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PORTO ALEGRE
A “boiada” de Marchezan: plataforma digital para o EAD nas escolas municipais
Redação Rio Grande do Sul

Na manhã dessa terça-feira (02), o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Jr. anunciou em seu twitter o lançamento da plataforma digital que servirá para a implementação do EAD no ensino fundamental das escolas municipais. Logo após a declaração criminosa de Ricardo Salles, a vez de deixar a boiada passar é de Marchezan, aproveitando a pandemia para avançar na precarização da educação pública na capital.

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O prefeito descaradamente diz que esta “é uma plataforma rica em oportunidades”. Perguntamos: oportunidade para quem? Para os milhares de estudantes que não terão acesso aos conteúdos por não possuírem acesso a internet e aparelhos adequados em casa? Para os pais que precisam trabalhar se expondo ao vírus todos os dias e ainda precisarão criar tempo para acompanhar os filhos pequenos nas atividades escolares? Para os professores que terão que transformar da noite para o dia a aprendizagem presencial em ensino remoto?

Claro que não. A oportunidade referida por Marchezan é destinada aos empresários da educação, que veem no EAD um mercado muito lucrativo. Essa plataforma digital, por exemplo, é incentivada pelo empresário milionário Jorge Gerdau Johannpeter. Estaria ele preocupado com o ensino dos estudantes da cidade? Se estivesse, não financiaria a implementação de um projeto que fragiliza e piora a aprendizagem pedagógica. Essa é apenas mais uma grande oportunidade de parceria público-privada rumo à privatização da já sucateada educação municipal. Quando Jorge Gerdau afirma que “esta é uma ferramenta que pode modificar a educação” ele está se referindo à escola pública como formadora de mão de obra barata, diminuindo a qualificação dos futuros trabalhadores e aumentando o lucro do patrão.

O EAD por si só já é uma insanidade pedagógica, quando falamos então nos estudantes do ensino fundamental a situação se agrava. Para o desenvolvimento do aprendizado ser eficiente principalmente nos anos iniciais é essencial a presença do professor com o aluno em sala de aula. O EAD, além de inviabilizar o contato entre professor-estudante, precariza a mão de obra do professor abrindo espaço para profissionais com menor qualificação para fazer trabalho redobrado, acarretando em demissões. Isso tudo sem contar o fato de que o EAD é uma forma conteudista de educação que visa apenas cumprir o calendário letivo, sem se preocupar com o ensino das crianças e jovens. Veja o relato de uma professora da rede municipal de Viamão:

“Bom, aqui em Viamão a SME está impondo um "EAD" com ZERO% de treinamento, organização e auxílio tecnológico para professores e alunos. Isso significa 100% de responsabilidade dos professores em "fazer acontecer" as aulas a distância. Destaca-se o nível de desgaste dos professores, já que a "metodologia" de EAD é mais precária, com aulas sendo distribuídas aos alunos por meio de WhatsApp. Os trabalhadores se viram na obrigação de fornecer seus números particulares ou então, buscar outra alternativa, como por exemplo, baixar outro aplicativo de WhatsApp de modalidade "business". Além de invasivo, a privacidade em horários fora do cronograma de aulas não são respeitados, um absurdo!”

Além disso, o ensino à distância é um projeto antigo dos empresários para aumentar seus lucros às custas de uma educação mais precária. Tivemos que ver Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil e investidor do mercado privado na educação superior, afirmando que enxerga a pandemia como uma oportunidade. Não é de se espantar que esses tubarões do ensino se aproveitariam do distanciamento social para avançar sobre a educação pública, já que nossas vidas nunca foram prioridade na lógica desses privatistas. E muito menos espantoso é o apoio dado pelos governantes. Nacionalmente, Bolsonaro e Weintraub demonstram isso no avanço do EAD nas universidades federais, e aqui no RS vemos Eduardo Leite e agora Marchezan avançando com o EAD nas escolas públicas e municipais. Afinal, para eles, educação é custo e não um direito - e o EAD tende a custar menos ao estado.

Enquanto o número de infectados por coronavírus aumenta a passos largos no estado, principalmente após a reabertura econômica de Leite, Marchezan deseja deixar um “legado” de uma educação ainda mais precária. Contrariamente à afirmação do prefeito, não há “novo mundo” que tenha chegado mais rápido, o que estamos vivenciando é o aprofundamento da desigualdade social criada e alimentada pelo capitalismo. Nada de novo há nas demissões e no aumento do trabalho precário para aqueles que por décadas são explorados. Esse com certeza não é o novo mundo que queremos.

Por isso, é preciso que lutemos contra a imposição do EAD desde a educação básica até o ensino superior. A prefeitura e os governantes deveriam estar preocupados com a valorização dos profissionais da educação. Precisamos nos organizar entre estudantes e trabalhadores para impor o nosso projeto de educação, uma educação que seja verdadeiramente emancipadora e que em nada tem a ver com EAD. Para isso, precisamos lutar por Fora Bolsonaro e Mourão, sem confiar no congresso anti-trabalhador e muito menos no STF golpista. Aqui no sul não nos enganemos: Eduardo Leite e Marchezan estão levando na prática a mesma política genocida de Bolsonaro, primeiro pela reabertura econômica e agora com a imposição do EAD. Confiemos apenas nas nossas forças, tomando as mobilizações antirracistas e contra o governo Trump nos EUA como inspiração.

 
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