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REUNIÃO MINISTERIAL
Braga Netto convocou reunião ministerial, escancarando comando militar sobre o governo Bolsonaro
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

No vídeo vazado da reunião ministerial de Bolsonaro, chama atenção o protagonismo do generalato militar sobre o governo Bolsonaro. O General Braga Netto, no posto de Ministro da Casa Civil, que assumiu durante a pandemia, abriu a reunião dizendo que ele a convocou junto ao presidente, e depois assumiu o comando de toda a discussão, com interferências e respostas agressivas aos demais ministros.

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No vídeo vazado da reunião ministerial de Bolsonaro, chama atenção o protagonismo do generalato militar sobre o governo Bolsonaro. O General Braga Netto, no posto de Ministro da Casa Civil, que assumiu durante a pandemia, abriu a reunião dizendo que ele a convocou junto ao presidente, e depois assumiu o comando de toda a discussão, com interferências e respostas agressivas aos demais ministros.

Braga Netto: “Senhores, bom dia. É .. . é ... essa reunião é por solicitação minha ao Presidente da República, porque ... é ... nós iríamos apresentar isso à imprensa que não foi apresentado e começaram uma série de especulações sobre esse plano de retomada. Então eu solicitei ao presidente uma reunião com os ministros, porque o plano não vai ter efeito se todos os senhores não nos ajudarem, cada um na sua área, é claro. Tá? Na hora que nós precisarmos das pessoas para a ... a coordenação do plano, os minis .... o ministério que não colocar uma pessoa realmente que seja envolvida e tenha capacidade pra poder .. . é ... coordenar e executar ... Ele e Bolsonaro convocaram a reunião”

Abriu a reunião apresentando o seu plano “Pro-Brasil”. Expressou como um plano de desenvolvimento de infraestrutura de transporte, logística, desenvolvimento regional e cidades, energia e mineração, telecomunicações. Negou que se tratava de um projeto investimento público, mas com base em parcerias com o privado, privatizações, e a atuação do governo na garantia da segurança jurídica, com foco na indústria, agronegócios, serviços e turismo.

Braga Netto: "O programa se divide em dois, em duas etapas, ou duas partes. O Pró-Brasil, é .... deixa eu até ver aqui que eu não to conseguindo enxergar ali ... ordem, e o Pró-Brasil Progresso, tá? O Pró-Brasil Ordem, que você não imprimiu pra mim e eu agradeço. A não, botou na página errada. Ele pega uma arcabouço normativo, ele trata - essas são as medidas estruturantes dele. Que vai ter que ter um arcabouço normativo, investimentos privados, segurança jurídica, produtivi ... é, jurídica e produtividade, melhoria no ambiente de negócios, e mitigação dos impactos socioeconômicos. Na parte de investimento ele foca em obras públicas, parcerias do setor privado. É ... ele ... ele ... esse programa também ele tem
um foco ... [...] Na infraestrutura, com foco particularmente nessas obras que estão paralisadas. Esses investimentos que nós estamos perdendo que estão paralisados. Ele pega infraestrutura de transporte e logística, desenvolvimento regional e cidades, pega energia e mineração, telecomunicações. Num desenvolvimento produtivo, ele foca na indústria, agronegócios, serviços e turismo."

Quanto à pandemia, revelou que definia junto ao ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, o processo do fim do isolamento social no país, preocupado com os interesses dos “investidores” e dos setores do comércio e da indústria no país.

Nelson Teich: Alô. Bom, eu tô chegando aqui então é importante que eu .. . que eu coloque pra vocês como é que a gente vai trabalhar, né? É... a saúde ela é fundamental, porque enquanto a gente não mostrar pra a sociedade que a gente tem o controle da doença, da saída dela, qualquer tentativa econômica vai ser ruim, porque o medo vai impedir que você trate a economia como uma prioridade. Então controlar a doença hoje é fundamental.

Nelson Teich: E controlar a doença não significa que a gente vai curar a doença em uma semana, mas que a gente não é um barco a deriva e que a gente tem uma estratégia pra trabalhar essa a doença, né? Então são três coisas que a gente vai trabalhar. Primeiro a informação, pra entender o que que é a doença, qual é a evolução dela, como é que tá infraestrutura pra cuidar da doença, porque u .. . u ... u ... um dos grandes problemas que a gente tem hoje, se a gente olhar o Brasil hoje, ele é um dos melhores países em número em relação a mortalidade. O que assusta é você ver que o hospital não consegue atender, é gente do frigorífico, é gente que tá abrindo cova em algum lugar pra enterrar, e isso traz medo. E o medo impede que qualquer outra atividade tenha sucesso. Porque enquanto isso não for sanado, o restante vai ter muito pouca chance de ser comprado pela sociedade. A segunda coisa é estruturar a operação de cuidado. Então a gente vai investir em logística, vai investir na parte de compra e tentar melhorar o processo.

Braga Netto: Por quê? Porque se eu tiver os hospitais funcionando, eu vou ter os pacientes tratados, eu não tenho a sensação da crise, o medo melhora e o restante pode entrar. E a terceira coisa é a gente deixar claro um programa de sa ída do isolamento, do distanciamento. Não é que vá sair amanhã, mas a gente tem que ter um planejamento. Porque aí a gente realmente mostra que a ... a situação tá na nossa mão. Pode ser que demore um pouco, mas a gente tá controlando esse processo, que a gente não tá sendo um barco a deriva. Então, basicamente eu queria fa ... falar para você essa que é a forma como a gente vai tratar e vou ... a gente vai tá interagindo com todos os ministérios que forem necessários para que isso aconteça da forma mais rápida possível, basicamente é isso e prazer tá aqui com vocês.

Essa iniciativa de “coordenação” mostra que o Pró-Brasil é mais que um plano econômico, mas um projeto de coordenação do conjunto das ações dos ministérios governo sob protagonismo dele, general Braga Netto. O comando da reunião por parte de Braga Netto é expressão do protagonismo e cumplicidade dos militares na direção da política genocida, de ataques aos salários, desemprego e miséria para a população que Bolsonaro vem conduzindo a pandemia.

Essa postura de “arrumação da casa” tem o objetivo de centralizar cada vez mais nas mãos dos militares as decisões do poder Executivo, incrementando as tendências autoritárias que a caserna vem assumindo nos rumos do regime pós-golpe. Se colocam como agentes da unificação nacional, buscando estabilizar as crises do governo com o Congresso, os governadores, em torno de um projeto de ataques aos trabalhadores e ao povo pobre.

Um protagonismo que tem um sentido preparatório também frente à possíveis explosões sociais frente a devastação nas condições de vida da população em curso como resposta à crise e a pandemia. Por isso, todos aqueles que rechaçam Bolsonaro e sua gestão da pandemia não podem confiar que o impeachment, pois daria o poder a Mourão e fortaleceria ainda mais esse protagonismo que os militares vêm assumindo.

A bandeira do Fora Bolsonaro, Mourão e os militares é fundamental para batalhar por uma política independente dos trabalhadores, que avance não só contra o governo Bolsonaro, mas contra todo esse regime pós-golpe, sem nenhuma confiança no STF, no Congresso e nos governadores.

 
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