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ATOS DE DOMINGO
"Vamos nas manifestações de domingo contra o racismo e por uma nova Constituinte contra Bolsonaro", diz Marcello Pablito
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.
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O cenário está mudando. Os domingos não expressam mais somente alguns bolsonaristas nas ruas pedindo fechamento do Congresso e novo AI-5. Como o último domingo demonstrou, ainda em pequena escala, os próximos poderão ser também espaços para que a esquerda, os trabalhadores e a juventude entrem em cena.

As disputas nas alturas entre a extrema direita e a direita vão ter de se relocalizar se as massas decidem entrar em cena para fazer oposição de fato às políticas de Bolsonaro e dos militares. E terão que se preparar, pois os ventos da fúria negra que eclodiu nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd já começam a chegar no Brasil e em outros países, possibilitando a transformação do espírito de passividade e ceticismo que paira.

A história também tem suas leis, e era de se esperar que o enorme número de mortos pela COVID-19, o alto índice de desemprego, os diversos ataques de retiradas de direitos, rebaixamento salarial etc. poderiam trazer um novo cenário convulsivo da luta de classes. Isso ainda não se deu, mas os sinais chegam e é hora de nos colocarmos totalmente à disposição para fazer eclodir a luta. A entrada das massas em cena pode alterar o curso dos acontecimentos que, até o momento, levava a ainda mais crises e degradação das condições de vida dos trabalhadores.

Além de serem os negros os mais afetados pelo desemprego e trabalhos precários, são os que mais sofrem com o aumento da repressão policial, que consegue superar seus próprios recordes de assassinatos neste ano de 2020, como viemos denunciando pelo Esquerda Diário. O aumento do autoritarismo e da repressão já é uma marca desde o início da pandemia. Os negros e as favelas estão no centro dessa brutalidade.

Isso tudo mostra que a crise que impera no Brasil é muito mais que uma crise envolvendo o governo de Bolsonaro. A cada dia, fica mais claro que o regime apodrece e a burguesia não consegue tentar impor uma saída sem que isso gere outras novas crises. Não há soluções que possam ser exitosas gestadas dentro dos gabinetes dos capitalistas, dos militares e de nenhum setor do degradado regime, nem mesmo os que aparentam ser “mais moderados”. Trata-se de uma crise de degradação histórica que exige saídas históricas.

É por isso que a luta em defesa da vida dos negros, que estão na linha de frente dos ataques, não se separa da batalha para destruir os agentes dessas políticas que nos trazem até aqui. Não podemos separá-la da necessidade de derrubar Bolsonaro e Mourão. Mas é preciso ir além e demonstrar que qualquer saída que esteja por fora de questionar este regime de conjunto é insuficiente e incapaz de resolver os problemas que estão colocados. Ao contrário de resolver nossos problemas ou se ser “favorável” aos nossos interesses, adotar a política de impeachment de Bolsonaro significaria colocar Mourão em seu lugar, dando ainda mais peso e protagonismo aos militares.

O que se impõe em primeiro plano agora é a necessidade de construir manifestações antifascistas e antirracistas neste domingo, que levante o programa de Fora Bolsonaro e Fora Mourão e que avance para defender um programa independente, sem depositar um milímetro de confiança em atores até ontem golpistas como STF, Maia, Rede Globo e tantos outros que tentam se colocar como “aliados” na luta contra Bolsonaro. Não podemos cair nessa.

Marcelo Pablito, dirigente do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e fundador do Quilombo Vermelho comentou a respeito da importância dos atos para o Esquerda Diário:

“O brutal assassinato de George Floyd e o genocídio sistemático da população negra no Brasil expõe uma das faces mais nefastas do capitalismo, o racismo construído e alimentado por esses sistema. A fúria negra que suprimiu a pandemia nos EUA vem tomando força também no Brasil na expressão dos atos antifascistas e antirracistas que tomaram o país no último domingo. Mais do que nunca é urgente uma estratégia revolucionária para derrotar Bolsonaro e Mourão. Sendo assim atuaremos com força nas manifestações antifascistas e antirracistas convocadas para o próximo domingo, dia 07, levantando a bandeira de que as vidas negras importam: basta de morrer pelas balas da polícia, pela COVID-19 e pela sede de lucro dos capitalistas, e também para fortalecer uma estratégia da classe trabalhadora para derrotar Bolsonaro, Mourão e os militares, sem fortalecer o autoritarismo do STF e de outros poderes sem voto. Dito isso não adianta apenas mudar os jogadores com novas eleições e sim através da auto-organização mudar as regras do jogo, lutando por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana e levantando essas bandeiras em cada local de trabalho e estudo. Participando das manifestações seguindo todas as medidas de segurança contra o coronavírus e estimulando atos cada vez mais massivos pois é essa a única forma para defender as vidas negras e lutar contra os ataques a nossa classe aplicados em prol dos lucros capitalistas.”

As vidas negras importam! Mas importam somente aos trabalhadores, e só com a auto-organização da nossa classe em torno de um programa independente é que podemos defendê-las.

 
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