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DOSSIÊ 28 DE MAIO
Nos queremos vivas: A saúde da mulher lésbica em tempos de pandemia
Cássia Silva
Taciana Garcia

Neste Dia Mundial da Saúde da Mulher e do Combate à Mortalidade Materna, queremos também debater a situação de vulnerabilidade e a saúde da mulher lésbica, nos marcos da subnotificação, violência e miséria sexual que se aprofundam em tempos de pandemia do coronavírus, crise capitalista e escalada autoritária da crise política no país.

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Em tempos de pandemia da Covid-19 e crise econômica capitalista, aprofunda-se a situação de violência e vulnerabilidade social das pessoas LGBT no Brasil. Dos 10 mil entrevistados do estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre o impacto da pandemia na população LGBT, divulgado no dia 17 de Maio (Dia Internacional de Combate à LGBTfobia), 21,6% se encontram desempregados.

As porcentagens desse estudo que apontam o receio dos entrevistados de sofrer algum tipo de transtorno mental também são alarmantes. 34% dos gays, 47% de bissexuais e pansexuais, 42% de transexuais, e 44% das lésbicas disseram que têm medo de ter a saúde mental afetada durante a pandemia.

E a situação das lésbicas no país também se encontra dentro do quadro das mulheres de violência doméstica. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), divulgou que o aumento de denúncias de violência doméstica é de 18% desde o início da pandemia.

O Brasil é o país que já possuía uma das maiores taxas de violência de gênero e LGBTfóbica, tendo como seu representante o imbecil presidente da República Jair Bolsonaro e sua ministra Damares (infeliz que disse que meninas são estupradas porque não usam calcinha e que destila transfobia e lesbofobia ao dizer que “meninos usam azul e meninas usam rosa”). Sobre a violência doméstica, Bolsonaro declarou: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Como é que acaba com isso? Tem que trabalhar, meu Deus do céu. É crime trabalhar?”, expressando negacionismo e desprezo asqueroso pela vida das mulheres brasileiras.

Bolsonaro é a aceleração do machismo e da LGBTfobia que serve ao capitalismo. É possível verificar isso, inclusive, na discussão entre o Ministério da Saúde e o STF se gays poderiam ou não doar sangue, mesmo com um grande número de hemocentros pelo país relatar estoques baixos devido à pandemia de coronavírus.

Os casos de violência contra mulheres lésbicas anteriores à pandemia no país já eram absurdos. No Dossiê sobre Lesbocídio elaborado pelo Grupo de Pesquisa Lesbocídio e comentado pelo portal Agência Brasil já podia ser visto que, no periodo entre 2000 e 2017 foram registrados 180 homicídios de lésbicas. Só entre 2014 e 2017 foram 126 casos, registrados no interior do estado de São Paulo. Isso porque grande parte da violência vivida por mulheres lésbicas não é notificada. 34% das mortes registradas foram de jovens entre 20 e 24 anos. 23% foram de até 19 anos. Aí são incluídos os dolorosos casos de suicídios, mas também de assassinatos causados por pessoas com vínculos familiares e/ou afetivos.

Por isso, também consideramos importante acabar com o tabu que existe sobre a discussão do desenvolvimento sexual de mulheres que transam com mulheres. Em geral, sejam elas pessoas cisgêneras ou transgêneras. Ainda mais em tempos em que Bolsonaro e Damares propõem que a juventude pratique a abstinência sexual, em tempos que a pandemia impõe a miséria sexual sobre nossos corpos. O projeto que a extrema-direita quer, nitidamente, como pudemos ver esses anos com os encaminhamentos nas Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas de todo o país, é o Brasil do Escola Sem Partido, contra a Educação Sexual nas escolas, dizendo que existe uma suposta “Ideologia de Gênero”.

O capitalismo transforma desenfreadamente a sexualidade em mercadoria (como podemos ver até mesmo no mercado do chamado “pinkmoney”) já há décadas com o peso da influência moral e religiosa da virgindade, castidade e casamento compulsório, como vemos com o avanço das igrejas evangélicas, tráfico de mulheres.

A verdade é que mulheres lésbicas são expostas, justamente pela falta de educação sexual nas escolas, ao câncer de colo de útero, porque as medidas de prevenção que podem ser tomadas não são faladas, não são sabidas. Não se informa sobre as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que o contato com sangue ou secreções mucosa-mucosa, pele-mucosa podem sim passar doenças adiante. Diversos sites, canais no YouTube (infelizmente a maioria em inglês), de mulheres lésbicas comuns, de mulheres lésbicas especialistas, difundem informações de que o dispositivo de barreira (dental dam) utilizado por dentistas pode servir para a prevenção (que deveria ser vendido em farmácias!), da importância de ter cuidados com as mãos.

Mas a verdade é que lésbicas estão morrendo, seja por violência, seja por serem afetadas pela falta de educação sexual nas escolas. De qualquer modo, o responsável é o Estado capitalista, que tem hoje representantes da corja misógina, machista e LGTBfóbica, que não garante nem medidas emergenciais mínimas para o combate à pandemia, a violência acelerada pela pandemia. O PT tampouco colocava o combate à violência como prioridade em seus governos, mas sim se aliou à bancada evangélica, hoje representante da base bolsonarista. Barrou o Kit anti homofobia, não criminalizou a homofobia.

Por isso, um plano de medidas emergenciais, como assegurar habitações, abrigos temporários e casas de acolhimento estatal, custeadas pelos impostos das grandes empresas e fortunas do país para garantir integridade física, psicológicas e/ou sexual é urgente. Subsídio que permita sair do cerco econômico de vínculo familiar e/ou afetivo no qual implica uma relação de poder, além de licenças trabalhistas imediatas devem estar no horizonte do combate à violência. Precisamos de educação sexual, para ajudar professores e alunos a entender e aceitar a diversidade sexual!

E para responder à pandemia, às mulheres lésbicas que também fazem parte das trabalhadoras da saúde que estão na linha de frente do combate, EPIs para todas, novas contratações para sanar as extenuantes jornadas de trabalho. É necessária a centralização já do sistemas de saúde público e privado, com o financiamento do não pagamento da dívida pública e taxação de grandes fortunas. Para decidir os rumos do país contra essa corja que só faz aumentar nossas mortes, é necessário que as mulheres lésbicas sejam parte da linha de frente da conformação de um polo de esquerda e trabalhadores pelo Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, sem ter nenhuma confiança no Congresso, STF e governadores que rifam nossas vidas, que seja discutida a imposição de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.

 
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