo tiro no pé. A reitoria disse que não afetaria o setor da saúde, mas agora vemos o contrário. Sempre que a reitoria e a direção da Funcamp dizem que a fundação e a universidade são instituições separas e autônomas, lembremos que 1) a direção da Funcamp é composta apenas por professores da Unicamp e com fortes vínculos com a mesma (muitos deles ou são ou já tiveram cargos de direção e coordenação de institutos), 2) é a reitoria que redige os contratos de prestação de serviço, assim é ela que também delibera sobre quais condições de trabalho via Funcamp.

A reitoria da Unicamp, por meio da Funcamp, tem construído um tremenda precarização do trabalho na universidade, que levaram a episódios como a luta contra as 330 demissões de trabalhadores da nutrição e a demissão política de um trabalhador terceirizado, por falar a verdade na Assembleia universitária de 2019: a reitoria e a Funcamp não se importam com a vida dos trabalhadores da universidade, muito menos com os terceirizados que Knobel nem reconhece como trabalhadores da Unicamp apesar de prestarem serviços todos os dias à instituição. Antes, iam mandar 330, maioria de mulheres negras, para rua em plena crise econômica, agora, atacam os trabalhadores da linha frente do HC.

Com isso, vemos que existe mais que nunca uma necessidade de os trabalhadores tomar em suas mãos o sindicato para poder lutar por condições de trabalho dignas nessa pandemia, assim como também seguir o exemplo dos trabalhadores da HU da USP que têm realizado atos e criaram um comitê de trabalhadores de todos os setores do hospital que busca organizar a luta dos trabalhadores do hospital sem separar terceirizados de concursados, unificando faxineiras, copeiras, médicos e enfermeiros, pois todos estes estão na mesma trincheira.

Assim, é possível que os trabalhadores, que com certeza são os que melhor sabem como combater o vírus de forma consequente e segura, exijam mais EPIs e testes massivos aos trabalhadores efetivos e terceirizados, contratação de mais funcionários sem redução salarial para que haja menos sobrecarga e se mobilizem também para que os grupos de risco sejam liberados, pois mesmo com casos já confirmados, a reitoria e a Funcamp, que se pintam de democráticos ao afirmar oposição a Bolsonaro, ainda não realizaram.

 
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